O Processo de Impeachment e o Espírito de 2013
Milton Pires
O pedido de impeachment feito pelo jurista Hélio Bicudo foi aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados na quarta-feira, dia 2 de dezembro. Hoje é dia 4 e conto, portanto, com o intervalo de 48 horas para iniciar esta breve análise política.
Digo, inicialmente, ser necessário um rápido comentário sobre as reações e interpretações que o PT e toda imprensa brasileira esquerdista tentaram dar ao fato em si. Disseram tratar-se de “vingança”, mencionaram “chantagem”, “revanche” e o líder máximo do Partido-Religião chegou a falar em “loucura” de Eduardo Cunha.
Nada disso interessa aqui. Apenas uma destas desculpas esfarrapadas merece resposta: aquela que diz que o processo de impeachment “não partiu da sociedade” mas é um “ato isolado de Cunha que retaliou a perda de apoio de deputados petistas no seu processo de cassação”.
Esta barbaridade, este verdadeiro absurdo em termos de falsidade e hipocrisia, representa uma cusparada na cara de milhões de brasileiros que estiveram nas ruas em março, abril e agosto de 2015 pedindo a saída da ex-assaltante de cofres e terrorista Dilma Rousseff.
Continuo estas linhas alertando para o contra-ataque petista que agora começa a mobilizar estudantes em São Paulo e Brasília para criar nas ruas o mesmo tipo de caos que o país viu acontecer em 2013. Organizações controladas e aparelhadas pelo PT como a CNBB e a Ordem dos Advogados do Brasil somam-se à União Nacional dos Estudantes ao proferir mentiras sobre a legalidade e as razões do processo contra a presidente.
Tudo será feito no sentido de atrair atenção para demandas que estão na agenda do partido naqueles estados em que ele mesmo, partido, não é governo.
Mais do que chamar a atenção para reação do PT, faz-se necessário agora uma mudança tática de todos os grupos que lutam pela saída de Dilma. Ao contrário de março, abril e agosto, as manifestações agora tem uma pauta muito bem definida – apoio ao processo de impeachment instaurado na Câmara.
Não faz mais sentido algum, neste momento, falar em Intervenção Militar nem lembrar que “saindo um grupo criminoso do PT; entra outro do PMDB”. Não é o momento de escrever nem mencionar este tipo de coisa.
Taticamente é erro grave não sair às ruas ou argumentar que será derrubada a esquerda “revolucionária” e colocada no poder a “fabiana” - isso agora NÃO interessa e o Foro de São Paulo vai sentir o golpe, sim !
Todos nós temos, neste momento, a obrigação de voltar às ruas exigindo o andamento e a conclusão do processo capaz de derrubar o governo mais corrupto, mais vil e criminoso que a Nação já teve. Prepara-se, esta mesma organização de marginais do poder, para lançar sobre nós uma verdadeira horda de bandidos disfarçados de “estudantes”, “trabalhadores” e “integrantes de movimentos sociais”.
Inicialmente eles vão ter uma “pauta própria” como fizeram com a questão dos “vinte centavos” em 2013, mas à medida que se concretizar o risco de saída de Dilma, ficará mais claro ao que vieram.
Não acredito em renúncia de Dilma nem na sua “aceitação pacífica” do andamento e da conclusão do processo que pretende derrubá-la. Mais tarde será necessário, novamente, considerar o papel das Forças Armadas.
Estejam preparados, cidadãos, para a maior de todas as batalhas.
Porto Alegre, 4 de dezembro de 2015.