Quanta grana?

Quanta grana?




"Sem dúvida o perigo que receávamos nesses primeiros tempos era mais imaginário do que real. Não conhecendo os planos daquela gente, e não podendo estabelecer relações com eles, era natural que desconfiássemos de suas intenções e víssemos em sua simples presença uma ameaça `a nossa tranquilidade“. (José J. Veiga).




Conversando com um amigo sobre o silêncio absoluto das Tvs face a capa da última Veja: “Ex-deputado revela que o petrolão nasceu com aval de Lula e foi mantido por Dilma“, ele me disse que ninguém se manifesta em virtude do jabá (leia-se propina). Não é a primeira vez que ouço isso. Só que desta vez me indaguei: quanta grana? Porque tem de ser muito, mas muito dinheiro mesmo.

Segunda-feira tive o privilégio de assistir o programa Roda Viva
com Hélio Bicudo e Janaina Paschoal - aula de coragem e o que eles disseram ali, desde o aspecto técnico das pedaladas fiscais da presidenta até a institucionalização da criminalidade sem precedentes do partido da situação foi ducha revigorante para os ânimos do brasileiro mediano, onde me incluo, desanimado com o império dos quadrilheiros. No caso de termos um futuro, este momento histórico será lembrado pela fibra das trincheiras que acontecem em várias frentes, na forma de um cidadão transmitindo ao outro como se libertar dos grilhões da tacanhice através do conhecimento.

Não se trata apenas de uma questão de partidos e sim uma questão de país. Quanta grana levam daqui e quanta grana ainda querem de nós, o eterno público pagante?

Na alvorada do Petrolão vimos (depois sumiram...) funcionários de segundo escalão devolvendo 100 milhões de reais, 200 milhões de reais, da mesma forma que eu desembolso 5 contos da carteira pra comprar cigarros. Quanto raciocínio é preciso para perceber a disparidade
das cifras e que essa mesma anomia revela a dimensão do iceberg? Uma colaboração da sociedade civil com a participação honesta dos que detêm informação seria de inestimável valia para a nação. Estamos no escuro.
Urge um modelo que nos dê as respostas que precisamos sem fazer as perguntas que não podemos fazer.


Hoje aumentaram os preços dos combustíveis. Tudo o que o brasileiro precisa. No Roda Viva de segunda, Hélio Bicudo disse com todas as letras sobre o enriquecimento faraônico do ex-presidente e acusa a mídia de não tocar no assunto. Qualquer um com dois neurônios sabe que a opinião pública é moldada pela reação da imprensa.

Na mahã desta quarta-feira teve manifestção de estudantes da Escola Pública Estadual Sabóia de Medeiros, situada `a rua Americo Brasiliense, 1297, Chácara Santo Antonio, São Paulo, Capital, contra a desativação da mesma, ali situada há meio século, para da lugar a empreendimento imobiliário. Detalhe: não será construída uma nova unidade e seus frequentadores repatriados noutros locais. Boa parte dos estudantes do Sabóia fazem par e par com o time descrito por Fernando Grostein Andrade, diretor do filme “Na quebrada“(2014), trabalho embasado na realidade de jovens da insípida periferia, testemunhas de chacinas, tráfico e violência de toda sorte, que “descobrem uma nova maneira de expressar as suas idéias e as suas emoções: o cinema“. Ou seja a arte, a cultura, o conhecimento. Vidas são salvas com iniciativas assim, e o Estado acha por bem fechar uma escola.

Não sei se deu na mídia, a nossa, tão omissa salvo raríssimas trincheiras onde se destacam Marco Antonio Villa, Augusto Nunes, Luis Felipe Pondé, José Neumani, Diogo Mainardi, etc.

Na América, os conglomerados de comunicação, Mertmedia, Viacon, News Corp., Comcast, Clear Channel, GE, Disney, Tribune conseguem apresentar o que se chama diversidade na TV. É o famigerado mercado de idéias garantindo uma troca sadia de informações através de veículos
como ABC, NBC, CBS, CNN, Fox, New York Times, Washington Post, Detroit Free Press, Miami Herald, Nightline, Dateline, etc.

Um leque desses, além do que, não depende de dinheiro de Estado para ficar de bico fechado. Tivéssemos dez por cento disso e poderíamos contar com informações, leia-se fatos, sobre fortunas angariadas de modo ilícito, e dentre outras, contaríamos com material substancial para falar de impostos, por exemplo e a título de ilustração, os impostos nos países africanos estão entre os maiores do mundo. Na Tanzânia cobra-se 30% de quem ganha a partir de 475 US dólar. Existe um imposto de 20% sobre tudo que se compra. Assim fica impossível acumular capital e nada se constrói - indústrias, rodovias, hospitais. Os países pobres da África pagam os salários mais baixos do mundo e mesmo assim uma multinacional estrangeira não consegue instalar uma fábrica neles em virtude de impostos proibitivos que arruinam qualquer possibilidade de
desenvolvimento.

Ainda que os USA estejam longe de ser um mar de rosas, o parâmetro de transparência por lá ainda é inimaginável para nós. O jornal "Washington Times" publica a lista do salário de assessores, não se trata de escândalos ou algo assim pois a Casa Branca tem que mostrar a um subcomite criado para esse fim. E por aqui?

Por aqui o governo perpetrou uma gigantesca fraude contra o público, público esse sugado de forma sistemática e descarada. Não obstante, os
fanáticos aplaudem. Churchil dizia que um fanático não muda de idéias, nem de assunto. Infelizes, levarão encarnações para descobrir que “Uma nação se revela não só através dos homens que produz, mas também
daqueles que honra“.



(Imagem: Apesar do texto acima ter sido escrito e publicado em 2015, a foto acima foi inserida 5 anos depois, com a seguinte legenda:  "Esse dinheiro surgiu do trabalho de milhões de brasileiros. Foi enviado ao Rio, em meio a maior pandemia da história. Enquanto pessoas morriam, médicos desmaiavam de exaustão, negócios fechando, empregos perdidos, fome e medo, o governo do Rio de Janeiro roubava". Julho de 2020)
Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 30/09/2015
Reeditado em 11/07/2020
Código do texto: T5400174
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.