Pai ou Mãe de Obras Governamentais
É comum atribuir a determinado político a paternidade de uma obra de grande importância para o município, estado ou região do país. Aqui, na nossa Alagoas, não é diferente. Ainda morava no sertão, quando se iniciou a construção do tão sonhado “Canal do Sertão”, com extensão prevista para 250 quilômetros, beneficiando vários municípios da região sertaneja, até chegar ao agreste, para também beneficiar a segunda maior cidade do estado, a promissora Arapiraca. A obra ainda não chegou nem à metade do caminho, mas muitos governantes já se apresentaram como pais ou mães de determinadas quantidades de quilômetros construídos a partir do rio São Francisco.
Certa vez, num acalorado debate sobre a obra, entusiasmado com o benefício que ela ia trazer para os irmãos sertanejos, citei o grande sociólogo Gilberto Freyre: “A Natureza estava bem intencionada ao criar o rio São Francisco. Isto porque, nascendo a pouco mais do 200 km do mar, faz uma curvatura e vai desaguar a 2.800km, exatamente para beneficiar o semiárido do Nordeste”.
Na ocasião, jamais imaginei que levaria tanto tempo para a conclusão da obra. Agora, morando no litoral, vejo, a cada ano eleitoral, o maior estardalhaço dos políticos que se apresentam como “salvadores da pátria”.
Sou sertanejo, nascido no Vale do São Francisco, e sei da utilidade do rio, quando bem aproveitado na irrigação. Basta citar a região de Juazeiro e Petrolina, onde se produz para o mercado nacional e internacional. Ver que do aeroporto de Petrolina saem aviões cargueiros para os mais diferentes destinos do mundo, levando os mais diversos produtos agrícolas, é mesmo de tirar o chapéu.
Como costumamos ouvir que tudo depende de “vontade política”, então pergunto por que os políticos daqui não têm a mesma vontade dos de lá. Não adianta se apresentar como pai ou mãe da obra e não concretizá-la.