Fui eleito certa vez para ocupar o cargo de Provedor em uma Santa Casa da cidade onde eu morava. Era um cargo voluntário, que não tinha salário nem qualquer outro tipo de remuneração. Na verdade eu até pagava por isso, pois fazia parte da tal Irmandade que elegia a diretoria do hospital, e me custava uma mensalidade que eu pagava pontualmente. A única vantagem que isso me proporcionava era a vaidade do cargo (bajulado pelos políticos) e (esta sim valia a pena) a felicidade de estar fazendo alguma coisa útil para a minha comunidade.
A nossa Santa Casa, como a grande maioria aliás, estava praticamente falida quando a assumi. Devia para todo mundo e não pagava ninguém porque não tinha receitas suficientes para isso. Como todo mundo sabe, quem financia as atividades das Santas Casas é o SUDS, e o dinheiro que o Sistema de Saúde federal, municipal e federal repassam não chega para cobrir sessenta por cento dos custos do hospital. O resto é coberto com trabalho voluntário, eventos que a diretoria promove, rifas, bingos, doações e mensalidades dos sócios da Fraternidade que, juridicamente, é a administradora do hospital. Pouca gente sabe disso, mas a maioria das Santas Casas não fecha as portas porque uma boa parte das suas dívidas é com o próprio governo, por conta de impostos, contas de luz, gás, previdência social, etc. Como o governo não paga o que deve ás Santas Casas, estas também não pagam o governo. E assim a coisa vai caminhando: um enganando o outro, e todos enganando o povo.
Depois de sete anos na administração do hospital (quatro como vice-provedor, responsável pela administração propriamente dita) e três como titular, e arrumar um monte de inimigos entre os políticos e até entre pessoas que anteriormente eram meus amigos (por não atender pedidos de favores e cortar privilégios que anteriormente lhe eram prodigalizados) consegui ajustar a situação financeira do hospital e recuperar a sua capacidade de investimento. Quando deixei a administração, o hospital estava com a sua situação financeira bem equilibrada.
Lembrei-me dessa minha experiência como provedor de uma Santa Casa porque é mais ou menos o que o Levy deve estar passando como Ministro da Fazenda do falido governo da Dilma. Recordo-me que quando eu assumi, a primeira coisa que eu fiz foi um orçamento onde os cortes de despesas eram a tônica. O problema era onde cortar. Nenhum setor do hospital se conformava em ter seu orçamento diminuído. Os ortopedistas diziam que já recebiam menos que mereciam e quem faturava mais eram os ginecologistas; estes, por sua vez, culpavam os anestesistas pelo alto custo das cirurgias, e estes abriam bateria contra os neurologistas, que por sua vez não se conformavam em ter suas receitas diminuídas. Toda a classe médica, em uníssono, dizia que o custo maior estava no quadro de enfermagem, que se defendia dizendo que havia gente demais na administração, com altos salários. No fim, tivemos que cortar um pouco de todos, embora a maior parte tenha caído mesmo no setor administrativo, inchado com cargos de favor, preenchidos com pessoas, na maior parte,inúteis e incompetentes, indicados por políticos e parentes de gente importante na cidade.
Arrumei um monte de inimigos e alguns processos por conta disso. Mas não me arrependo. Cumpri a minha missão. Mas tenho pena do Levy, que está tentando corrigir os 12 anos de irresponsabilidade administrativa e financeira do PT. Está arrumando inimigos por todos os lados e não sabe, como eu também não sabia, se vai valer a pena tanta consumição. Porque depois da casa arrumada sempre aparece alguém para tirar proveito do trabalho feito. Mão de gato para roubar o peixe é que não falta neste mundo.
Todo está chiando com ele, por que ninguém quer abrir mão de coisa alguma. No meu caso, em relação á Santa Casa, no fim acabou dando certo. Todo mundo perdeu um pouco, a comunidade ajudou e o próprio governo, depois de alguns conflitos e ameaças da nossa parte, de paralisação do serviço, acabou dando uma ajudinha. No fim todos perceberam que o povo da cidade merecia esse sacrifício. Menos alguns médicos e políticos que até hoje não olham para minha cara por causa dos privilégios que tirei deles.
Mas o caso do Levy é pior do que o meu. Porque todo mundo acha que a Dilma, o PT e Lula, que no fundo são os responsáveis por esse descalabro nas contas públicas do país, não merecem tanto sacrifício. E não merecem mesmo. Deixaram que a roubalheira se instalasse no serviço público e nas estatais, e praticaram uma política populista e irresponsável de benefícios sem contrapartida, inchando a máquina pública com apaniguados dos políticos aliados, ganhando altos salários. Tudo para se manter no poder pelo maior tempo possível. Agora o Levy quer cortar tudo isso. Mas se conseguir ( e eu acho que não vai) ele precisa saber que não vai poder fazer isso impunemente. Político sem caráter e bandido não perdoam. Pode apostar que o seu nome já está na boca do sapo. O meu eu não consegui tirar até hoje. Ainda bem que o meu espírito protetor é forte. Será que o do Levy também é? Tomara.
A nossa Santa Casa, como a grande maioria aliás, estava praticamente falida quando a assumi. Devia para todo mundo e não pagava ninguém porque não tinha receitas suficientes para isso. Como todo mundo sabe, quem financia as atividades das Santas Casas é o SUDS, e o dinheiro que o Sistema de Saúde federal, municipal e federal repassam não chega para cobrir sessenta por cento dos custos do hospital. O resto é coberto com trabalho voluntário, eventos que a diretoria promove, rifas, bingos, doações e mensalidades dos sócios da Fraternidade que, juridicamente, é a administradora do hospital. Pouca gente sabe disso, mas a maioria das Santas Casas não fecha as portas porque uma boa parte das suas dívidas é com o próprio governo, por conta de impostos, contas de luz, gás, previdência social, etc. Como o governo não paga o que deve ás Santas Casas, estas também não pagam o governo. E assim a coisa vai caminhando: um enganando o outro, e todos enganando o povo.
Depois de sete anos na administração do hospital (quatro como vice-provedor, responsável pela administração propriamente dita) e três como titular, e arrumar um monte de inimigos entre os políticos e até entre pessoas que anteriormente eram meus amigos (por não atender pedidos de favores e cortar privilégios que anteriormente lhe eram prodigalizados) consegui ajustar a situação financeira do hospital e recuperar a sua capacidade de investimento. Quando deixei a administração, o hospital estava com a sua situação financeira bem equilibrada.
Lembrei-me dessa minha experiência como provedor de uma Santa Casa porque é mais ou menos o que o Levy deve estar passando como Ministro da Fazenda do falido governo da Dilma. Recordo-me que quando eu assumi, a primeira coisa que eu fiz foi um orçamento onde os cortes de despesas eram a tônica. O problema era onde cortar. Nenhum setor do hospital se conformava em ter seu orçamento diminuído. Os ortopedistas diziam que já recebiam menos que mereciam e quem faturava mais eram os ginecologistas; estes, por sua vez, culpavam os anestesistas pelo alto custo das cirurgias, e estes abriam bateria contra os neurologistas, que por sua vez não se conformavam em ter suas receitas diminuídas. Toda a classe médica, em uníssono, dizia que o custo maior estava no quadro de enfermagem, que se defendia dizendo que havia gente demais na administração, com altos salários. No fim, tivemos que cortar um pouco de todos, embora a maior parte tenha caído mesmo no setor administrativo, inchado com cargos de favor, preenchidos com pessoas, na maior parte,inúteis e incompetentes, indicados por políticos e parentes de gente importante na cidade.
Arrumei um monte de inimigos e alguns processos por conta disso. Mas não me arrependo. Cumpri a minha missão. Mas tenho pena do Levy, que está tentando corrigir os 12 anos de irresponsabilidade administrativa e financeira do PT. Está arrumando inimigos por todos os lados e não sabe, como eu também não sabia, se vai valer a pena tanta consumição. Porque depois da casa arrumada sempre aparece alguém para tirar proveito do trabalho feito. Mão de gato para roubar o peixe é que não falta neste mundo.
Todo está chiando com ele, por que ninguém quer abrir mão de coisa alguma. No meu caso, em relação á Santa Casa, no fim acabou dando certo. Todo mundo perdeu um pouco, a comunidade ajudou e o próprio governo, depois de alguns conflitos e ameaças da nossa parte, de paralisação do serviço, acabou dando uma ajudinha. No fim todos perceberam que o povo da cidade merecia esse sacrifício. Menos alguns médicos e políticos que até hoje não olham para minha cara por causa dos privilégios que tirei deles.
Mas o caso do Levy é pior do que o meu. Porque todo mundo acha que a Dilma, o PT e Lula, que no fundo são os responsáveis por esse descalabro nas contas públicas do país, não merecem tanto sacrifício. E não merecem mesmo. Deixaram que a roubalheira se instalasse no serviço público e nas estatais, e praticaram uma política populista e irresponsável de benefícios sem contrapartida, inchando a máquina pública com apaniguados dos políticos aliados, ganhando altos salários. Tudo para se manter no poder pelo maior tempo possível. Agora o Levy quer cortar tudo isso. Mas se conseguir ( e eu acho que não vai) ele precisa saber que não vai poder fazer isso impunemente. Político sem caráter e bandido não perdoam. Pode apostar que o seu nome já está na boca do sapo. O meu eu não consegui tirar até hoje. Ainda bem que o meu espírito protetor é forte. Será que o do Levy também é? Tomara.