CARDOZO: MINISTRO DA JUSTIÇA OU ADVOGADO DE DEFESA?

A noticia de que o ministro da justiça pediu explicações a seus subordinados na Polícia Federal sobre a entrega de uma intimação a um cidadão após as 23h pode sugerir que uma autoridade do alto escalão está preocupada com os direitos civis dos cidadãos. Porém, quando se trata do filho de um ex-presidente que também é o dono do partido ao qual pertence o ministro, a coisa muda de figura. Não contente em atuar como advogado de defesa da (ainda) presidente do Brasil e incapaz de impedir que a Polícia Federal faça o seu trabalho, o ministro, já bastante pressionado pelo ex-presidente, resolveu mostrar sua “autoridade”. Foi, ao mesmo tempo, uma maneira de tentar intimidar a Polícia Federal e mostrar lealdade ao velho cacique. Uma atitude digna de governos ditatoriais, que não mais deveria ter lugar no País. Em uma nação marcada pela injustiça e impunidade, o ministro não parece preocupado em defender os interesses daqueles que pagam seu salário e suas mordomias. Quando cidadãos de bem são fuzilados ao entrar numa favela por engano, ele nada diz. Quando o crime organizado comanda ações de dentro das cadeias, ele nem se manifesta. Muito menos se preocupa em saber como fuzis e até canhões antiaéreos chegam às mãos dos bandidos. Quando perguntado se era a favor da redução da maioridade penal, ficou em cima do muro. Mas quando se trata de defender seus aliados, ele surge das sombras. Há dois anos, fez questão de vir a público para mostrar um relatório traduzido que citava nominalmente partidos de oposição envolvidos na maracutaia do metrô de São Paulo. Quando foi divulgado que o texto, no original em inglês, não continha o nome de partidos e nem de políticos, disse que eram documentos diferentes (!). Isso mostra que não é suficiente afastar apenas a atual ocupante do Planalto, é necessário também expulsar a camarilha de inúteis e puxa-sacos que orbitam em torno dela. Lula disse que sobreviverá até 2018. É provável que sim. Quanto ao Brasil, já não se pode dizer o mesmo.