E a Petrobrás?
Partidários governistas nos falam da maravilha da entrada da China no quintal dos EUA. E também da substituição do FMI – orientador das políticas econômicas na América Latina, controlado pelos EUA – pelas nações do BRICS.
De fato, ao longo dos anos, história que se inicia talvez em meados ou fins do século 19, temos sido uma “espécie de ‘esfera de influência’ ou colônia informal dos EUA”. Não há dúvida de que “as nações da América Latina, especialmente no pós-45, prosperaram bem pouco ou nada”.
Não se pode deixar de ver com bons olhos a criação da CELAC (Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe) em oposição à ALCA (Área de Livre Comércio das Américas, ou orig. Free Trade Area of the Americas – FTAA –, uma extensão do NAFTA norte-americano). (Particularmente sobre o NAFTA e sua influência perniciosa para os latino-americanos, sugerimos a consulta ao livro “World Orders Old and New”, de Noam Chomsky, linguista norte-americano do MIT).
Tudo isso é auspicioso. E verdadeiro. Assim como o possível complô contra Cristina Kirchner na Argentina; as ações terroristas contra o povo palestino na Faixa de Gaza; o que esteve (ou está) por trás do atentado à revista Charlie Hebdo; a briga pelo poder na Ucrânia, com o apoio descarado do Ocidente; etc.
Mas e o que estão fazendo com a Petrobrás? A maior empresa brasileira e, pensamos nós, uma das mais importantes no mundo? E logo no governo da Dilma.
Claro que Petrobrás é política (suja, comprometida, destruidora) nacional. Mas a política nacional não depende muitas vezes (ou quase sempre) da internacional? Não está tudo, como sempre, ligado?
O atual governo brasileiro, que, para nossa satisfação, se enquadra no espectro desenvolvimentista da América Latina (Morales, Chávez, Gutierrez e outros), deve explicações à nação a respeito das circunstâncias que conduziram a nossa maior empresa ao ponto em que se encontra. Com sua saúde financeira fragilizada. E a sua direção sendo obrigada a cancelar projetos e a não realizar o pagamento de dividendos aos acionistas por conta do "momento delicado" que vive a empresa, segundo seus próprios diretores.
Desejamos ouvir os ferrenhos partidários petistas a respeito. A respeito de um partido que não se importa em acobertar – desejamos estar redondamente enganados – corruptos, dilapidadores e entreguistas do patrimônio nacional, segundo o que deve pensar a maioria dos brasileiros. Em termos matemáticos, talvez a metade da população.
Rio, 31/01/2015