A VITÓRIA DO PÉ-DE-POEIRA
FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais [...]
(Gabriella Beth Invitti)
O prefeito Antônio Teixeira fez uma administração popular e voltada para o social, época em que eclodiu no Brasil e de modo especial na Paraíba a ideologia sindical voltada para amparar o homem do campo. A ideologia da reforma agrária através das Ligas Camponesas. Foi também época em que Santa Rita presenciou o fim da hegemonia eleitoral dos usineiros.
É importante registrar de que o eleitorado de Santa Rita participou das eleições para deputado estadual realizada em 7 de outubro de 1962, época em que foi eleito o deputado Egidio Silva Madruga, pelo PDC-Partido Democrático Cristão, com 3.350 votos, equivalente a 1,16% dos votos validos apurados no Estado da Paraíba para deputado estadual naquela eleição. De modo que Santa Rita passou a ser representada na Casa de Epitácio Pessoa pelo Deputado Egidio Madruga. Ressaltamos também de que na referida eleição foi candidato derrotado para deputado estadual Marcus Odilon Ribeiro Coutinho, pelo PDC, com 2.457 votos, equivalente a 0,85% dos votos válidos. Foi igualmente candidato a deputado estadual em 1962, por Santa Rita, o então prefeito Antônio Aurélio Teixeira de Carvalho, pelo PSB, obteve 1.036 votos, equivalente a 0,36% dos votos válidos para aquele cargo estadual, não foi eleito, porém, ajudou a tirar o mandato de Heraldo Gadelha, que perdeu a reeleição para deputado estadual pelo mesmo PSB, com 1.942 votos, equivalente a 0,67% dos votos validos. Foi o inicio do rompimento da criatura (Antônio Teixeira) do seu criador (Heraldo Gadelha) no tocante ao relacionamento e companheirismo partidário até então existente entre ambos. Daí por diante Antônio Teixeira e Heraldo Gadelha, jamais foram os mesmos na vida política de Santa Rita, diante de tal rompimento pessoal e partidário. Foi o fim da ideologia dominante na frente popular santaritense. Ficaram adversários políticos e as bandeiras passaram a ser outras perante o eleitorado local. Nas eleições realizadas em 11 de agosto de 1963, o eleitorado de Santa Rita elegeu para prefeito Heraldo da Costa Gadelha, com 3.004 votos, correspondente a 54,38% dos votos válidos, em desfavor de João Raposo Filho, com 2.520 votos, correspondente a 45,62% dos votos válidos. A história daquele memorável pleito contabiliza ainda: 150 votos em brancos; 80 votos nulos; e 2.534 abstenções, equivalente a 30,57% do eleitorado constituído em 1963 por 8.288 votos. Assim sendo, o fenômeno da abstenção do eleitorado de Santa Rita é mais antigo do que se pensa, tal procedimento pode ser explicado diante da premissa de que toda unanimidade é sabida e ou burra demais. Por isso, a nossa gente vive sempre insatisfeita com seus políticos em todas as épocas, nos planos federais, estaduais e municipais. Foi eleito vice prefeito em 1963, Milton Ferraz de Medeiros, com 2.968 votos, correspondente a 57,2% dos votos validos, sobre seu adversário e concorrente ao referido cargo, Antônio Ferreira Nunes, o popular Antônio Teimoso, que obteve 2.221 votos, equivalente a 42,8% dos votos validos para vice prefeito. Por outro lado, tivemos 485 votos brancos; 80 votos nulos; e 2.534 abstenções, equivalente a 30,57% do eleitorado municipal que votou para vice prefeito na citada eleição, segundo o TRE/PB (1963).
A vitória da classe trabalhadora inspirada nos princípios de compromisso e lealdade, fez o filho de Ceslau da Costa Gadelha, ex-funcionário da Usina Santa Rita, pertencente ao grupo liderado pelos herdeiros do ex-governador Flávio Ribeiro Coutinho e sua clã, sair vitorioso para prefeito e simultaneamente ajudar a eleger o seu vice prefeito Milton Ferraz de Medeiros, bancário e originário da classe operária da CTP – Companhia de Tecidos Paraibana.
Em síntese, a vitória do prefeito Heraldo Gadelha, em 1963, foi mais uma vitória do pé-de-poeira e ou da frente popular, sobre o principal curral eleitoral da agroindústria paraibana.