Filosofia da música: o estilo de vida moderno e suas variações

Filosofia da música: O estilo de vida moderno e suas variações

Na Modernidade, o estilo de vida que se concretizou, de certa maneira, trouxe consequências mais transformadoras que, inclusive, derrubaram antigos paradigmas impostos em vários campos do conhecimento. Para se ter uma ideia, o que se compreende por razão, hoje em dia, não mais é atribuído a um conceito específico que, antigamente, estava vinculado ao uso da racionalidade. Na verdade, o atual conceito de razão, sob meu ponto de vista, está vinculado à compreensão do outro. Ou seja, ao invés de impor um conceito específico, no qual todos deveriam se “espelhar”, propõe-se a compreensão da história de cada um, os princípios que formaram cada filosofia interior, chegando, por fim, a uma espécie de consenso moral, pois, afinal, é indispensável que haja uma convergência para um campo de conhecimento tão amplo.

Nesse sentido, compara-se à música, pois, sua essência está na harmonia entre as notas musicais, formadora da melodia. Assim também, se comporta a sociedade na medida em que, mesmo com a racionalidade, é preciso que haja uma harmonia de ideias para que exista a boa convivência. Em resumo, não há música de uma nota só, assim como não há sociedade sob uma única perspectiva moral, é necessário que haja harmonia, ou seja, que, após um consenso social, tenha-se um padrão comportamental que privilegie a todos, o que se conhece por lei.

Essa mudança profunda no comportamento social é fruto das intensas transformações modernas, como, por exemplo, a descentralização do poder que, deixou de privilegiar instituições específicas (a Igreja e a Monarquia), para, em teoria, ser de caráter social. Na prática, em geral, não é o que se vê. No Brasil, está mais do que claro que só houve uma mudança de nome do regime político, mas que a prática de “afunilamento” do poder continua, ou seja, continuamos assistindo a tentativas de centralização de poder sob bandeiras partidárias dominantes nas quais, as de menor influência, precisam se apoiar para tentar sobreviver no cenário político. Isso, certamente, não é a democracia que, em teoria, se desejou para o país. Portanto, queiramos ou não, estamos assistindo, mesmo que aos poucos e com a devida “adaptação” o retorno de uma monarquia, o que eu chamaria de “Monarquia Partidária”.

Marcel Franco Lopes

Historiador (UTP)

27-10-2015