“Não desista do Brasil.” Ouvi essa frase no aeroporto de Guarulhos na semana passada quando esperava a hora de embarcar para uma viagem. Quem falava era um senhor de meia idade, de semblante triste e preocupado, para um rapaz de cerca de 25 anos, que também apresentava uma fisionomia triste e inconformada, como se estivesse embarcando contra sua vontade.
Lembrei-me de outra cena, vivida por mim há dez anos atrás, quando vim trazer minha filha, então com vinte e dois anos, ao mesmo aeroporto. Ela estava embarcando para a Austrália, onde ia passar um tempo aperfeiçoando o seu inglês. Já naquela época ela embarcava meio desiludida com os rumos que o Brasil estava tomando. Ela, que trabalhava com turismo e costumava mandar muitos estudantes para o exterior, recebia os feedback dos jovens que viajavam para estudar ou trabalhar em outros países e faziam comparações entre o que se fazia no Brasil, em termos de política, e nos países onde eles estavam. A maioria desses jovens resolviam ficar no exterior e não retornavam ao Brasil.
“Não desista do seu país”, eu disse a ela, exatamente como o senhor, de olhos úmidos e fala embargada estava falando ao rapaz, que não dizia nada, mas se notava também que tinha os olhos vermelhos e abraçava o homem de cabelos brancos com uma força que ninguém, naquele momento, seria capaz de separar. “ Devem ser pai e filho”, pensei, e o rapaz está indo embora do Brasil por alguma razão. “Como a minha filha, dez anos atrás” recordei, também foi embora e não quis mais voltar. Radicou-se na Austrália, casou-se por lá e de vez em quando vem me visitar, vem como turista.
“Depois de viver algum tempo em um país sério” disse-me ela, “a gente não consegue mais viver no Brasil”. “Não dá para entender como o povo brasileiro consegue conviver com tanta ignorância e corrupção” , disse ela, se referindo ao nosso sistema politico e ao fato de, mesmo sabendo da desonestidade dos políticos eleitos, eles continuam tendo seus mandatos renovados eleição após eleição.
“ Não se amargure por causa disso” eu disse á ela. “ Política é igual a casamento. A gente abusa do direito de errar. O que não podemos é abdicar do direito de tentar”. E é isso mesmo. Uma pessoa pode casar-se dez vezes. Ás vezes casa duas vezes com o mesmo parceiro, ou parceira, como fez o casal de atores Richard Burton e Elizabeth Taylor. E, evidentemente, a cada casamento, o que se busca é a felicidade. E ninguém, em sã consciência, pensaria em desistir da própria vida quando percebe que errou na escolha de um parceiro.
É pena que em política o divórcio seja tão mais difícil de ser conseguido do que na vida civil. Nesta, uma parceira mentirosa e traidora como a Dilma já teria sido defenestrada há muito tempo. Mas a estabilidade política de um país é muito mais complicada de manter do que a de um casamento. E rompê-la é bem mais traumática e perigosa. Por isso, talvez, tenhamos que carregar o fardo do nosso erro por mais tempo que gostaríamos. E tomar cuidado, para na nova escolha não errar outra vez.
Felizmente há um consolo em tudo isso. No casamento, quando a relação apodrece, não há possiblidade de conserto. A separação é inevitável. Na política, basta que a situação econômica melhore. Com a volta do emprego, com o controle da inflação, com a melhora da qualidade de vida, tudo passa a ser suportável. Até os chifres que os políticos colocam na gente. Os políticos passam o Brasil fica. Por isso, gostaria de repetir as palavras do senhorzinho que vi no aeroporto: não desista do Brasil. Só fique atento para não errar de novo.
Lembrei-me de outra cena, vivida por mim há dez anos atrás, quando vim trazer minha filha, então com vinte e dois anos, ao mesmo aeroporto. Ela estava embarcando para a Austrália, onde ia passar um tempo aperfeiçoando o seu inglês. Já naquela época ela embarcava meio desiludida com os rumos que o Brasil estava tomando. Ela, que trabalhava com turismo e costumava mandar muitos estudantes para o exterior, recebia os feedback dos jovens que viajavam para estudar ou trabalhar em outros países e faziam comparações entre o que se fazia no Brasil, em termos de política, e nos países onde eles estavam. A maioria desses jovens resolviam ficar no exterior e não retornavam ao Brasil.
“Não desista do seu país”, eu disse a ela, exatamente como o senhor, de olhos úmidos e fala embargada estava falando ao rapaz, que não dizia nada, mas se notava também que tinha os olhos vermelhos e abraçava o homem de cabelos brancos com uma força que ninguém, naquele momento, seria capaz de separar. “ Devem ser pai e filho”, pensei, e o rapaz está indo embora do Brasil por alguma razão. “Como a minha filha, dez anos atrás” recordei, também foi embora e não quis mais voltar. Radicou-se na Austrália, casou-se por lá e de vez em quando vem me visitar, vem como turista.
“Depois de viver algum tempo em um país sério” disse-me ela, “a gente não consegue mais viver no Brasil”. “Não dá para entender como o povo brasileiro consegue conviver com tanta ignorância e corrupção” , disse ela, se referindo ao nosso sistema politico e ao fato de, mesmo sabendo da desonestidade dos políticos eleitos, eles continuam tendo seus mandatos renovados eleição após eleição.
“ Não se amargure por causa disso” eu disse á ela. “ Política é igual a casamento. A gente abusa do direito de errar. O que não podemos é abdicar do direito de tentar”. E é isso mesmo. Uma pessoa pode casar-se dez vezes. Ás vezes casa duas vezes com o mesmo parceiro, ou parceira, como fez o casal de atores Richard Burton e Elizabeth Taylor. E, evidentemente, a cada casamento, o que se busca é a felicidade. E ninguém, em sã consciência, pensaria em desistir da própria vida quando percebe que errou na escolha de um parceiro.
É pena que em política o divórcio seja tão mais difícil de ser conseguido do que na vida civil. Nesta, uma parceira mentirosa e traidora como a Dilma já teria sido defenestrada há muito tempo. Mas a estabilidade política de um país é muito mais complicada de manter do que a de um casamento. E rompê-la é bem mais traumática e perigosa. Por isso, talvez, tenhamos que carregar o fardo do nosso erro por mais tempo que gostaríamos. E tomar cuidado, para na nova escolha não errar outra vez.
Felizmente há um consolo em tudo isso. No casamento, quando a relação apodrece, não há possiblidade de conserto. A separação é inevitável. Na política, basta que a situação econômica melhore. Com a volta do emprego, com o controle da inflação, com a melhora da qualidade de vida, tudo passa a ser suportável. Até os chifres que os políticos colocam na gente. Os políticos passam o Brasil fica. Por isso, gostaria de repetir as palavras do senhorzinho que vi no aeroporto: não desista do Brasil. Só fique atento para não errar de novo.