E A HERANÇA DESSE TSUNAMI

Em entrevista a “BBC Brasil”, o ex-senador petista Eduardo Suplicy referindo-se aos escândalos de corrupção que envolve o partido, disse: “Um tsunami varreu o Partido dos Trabalhadores nos últimos meses”. O certo seria dizer na última década.

O próprio Suplicy foi vítima desse tsunami. Mesmo sendo um dos poucos petistas que merecem alguns centavos de credibilidade, não conseguiu reeleger-se senador por São Paulo. Só que o “desemprego” durou pouquíssimo. Hoje ele é um dos secretários da prefeitura paulista.

Na entrevista Eduardo Suplicy se revelou um bom comediante. Ao dizer que prefere continuar no Partido dos Trabalhadores, lembrou uma frase do ex-presidente Lula: “Parece que Deus é brasileiro, ajudou a Petrobras a encontrar essa extraordinária reserva petrolífera que vai nos permitir em breve erradicar a pobreza e melhorar a educação”.

Uau! Parece que essa extraordinária descoberta permitiu que se fizesse coisa muito diferente com a Petrobras. E convenhamos se Deus de fato fosse brasileiro, Ele não deixaria muita dessa gente que fala bobagens governar o Brasil por tanto tempo.

O ex-senador tem motivos para se preocupar com o tsunami. O que seu partido vem promovendo no Brasil já ultrapassou os limites da corrupção. À medida que os fatos vão se sucedendo, ficam claros atos de crime organizado usando o dinheiro público.

Bom seria Eduardo Suplicy não olhar apenas para a ventania sobre o seu partido. Esse tsunami certamente deixará heranças trágicas para o Brasil. No curto e também em longo prazo.

Vivemos uma temporada de total desgoverno. Todos os poderes da república de alguma forma estão contaminados. Olhando para Dilma Rousseff, Michel Temer, Renan Calheiros, Eduardo Cunha, e depois para a oposição não existe luz nenhuma no fim do túnel. O perigo é o tsunami ser abocanhado por um furacão.

Rapidamente essa crise de credibilidade política desviou uma parte do tsunami para a economia. Como mágica má de uma feiticeira nariguda, a festa do crédito fácil acabou deixando rastros de pedaladas e rombos. A educação, a saúde e o social estão falidos.

A estagnação econômica brasileira permanece inalterada há anos. Nosso parque industrial sofre um sucateamento quase irreversível. Os pequenos lampejos foram com o uso de crédito que resultou apenas em mais endividamento.

O pior dessa herança é nunca aprender com os próprios erros. Que futuro nossos governantes estão deixando para o Brasil? O que não isenta de culpa os brasileiros. Somos nós que os elegemos, sem se preocupar em olhar para o amanhã.