NAU DESGOVERNADA

A declaração da Presidente da República em que admite ter subestimado a gravidade da crise que se avizinhava, chega tarde. Mesmo levando-se em conta a falta de humildade que bem a caracteriza, o gesto é muito pouco em comparação ao que precisaríamos ouvir há tempos. Faltou vir acompanhado pelo pedido de desculpas que, embora tardio, faria bem ouvir. Não só por mim e pelos muitos críticos da política e da arrogância da nossa primeira mandatária, mas, e principalmente, pelos milhões de brasileiros que acreditaram nas promessas da campanha. A falácia e a empáfia das bravatas da então candidata, ressoam aos ouvidos como falsas, deixando uma sensação de descaso, incompetência, irresponsabilidade e má fé.

É como se tivessem roubado-nos mais que fundos e patrimônio, fomos surrupiados também na nossa autoconfiança. O desânimo não está presente somente entre empreendedores, o cidadão sente-se igualmente frustrado. A esperança e a alegria que sempre nos caracterizaram, parecem substituídas pela decepção com esta gente que abusa da boa vontade de todos.

Mesmo que o reconhecimento dos erros viesse acompanhado por um pedido formal de desculpas, ainda não resolveríamos o nosso problema.

O Vice Michel Temer é o "imediato" da vez a abandonar o barco petista. De olho na possibilidade de herdar um mandato tampão a depender da tese que derrube a líder moribunda, Temer sente mais forte o cheiro de impeachment a partir da denúncia contra o segundo "imediato" Eduardo Cunha. Não por acaso, o terceiro "imediato" - leia-se agora Renan Calheiros - também andou mudando de rumo, só que agora numa reaproximação bastante suspeita com a "nau fantasma", que parece em rota de colisão definitiva contra os inúmeros arrecifes que a cercam.

Desejar a metafórica trombada, pode até parecer estranho. Mas, considerando os estragos e os inúmeros percalços de ir a mar revolto numa nave sem comando, o senso comum aponta para uma reconstrução, a partir dos muitos, ou poucos, destroços que sobrarem. Fazendo água em todos os flancos, nada parece pior do que a estagnação econômica e o rosário de escândalos que a gestão petista protagoniza.

O Brasil sonha com um futuro melhor, em que a dignidade e a coragem de um certo Sr. Moro possam servir de exemplo e inspiração para as novas gerações.

Ainda há tempo, todos ao motim!

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Stelo Queiroga
Enviado por Stelo Queiroga em 27/08/2015
Reeditado em 27/08/2015
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