ARTIGO – Lula fala demais – 28.08.2015

 
 
“Se for necessário, serei candidato em 2018, diz Lula”.
 
          Quando eu vivia às rédeas do meu velho e querido pai, e isso já faz muito tempo, sempre ouvia dizer que “quem muito fala e se autoproclama muito erra”.
          Pois bem, o Lula, que na verdade é o único líder nacional vivo dentre 200 milhões de habitantes, hoje acabou de afirmar, entre outras coisas, que se a oposição pensa que vai ganhar as próximas eleições para a presidência da república está redondamente enganada ou coisa parecida, pois: “Se for necessário, eu vou para a disputa e vou trabalhar para que a oposição não ganhe as eleições”. Sua fala foi à Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, na manhã de hoje.
          Causa estranheza o fato de esse cidadão julgar-se o salvador da pátria, mas de certa forma ele tem razões de sobra, porquanto nesses últimos doze anos em que deixou o governo não apareceram lideranças na oposição para ocupar esse espaço tão fácil, notadamente em razão do desastrado mandato da doutora Dilma Rousseff.
          O PSDB não aprendeu nada de positivo, isso em virtude do olho grande no poder, que é o caso de todos e de cada um dos que já se candidataram à presidência, como o doutor Alckmin, que é governador de São Paulo, e os senadores Serra e Aécio, este o mais recente derrotado pela máquina devastadora do PT nas últimas eleições de 2014. O pior de tudo é que não aceitam sugestões de eleitores, não respondem correspondências, faltando assim com o compromisso que deveriam ter com os cidadãos brasileiros. Alguns amigos meus cansaram de dar opiniões valiosas nos três últimos pleitos, todavia fizeram ouvidos de mercadores. E agora querem ganhar no grito, na deposição da doutora Dilma, acontecimento que consideramos bastante improvável, porquanto nada ainda provaram que colocasse em cheque a sua permanência no poder. Há indícios, mas na hora “H” falta prova, essa que é elemento essencial ao julgamento de crimes e de “malfeitos”. Será que liberar, por exemplo, R$ 500 milhões para senadores aprovar medidas do “pacote de ajuste fiscal” não seria uma imoralidade administrativa, notadamente quando o país atravessa dificuldades de caixa para cumprir seus compromissos com os credores?
          A meu pensar, esses políticos de renome do PSDB, cuja inteligência é de se tirar o chapéu, apenas necessitam do saber político, de dançar de acordo com a música e de ter flexibilidade para lidar com o bem e o mal, ou seja, aproveitar os momentos certos para agir, não com ações ilícitas, mas tomar as medidas certas nas horas exatas.
          Ora, se políticos da oposição também entraram nesse negócio de “propina”, como se comenta na mídia, também devem ser investigados (não com essa demora toda), mas imediatamente, com toda prioridade, e ser punidos com a perda dos mandatos, no mínimo, além da devolução das quantias ilegalmente recebidas da corrupção. Aonde foi que já se viu nesse mundo de meu Deus os presidentes da Câmara e do Senado Federal, as duas maiores instâncias legislativas do país, serem denunciados por crimes e permanecerem à frente dos poderes! Isso é uma afronta à Constituição e aos brasileiros de um modo geral.
          Nosso país, entretanto, parece ter uma população em que a metade é surda e muda, enquanto que a outra metade é fiel a essa filosofia implantada pelo Partido dos Trabalhadores na arte de governar; a Justiça é cega, o Legislativo é paralítico e o executivo uma ditadura camuflada de democracia.
          No começo chegamos a acreditar no “impeachment”, mas agora ficou difícil. Não que eu queira, pois sou independente, escrevo o que quero e não sou do tipo que se influencia com as palavras alheias.
          Compareci, para observar, às manifestações de 16 do corrente, entretanto o que mais observei foi que pareciam muito com um desfile de carnaval ou um mero passeio das famílias com carros de som e música à vontade, animados por locutores muito bem entusiasmados, mas não sei se por vontade própria ou por indução de alguém. Foi assim um carnaval fora de época.