Lava-jato podia ter começado em 1992?
Parece que o passado acabou, mas o passado, de alguma forma, não acaba na política brasileira. Pelo menos neste ano de 2015, que está se encerrando, parece que o passado se prolonga no presente, pois há uma repetição do que aconteceu em 1992 e 1993 e reencena a História do Brasil. Sensação de "déjà vu". Uma goma de mascar que, às vezes, nos faz morder a própria língua. Basta pensar que alguns dos oposicionistas de então, passando à situação, aprenderam que há uma diferença entre a pedra e o teto de vidro.
Temos de novo a figura do "impeachment"; temos a operação lava-jato desnudando em nível nunca visto a relação entre as empreiteiras e o governo; temos o aparecimento de novas figuras no cenário político, muito embora sem novidades no plano ético; e o reaparecimento de figuras daquela época com papéis trocados, os oposicionistas de então, hoje na situação, como o partido do governo, o PT.
As frases abaixo foram ditas em 1992 e 1993, em plena crise e logo em seguida ao impeachment de Collor. Caem como luva ao nosso tempo, bastaria trocar o emissor. São parte do livro "É DANDO QUE SE RECEBE ... e mais 1499 frases tiradas da boca da História – 1964 a 1994", de autoria de Carlos Eduardo Novaes, Editora Ática, 1994.
EMPREITEIRAS:
"Todo mundo minimamente informado sabe que esse canalha é ligado às empreiteiras."
(Lula, sobre Eliseu Resende, ministro da Fazenda, já em 1993)
"O planejamento governamental não é feito pelo governo, e sim pelas empreiteiras."
(Adib Jatene, Ministro da Saúde)
"Ligaram para mim dizendo que tinha um presentinho, quando fui ver era um jet-ski."
(Ricardo Fiúza, ministro da Ação Social, falando sobre o que recebeu da OAS, a mesma da Lava-jato de hoje)
As empreiteiras comandam o orçamento público
(Senador Amir Lando, PMDB/RO, relator da CPI do PC)
IMPEACHMENT
Se o Congresso não tirar/ o pau vai quebrar
(Bordão entoado em manifestações de rua, pedindo o impeachment de Collor)
Vou governar até o último dia
(Collor)
Acabar, o governo acabou.
(Ulisses Guimarães, setembro de 1992)
CORRUPÇÃO
"Ninguém pode atirar a primeira pedra: somos todos corruptos."
(Mário Amato, presidente da FIESP, justificando a sonegação)
Há indícios de um assalto planejado aos recursos do povo.
(Senador Eduardo Suplicy)