FALAR DE QUÊ ?
Tentando responder a mim mesmo, porque tenho falado tanto em política neste espaço, ainda que seja óbvio. Ocorre que é impossível falar de qualquer outro tema neste Brasil, dissociando-o da profunda dificuldade política que atravessamos. O país que conhecemos tem vivido, mais notadamente sob a gestão da Presidente Dilma, um processo de desajuste crescente e desenfreado. O sentimento dos brasileiros em geral, é de surpresa e desânimo, reforçando a prática de esperar pelo governo, comum em nossa cultura.
Como discorrer sobre os imprescindíveis investimentos em infra-estrutura, se eles não existem e sequer são possíveis neste momento? Como falar de alternativas e modelos econômicos, com um executivo paralisado e lutando com unhas e dentes para se conservar no poder?
Fica impossível pensar em planejamento numa nação que não sabe o que pretende para o futuro?
O descrédito da classe política parece não ter limite, palavras como ética e moral, precisarão ser reescritas, de tão banalizadas que já se encontram.
As novidades do momento são as investigações do filho do ex-Presidente Lula e seu então homem forte, além do possível pedido de prisão da justiça portuguesa contra o próprio Lula. O mais incrível é a reação do "líder" que pretendia ser irônico, mas acaba por denunciar a idéia, que ele próprio tem, de que somos todos idiotas.
A sensação de impunidade que reina por aqui, origina tanto a violência urbana que apavora o cidadão comum, como a roubalheira generalizada que domina a classe política. Claro que os péssimos exemplos não estão somente nessas esferas, mas em toda a sociedade. Corrupção por aqui ganhou até apelido carinhoso: "jeitinho brasileiro".
Precisamos ressurgir deste verdadeiro caos como um povo novo. A semente existe e talvez esteja somente sufocada pelos muitos espinhos. Cabe-nos livrarmos-nos deles e das ervas daninhas que proliferam em nosso fértil solo.
Não podemos negar às futuras gerações a oportunidade de uma vida mais digna do que essa que tanto nos envergonha.
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