ARTIGO – Dinheiro jogado fora – 02.09.2015
 
 
ARTIGO – Dinheiro jogado fora – 02.09.2015

 
 
A situação brasileira, pública e notória, inclusive internacionalmente, em termos de finanças e de falta de credibilidade é das piores de todos os tempos, embora o governo insistisse em afirmar que tudo estava bem, que os problemas eram normais e que o crescimento do país iria continuar a todo vapor, isso antes das eleições de 2014, ímpeto que foi diminuindo à medida em que os escândalos iam sendo apurados e as verdades expostas à população.
            Pois bem, dentre algumas formas de jogar dinheiro vivo pelo ralo da gastança fácil e desenfreada, temos uma que merece todas as críticas possíveis, porquanto já se sabe, com antecedência, que a missão não terá êxito. Refiro-me, por exemplo, à ouvida de pessoas indiciadas no escândalo do “petrolão”, algumas já denunciadas e recolhidas à prisão, como ocorreu hoje por parte da CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – que investiga a grande intervenção criminosa na nossa PETROBRAS, assim como desdobramentos que dela possam surgir.
            De antemão, pelo noticiário da imprensa, já se sabia que os convocados para depor na acareação de hoje, realizada em Curitiba (PR), ficariam calados, de conformidade com orientações de seus advogados, regiamente remunerados não se sabe por quem e nem dos valores dos honorários. A resposta dessas personalidades era simplesmente: “Vou ficar calado por orientação de meus advogados”. E em sendo assim nós pagamos as despesas de uma dezena de parlamentares, tanto de passagens como de diárias em hotéis de alto nível, além de deslocamentos dentro da cidade. A meu pensar, salvo orientação abalisada em sentido contrário, esses encargos deveriam ser pagos pelos infratores das leis.
            No que se relaciona a despesas com advogados, esses que mandam os clientes ficar calados, acho que deveriam ser recolhidos presos, porquanto dificultar a justiça é procedimento ilícito previsto nas nossas leis, até por que ninguém pode estar acima do rigor das normas constitucionais e dos códigos que regem os relacionamentos nas esferas civil e criminal.
            Esse assunto Lava-Jato já está se tornando intragável, quase ninguém está mais aguentando, segundo ouço nas ruas, principalmente porque há uma descrença quase generalizada sobre a conclusão dos processos, pois muita gente acha que a condução dos mesmos está sendo muito boa por parte do MM Juiz Moro. O problema é que o país está sendo governado somente por três pessoas ilustres, intocáveis, e muitos brasileiros estão desconfiados de que uma espécie de acordo foi feita no particular, de sorte a excluir alguns poderosos das malhas da lei.
            Na segunda-feira próxima passada (31.08), na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal (CCJ), pude assistir a um pronunciamento do senador pernambucano Fernando Bezerra, do PSB, que sempre o tive em boa reeputação, diante de membros ligados ao Tribunal de Contas da União (TCU) e de vários parlamentares, em que fazia uma reflexão dizendo que se as contas da presidente Dilma não fossem aprovadas ela poderia ser alvo de um “impeachment”, medida que seria ruim para o país, e pelo tom forte de seu discurso, dava a entender que deveria ser encontrada uma maneira para que isso não viesse a acontecer; que o Tribunal verificasse em que foram aplicados os milhões de reais que foram gastos, certamente com programas sociais, hipótese que, por si só, justificaria as chamadas “pedaladas fiscais”. Não me contive, e como votei nesse cidadão, tomei a liberdade de mandar um e-mail a Sua Excelência contestando referido posicionamento.
Meu abraço.
Ansilgus
           
 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 03/09/2015
Reeditado em 10/09/2015
Código do texto: T5368958
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