Aspectos Construtivos
Leis existem para serem respeitadas por todos, e não apenas por alguns. É um princípio democrático. A partir do qual podemos dizer que não há justiça que se faça sem isenção.
Nesse sentido, causa estranheza o fato de ferrenhos adeptos do partido governista transformar em inimigos declarados todos os que ousam discordar, recriminar ou condenar qualquer ato, por mais insignificante que seja, que tenha sido cometido ou defendido por esse partido.
Foi assim, de início, com o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa. Depois com o juiz federal Sérgio Moro. Mais adiante com o Procurador-geral da República Rodrigo Janot. E agora com o ministro do STF Teori Zavascki. Todos são passíveis de críticas negativas. Temos certeza de que se essas autoridades não tivessem tido posições contrárias a determinadas pessoas, implicadas em ilícitos alarmantes e eventualmente envolvidas com o partido governista, ou nele, o PT e seus ferrenhos defensores nada teriam contra elas. Não haveria nisso certo aspecto corporativista?
Joaquim Barbosa sumiu. Chegaram a pensar em seu nome para candidato à Presidência da República. Chegaram a cogitar também que ele teria sofrido algum tipo de ameaça, tendo por isso ocorrido o seu sumiço.
Do Moro, devida ou indevidamente, tentaram retirar as incumbências que ele tinha para continuar com certas apurações/investigações que vinha fazendo.
De qualquer forma, qualquer postura que implique na condenação da forma com que o país vem sendo administrado corre o risco de ser identificada como golpe. Desse modo, dos 200 milhões de brasileiros, pouco menos que 50% (ou vamos preferir 40%) seriam golpistas. Claro que isso seria improvável, pois em 40% dos brasileiros não encontraríamos apenas representantes de classes mais favorecidas. Partindo-se do princípio de que só entre esses, dentre os mais abastados, se encontram os que desejam a saída da Dilma.
Por outro lado, seria um erro considerarmos que representantes da elite, para não dizermos direita, tais como Aecios, FHCs, políticos do PSDB, DEM e outros partidos, alguns deles cúmplices ou em exacerbado conluio com petistas, seria um erro acharmos que eles possam oferecer algum tipo de resposta que represente o que o povo deseja. Ou seja, não têm também tanta credibilidade.
Só que não se trata disso. Se estamos no poder, e enquanto nele estivermos, trabalhando para dotarmos o país de uma estrutura político-administrativa capaz de viabilizá-lo, convém peneirarmos a areia de que dispomos para retirar-lhe as impurezas e obter um concreto cuja mistura seja dotada de qualidades que lhe garantam a consistência.
Rio, 16/10/2015