O Islã e o terror II
O Islã e o terror.
Quando ocorreu o atentado ao jornal Charles Hebdo, (em sete de janeiro de 2015 em Paris, agora novamente vilmente atacada), escrevi um artigo com este título acima estampado. A perspectiva que usei para analisar o fato pouco mudou, a não ser na intensidade e extensão da violência praticada, que aumentou.
Dizia então: “Após o inesperado e trágico atentado do dia 7 de janeiro, em Paris, os líderes políticos, religiosos e a intelectualidade do Ocidente têm tratado de alertar que “não se pode confundir o terror com o islamismo”. Correto, é muito importante que se faça esta distinção.
No entanto, também é importante que se tenha presente duas constatações: 1) desde que os atentados terroristas começaram, há mais de uma década, os assassinos que os perpetraram eram muçulmanos; 2) as reações dos mulás, dos responsáveis pelas mesquitas, em todo o mundo, têm sido muito cautelosas e delicadas ao condenar estes atentados canalhas, ao invés de afirmar, com ênfase e com freqüência, que a religião pregada pelo Profeta, explicitada no Corão, é uma religião de paz, de solidariedade e de misericórdia.
Ressalta-se, também, que uma parcela da intelectualidade ocidental, mal formada e mal informada, mais com o propósito de se fazer notada do que de esclarecer, tenta justificar as ações perversas e tresloucadas com as interpretações idiotas de se tratar de reações naturais à milenar opressão cultural e econômica, exercida pelo Ocidente. Aproveitando-se do eficiente estado de espírito que o “politicamente correto” oferece - guarida e justificação – para as teses sócias políticas mais esdrúxulas, criticam os que atacam os terroristas como criadores de um clima de “islamofobia”. O receio de não se apresentar como um observador atualizado e justo, de ser excluído do circulo que expressa um pensamento moderno e preciso, acovarda os comentaristas, os políticos e propicia campo aberto para que o mal progrida sem contestação e oposição mais drástica e eficiente.
O terrorismo é um mal que precisa ser combatido e extirpado. O islamismo é a fonte de onde surgem os agentes do terror. Portanto, cabe ao Islã, pelos seus porta-vozes qualificados, com urgência, se organizar para condenar, com força, freqüência e veemência, o mal que, em seu nome, se propaga pelo mundo. É inaceitável, em face da gravidade dos acontecimentos, condenações leves e eventuais.
O povo não quer, não deve e não pode conviver com o terror, com o medo do vizinho muçulmano, principalmente agora que compatriotas convertidos estão voltando de estágios de treinamento que fizeram junto ao Estado Islâmico na Síria, Iêmen e no Iraque. É preciso acabar com esta ameaça real já, agora, quando não restam duvidas de que a insanidade atingiu patamares insuportáveis para uma convivência democrática e justa. A Civilização Ocidental, com todas as suas imperfeições, não pode continuar na conviver com a incerteza amedrontadora do terrorismo, cada vez mais aperfeiçoado, que pode estar morando, disfarçada e simpaticamente, ao lado das nossas casas.”
Aguardando uma veemente manifestação por parte dos crentes muçulmanos condenando o que aconteceu, acrescento, agora, mais uma reflexão: - o mundo que criamos é, e será por muito tempo, um ambiente violento. Se quisermos sobreviver e manter os valores da civilização ocidental, hoje predominante em todo o planeta, vamos ter de lutar, de combater. Certamente sangue será derramado, pois não há como lidar com terroristas sem aprisioná-los e julgá-los segundo as leis do nosso ambiente cultural, que está sendo violentamente agredido. Se esses bandidos resistirem a prisão devem ser sumariamente eliminados, pois não podemos correr mais riscos de perda de vidas preciosas. Nossos tempos exigem definições e posições políticas claras onde a covardia não tem mais vez, pois o diálogo, que deve ser sempre tentado, tem pouca ou nenhuma chance de prosperar com bandos de celerados ignorantes, que querem matar para atemorizar e impor suas primitivas idéias. Preparemo-nos para a confrontação. A restauração da paz e da segurança, da liberdade num ambiente democrático e justo, pelo que tanto lutamos no passado e começamos hoje apenas a vislumbrar a possibilidade de que esses valores vicejem plenamente no futuro, agora está ameaçado pela barbárie dos terroristas, falsos muçulmanos.
Je suis Charlie, assim finalizava eu meu artigo do mês de fevereiro. Agora acrescento, com emoção, et aussi français.
Eurico Borba, 75, aposentado, escritor, ex professor e ex Vice Reitor da PUC Rio, ex Presidente do IBGE, reside em Ana Rech, Caxias do Sul, RS.