ARTIGO – Frustração – 16.10.2015
ARTIGO – Frustração – 16.10.2015
Há poucos dias recebi, na minha caixa de mensagens, um e-mail de um leitor esporádico criticando alguns artigos de minha lavra, chegando a me perguntar do por que de meu interesse no “impeachment” da doutora Dilma Rousseff.
A rigor, nem deveria dar atenção a essa mensagem, porque de cara logo se nota que vem de um cidadão por parte do PT e defensor incondicional do atual governo, mas nas entrelinhas pode-se deduzir certa dose de medo da situação vexatória a que os brasileiros foram submetidos com tantos desmandos, escândalos os mais diversos, enquanto que o país caminha a passos largos para uma absoluta recessão, sendo noticiário até na mídia internacional, haja vista que a confiança nos brasileiros acaba de despencar, mais uma vez, como amplamente noticiado pela imprensa.
O Brasil é o país do “quebra galho”. Todas as vezes que o Lula (PT-SP) vai visitar a capital federal, e isso não é raro, pode-se esperar que, no mesmo ou no dia seguinte, quando retorna as suas plagas, aparece uma novidade ou mais no cenário político nacional. Ontem (15), dia do professor, dizem que apareceu voluntariamente à justiça, a fim de depor a propósito de sua intermediação em negócios internacionais de construtoras enquadradas na operação Lava-jato, que vem sendo conduzida pela nossa Polícia Federal. Claro que negou, peremptoriamente, e não poderia ser diferente, porquanto ele não seria burro para se incriminar, caso houvesse realmente feito lobby. Aliás, a nossa Constituição prevê que ninguém está obrigado a depor ou a produzir provas contra si mesmo.
Por outro lado, voltou a lançar suas flechas envenenadas em direção ao Ministro da Fazenda, doutor Levy, pedindo o seu afastamento, além de orientar os militantes do seu partido para cerrar fileiras e insistir batendo na tecla de “Fora Levy”, assim como continuar martelando nessa tal história de golpe, e o que é ainda pior: Que seus deputados federais parassem de pressionar o presidente da Câmara, doutor Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a propósito de sua renúncia ou cassação de seu mandato.
Hoje, na internet, vemos algumas manchetes que, no mínimo, causam frustração a todas e a cada uma das pessoas que torcem por um país mais saudável, sério e próspero como já fora algum dia. Estamos falando da atitude fora do comum de um ministro do Supremo Tribunal Federal, doutor Teori Zavascki, um dos mais novatos na Corte, nomeado pela atual presidente do Brasil, mandando soltar o diretor executivo da Empresa Odebrecht, que estava preso desde junho próximo passado, por conta da Lava-jato. Trata-se do doutor Alexandrino Alencar, grande amigo do ex-presidente Lula, que fez várias viagens com ele para diversos países, a fim de divulgar o Brasil (?) e disseminar a competência dessa multinacional construtora.
Afinal, nem sequer imagino o que querem os deuses desse egrégio tribunal com deliberações que não se coadunam com a seriedade das apurações do maior escândalo de todos os tempos, a cargo da Justiça Federal em Curitiba, à frente o doutor Sérgio Moro, cujo poder vem aos poucos sendo relegado a plano secundário por decisões iguais a essa, justamente um dia após o rastro do Lula na capital da república. Isso somente contribui para que a imagem do nosso país seja depreciada perante as nossas e as comunidades internacionais, e também servem para rebaixar, cada vez mais, a nossa nota de crédito no cenário mundial.
Todavia, decisão do STF não se discute, cumpre-se. Mas ninguém é obrigado a bater palmas quando ela se afasta de uma realidade palpável, clara e insofismável que esse cidadão fora das grades possa utilizar toda a sua influência para interferir e até mudar o rumo das provas, pois dinheiro compra tudo o que se possa imaginar. Reter o seu passaporte é uma boa medida, mas proibi-lo de manter contatos com pessoas envolvidas na Lava-jato é humanamente impossível, optando-se assim muito mais pelo duvidoso, contrariamente àquele provérbio que todos conhecem.
Agora, respondo ao meu agressor: Sou cidadão brasileiro; preservo a minha cidadania; a Constituição me concede o direito de dar a minha opinião a respeito das coisas do Brasil; não sou filiado e nem devo a partido algum, muito menos a parlamentares; zelo pela minha honradez de homem e de profissional sério e honesto. Também nunca preguei pelo afastamento da presidente, embora haja acreditado que essa ocorrência já tenha estado bem próxima. Todavia sempre mantive minhas dúvidas, chegando até mesmo a afirmar que ela não sairia antes de 2018, ora porque jamais renunciará, assim como pela falta de força das oposições para a consecução do “impeachment” tão decantado. Agora, se o PT não estivesse no poder essa possibilidade seria alcançada na prática, disso não se tem qualquer dúvida.
O que coloca presidente pra fora do palácio são as forças populares indo às ruas, especialmente em protestos sem violência, assim como os que foram ensaiados pelo país afora, mas que perdeu força e coordenação nos últimos meses, muito mais por falta de lideranças populares, essas que também vão ficando desacreditadas da comunidade brasileira.