Impeachment : a falta de "tato político" dela é que dificulta apoios à presidente...
O PMDB é reconhecidamente um partido que (pelo
menos boa parte dele) se alimenta de fisiologismo : tendo ministérios
em quantidade suficiente para acomodar seus correligionários, isso parece lhe bastar. Ou seja : ele quer TER poder, embora não neces-
sariamente SER o poder.
Apesar disso, nele há nomes de políticos de serie-
dade incontestável, como é o caso do vice-presidente, Michel Temer,
sobre o qual não pesa qualquer tipo de acusação de envolvimento nes-
se nebuloso processo da Lava-Jato, e que seriam capazes de encabe-
çar uma chapa presidencial.
Ele, Temer, no fundo, no fundo, embora comedido, como todo e qualquer político, aspira a chegar um dia à presidência da república.
Na situação atual (impeachment rondando a presi-
dente) isso só seria possível se motivos houvesse, da parte do PT / da presidente Dilma, que justificassem a necessidade de distanciamento /
desvinculação PMDB-PT e ele, Temer, se juntasse aos partidos de oposição (DEM, PSDB, etc). Aí, o PT - que é o maior partido do Con-
gresso - teria todas as condições para "chegar lá".
E foi exatamente isso que a presidente, por im-
prudência ou falta de uma boa assessoria, acabou de provocar :
O (agora, ex-) ministro Eliseu Padilha, da Avia-
ção, é como "carne e unha" com o Temer. Há poucos dias, esse mi-
nistro fez a indicação de (salvo engano) 3 nomes para cargos dentro
de sua pasta.
E qual foi a estripulia da presidente ?
Só para demonstrar que detém o poder, desau-
torizou a efetivação das 3 indicações feitas pelo Eliseu Padilha, o que,
obviamente, gerou a revolta desse ministro e subsequente pedido de exoneração.
Até mesmo nesse pedido de exoneração o minis-
tro foi submetido a constrangimento :
- Não foi atendido em seu pedido de audiência com a presidente;
- Foi encaminhado para atendimento pelo ministro da Casa Civil,
Jaques Wagner que, por sua vez, também colocou dificuldade para
atender, em audiência, o Eliseu Padilha.
Como não poderia deixar de ser, com tais se-
guidos gestos de imprudência do PT, foram criadas as condições
para afastamento / gradual desvinculação do PMDB das hostes
dos partidos coligados que deveriam lutar contra o pedido de im-
peachment.
Depois do incêndio provocado, como se nada de
anormal tivesse acontecido, a presidente vem, via mídia, declarar que espera continuar contando com o Eliseu Padilha no Governo e com (agora, totalmente distante) a manifestação de apoio do Michel Temer nesse processo de impeachment.
Faltam à presidente assessores "com a cabeça
no lugar" capazes de aconselhamento a ela e a ela a humildade de
aceitar e cumprir o que, para o seu sucesso, lhe é aconselhado. Mas, aí que mora o problema : ela é teimosa.
Aí, fica difícil...