Setembro acabou e outubro chegou. O que o último trimestre significa? Nada!
*Joel Cardoso
O 7 de Setembro de 2015 no Brasil trouxe muitas informações nas entrelinhas no noticiário brasiliense e na mídia nacional, entre elas as ausências de vários Ministros no palanque oficial, mais manifestações contra o governo Dilma, enfim, focos contínuos de manifestações de insatisfação de significativa parcela da população.
Depois de 13 anos de governos de tendência renovadora, preocupados com a distribuição de renda e eliminação de desigualdades sociais, os fatos sinalizam um movimento em direção a um novo período de politicas conservadoras, onde as metas básicas são o ordenamento financeiro, a ênfase na moralidade administrativa, segurança publica e liberdade empresarial.
A situação atual parece confirmar uma nova reedição da teoria do pêndulo segundo a qual o ambiente politico tende a oscilar entre dois opostos com uma periodicidade variável. A mística inovadora do Partido dos Trabalhadores está sumindo no ar alimentada pelas divergências internas na agremiação e pela incapacidade de um grande número de seus quadros de resistir à sedução do poder, seja pela aceitação de propinas, seja pelo usufruto das benesses governamentais.
Em seu artigo publicado na edição 863 do Observatório da Imprensa, Carlos Castilho alerta que o governo Dilma perde consistência e a grande dúvida é saber quanto tempo ele vai durar, pois tudo depende do tipo de transição que o Brasil terá pela frente. De imediato, A reforma ministerial divulgada pela presidente Dilma e sua popularidade perante a opinião pública continua despencando. O dólar insiste em continuar próximo dos R$ 4 e a instabilidade continua.
Há também o caráter espetaculoso das operações da Polícia Federal , da militância do Ministério Publico Federal e do rolo compressor jurídico posto em movimento pelo juiz Sergio Moro, mostrando que o processo em curso que avança independente dos acertos e trapalhadas dos protagonistas envolvidos. Mas já existem movimentos para que diminua sua autonomia, o que seria péssimo para a democracia.
A Teoria do Pêndulo, popularizada pelo historiador Arthur Schlesinger, diz que a história política da maioria dos países é formada por dois extremos, um reformador e outro conservador, intermediados por um período de transição onde predominam os compromissos. É uma metáfora que, de alguma forma, explica como acontece o processo de erro e acerto na formulação de projetos de governo. A história não se desenvolve em linha reta porque isto pressuporia que alguém, ou algum grupo, teria a fórmula para a utopia do progresso ininterrupto. Seria a negação do processo de descoberta da realidade e de aprendizado social, onde erros e acertos se alternam.
O pendulo político versão Brasil 2015 se materializa mais no desgaste do governo Dilma e na desorientação da cúpula do PT do que na certeza de que o país sairá menos corrupto de toda a novelística serie de etapas da operação Lava Jato. Apesar de todas as ações já divulgadas, continuam as dúvidas do desfecho feliz.
A maior dúvida no Brasil 2015 é como será o deslocamento do pêndulo de uma posição para outra. Ele pode ser tranquilo, caso ocorra por absoluta exaustão e desilusão da militância petista com uma presidente que ficou longe das promessas eleitorais feitas em 2014. Ou a transição poderá ser traumática, com um grau variável de perdas humanas e materiais de ambos os lados.
Caso seja violenta, os vencedores cobrarão um preço alto materializado em repressão, perseguições e punições. Tudo vai depender de como os dois lados lidarão com a radicalização e polarização na conjuntura atual. Quem começar a jogar bombas e promover atentados, seguramente enfrentará uma contrapartida e aí o processo pode escapar do controle de quem pretendia controla-lo.
O pêndulo politico brasileiro está em movimento, da mesma forma que mudou de posição quando Jânio Quadros ganhou a eleição presidencial de 1960, quando João Goulart foi derrubado por um golpe militar em 1964 e o quando país voltou à democracia em 1985. Ele foi para a esquerda e agora estão movendo-se para a direita. A questão não é lamentar ou glorificar a repetição dos ciclos políticos, mas aprender com os erros de cada um deles.
*Jornalista e escritor em Maringá-PR
presidente da União dos Jornalistas e Escritores
Sócio-fundador da Academia de Letras de Maringá
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