A POLÍTICA E OS FANÁTICOS
 
Durval Carvalhal



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     MODERNAMENTE, pode-se definir política como a arte de governar, ou a ciência da governança de um ente público dentro de regras e normas. Em suma, política cuida do funcionamento e da estrutura do Estado e das instituições políticas.
     Foi a Revolução Francesa que pretendeu transcender a ordem política para abrir nova era na história das ideias. Dessa forma, a arte de governar cristalizou-se como ciência das ideias, que podem ser perigosas ou saudáveis, a depender da sua orientação e sua fonte.
     A Antiguidade Clássica concebia a ideologia como um conjunto de pensamentos e opiniões de uma sociedade, o que foi contestado por Marx, em face da divisão entre trabalho manual e o trabalho intelectual, apontando o marxismo como solução.
     Mas o ser humano não é feliz sem liberdade, e como a sociedade é plural, é fundamental ser livre para vivenciar seu “livre arbítrio”; exercitar suas escolhas, da política à religiosidade, o que fragiliza profundamente as ideias marxistas.
     A política é fascinante; reclama a democracia como seu escudo, e é por isso que as pessoas a discutem nos bares, nas redes sociais, em casa, no trabalho, nas escolas. A política dialoga eloquente e despojadamente com a capilaridade.
     Essa discussão avançou perigosamente para o campo da adesão cega, como no esporte e na religião. Assim, as rixas proliferaram, ofuscando o debate inteligente das ideias, o que é ruim para o Brasil, porque se caminha para o mundo do perigoso fanatismo, do “nós contra eles”, tese desenvolvida na Universidade de Bristol, Inglaterra, pelo psicólogo Henri Tajfel.
     São tempos terríveis, de mentalidade única irracional, ou de unanimidade burra, onde se acumula estupidez, em detrimento da inteligência. Presas cegamente a grupos, as pessoas têm suas personalidades enfraquecidas e, ao usar a emoção no lugar razão, tornam-se prisioneiras fáceis de manipuladores.
   Por fim, a devoção extrema forma o fanático, que pouco lê, pouco reflete, adquire uma identidade social, atropela os valores éticos e democráticos, repete o que ouve e é capaz de enxergar uma floresta, mas não as árvores mais próximas.
Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 26/11/2015
Reeditado em 26/11/2015
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