POPULISMO - DISCURSO PROFERIDO POR GLORIA ÁLVAREZ

No YouTube o vídeo deste texto está com 172.829 visualizações. Ela está de vermelho, na tribuna, ao procurar no YouTube.

Entre 17 e 19 de setembro de 2014, a Rede Iberoamérica Líder organizou o 1º Parlamento Iberoamericano da Juventude em Zaragoza, na Espanha.

Glória Álvarez, do Movimento Cívico Nacional da Guatemala fez uma apresentação sobre os males do Populismo.

Os desafios que temos neste 1º Parlamento Iberoamericano são bastante grandes e a proposta que quero fazer, especificamente retomando o que o Dr. Florentino que acabou de nos passar, é acabar om o Populismo através da tecnologia.

E vou explicar-lhes o porquê.

Há debates sobre esquerdas e direitas, o que de fato é mais utilizado pelos populistas do que pelas pessoas que estão tentando resgatar as instituições.

O Populismo, praticando com as pessoas que praticamos, e compartilhando o que compartilhamos, o primeiro que faz é acabar com as instituições, pouco a pouco reescrever constituições, para poder adequá-las aos desejos de diferentes líderes, corruptos, que temos na América Latina.

O Populismo, no entanto, não existe por casualidade.

E também cabe a nós, não só denunciar as atrocidades que o Populismo comete contra nossas instituições, mas também reconhecer o péssimo trabalho dos sistemas governamentais anteriores, que levaram a crise absoluta às pessoas e às populações que em desespero recorreram a esses líderes, às vezes por vias democráticas e que por isso, justificam sua permanência no poder.

Por isso, creio que mais que a batalha entre esquerda e direita, nós que somos contra o Populismo, devemos falar de Populismo X República.

Porque a República é que realmente garante a institucionalidade do Estado.

Desde os tempos antigos dos Gregos, filósofos como Sócrates e Aristóteles, viram os defeitos da Democracia.

E por que viram? Porque há três direitos fundamentais e irrenunciáveis a cada um de nós.

Nossa vida, através da qual podemos exercer nossos projetos.

Nossa liberdade, através da qual podemos nos expressar, comercializar, trabalhar, nos mobilizar para possuir a crença de nossa preferência, e poder expressar assim também nossos sistemas políticos, e o que esperamos de um governo.

E por último, nossa propriedade privada. E nossa propriedade começa pelo nosso corpo, por nossa integridade.

Nossa propriedade é o acúmulo desde o dia que nascemos até o dia em que morremos, de todas as coisas que conseguimos realizar.

Estes três direitos, no entanto, podem existir em cada um de nós sem impedir os direitos de outra pessoa.

Agora, o que passa com os outros direitos? Como por exemplo a saúde, a educação, a vestimenta e a uma série de direitos que foram exigidos pelos povos de cada um dos nossos países e que não foram atendidos.

O problema desses direitos, e que os gregos já viram desde aquela época, é que eles precisam de uma renúncia prévia, do direito de propriedade de alguém antes de serem outorgados.

É aí que nossos governos falharam.

Porque ao falar que todos têm direito a essas coisa, nunca foi estipulado quem deveria renunciar a certos direitos para outorgar a esses outros.

E desse mal estar, é que nossos povos decidiram recorrer aos regimes totalitários e populistas que vemos hoje.

Independente da nossa ideologia política, sejamos liberais ou social democratas, devemos reconhecer que esse é um debate necessário para a região.

Se vamos dar direitos, de onde vamos tirá-los? E com que recursos iremos pagá-los?

Porque se isso não for estabelecido, nosso povos vão seguir interminavelmente vendo nesses líderes a resposta e a solução.

Gostaria de retomar o que disse o Dr. Florentino sobre a sua definição de Populismo.

Ele disse que é o atalho pelo qual jogamos com paixões, ilusões e ideais do povo, para prometer o IMPOSSÍVEL, aproveitando da miséria das pessoas, deixando de fora, absolutamente, toda a razão e a logica na tomada das decisões.

Joga com a necessidade dos nossos povos, e isso foi a algo que os gregos previram.

Desde então eles disseram: " Há três tipos de governo":

Onde há um governante, que se chama Monarquia, e pode acabar virando Ditadura.

Onde governa um grupo, que se chama Aristocracia, e pode acabar virando Oligarquia, e nós da América Latina conhecemos bem isso. Porque nossas aristocracias, nossas elites, acabam virando Oligarquias.

Ou há uma Democracia, onde todos governam, que acaba degenerando numa demagogia, algo que também conhecemos.

Quando os gregos viram essas 3 formas de governo, se deram conta que a República era a resposta. Porque a República dava essas 3 institucionalidades.

O monarca na forma de presidente, a Aristocracia na forma de um parlamento, e a Democracia como veículo e via de comunicação.

É por isso que a República anula os vícios de cada uma das 3 formas de governo, para agrupar as 3, e formara institucionalidade que o Populismo, hoje, está destruindo.

Por isso o chamado que quero propor a vocês, é que acabemos com o Populismo através da tecnologia.

Porque hoje mesmo falamos, de que as mudanças que estão surgindo nos nossos países, e que estão surgindo com a tecnologia, não estão sendo acompanhados pela educação necessária.

E o que acontece se eu passo a receber novas possibilidades, novas formas tecnológicas de me comunicar com o mundo, mas ao mesmo tempo não me educo.

Não tenho prioridades claras?

Por isso em nossos parlamentos, já não se trocam ideias, a razão e a lógica já perderam a importância que deveriam possuir.

Já não há respeito pela discussão,por deixar de fora as falácias.

E nossos líderes populistas anulam toda razão e toda lógica de seus argumentos, aumentando paixões.

E nós também temos que utilizar uma paixão. Uma paixão pela educação, uma paixão pela troca de ideias, paixão pelo conhecimento, por querer ser pessoas e indivíduos empoderados

Porque outra coisa que o Populismo faz, é anular a dignidade das pessoas.

Faz as pessoas se sentirem incapazes e sem dignidade, para governarem suas próprias vidas. Faz elas pensarem que precisam de um líder, para controlar absolutamente tudo, para poderem seguir adiante.

A definição do Dr. Florentino também defende algo que nós do Movimento dizemos: O Populismo ama tanto os pobres que os multiplica. Porque o que busca é essa multiplicação de miséria, para seguir recebendo um voto, através de qualquer objeto material que naquele momento, as pessoas precisem.

Qual é o desafio? Como fazemos? Para que um povo onde a Pirâmide de Maslow está no nível mais baixo. Veja na República, a resposta institucional que as gerações futuras precisam para não seguir nesse ciclo de pobreza.

A admiração que há em países como o meu, Guatemala, pelo Regime Cubano, pelo Regime Venezuelano, é absurda.

Essa admiração não é guiada pela razão e pelo conhecimento.

São poucos os guatemaltecos que reconhecem, poe exemplo, que em Cuba, um Engenheiro Civil prefere ser taxista.

São poucos os guatemaltecos, as pessoas da América Central, os latinos americanos em geral, que veem no Regime Chavista as atrocidades e as violações de direitos que estão sendo cometidas, porque tudo que veem é: lá tem educação de graça, lá tem saúde de graça.

Nada é de graça. Tudo é pago com algum dinheiro.

E quando não há institucionalidade, é quando começa a corrupção.

E quando ela começa, todo um sistema perde suas virtudes.

No caso da Guatemala, temos eleições ano que vem, e infelizmente, as 3 pessoas que vão chegar à presidência, os 3 candidatos que melhor se encaixam, vão pela via Populista.

Sejam de esquerda ou de direita, porque outra coisa que temos que reconhecer, é que o Populismo está impregnado em todas ideologias. O mecanismo que os populistas usam é seguir com esse discurso.

Você está mal, porque alguém está bem. E o que temos que resgatar é que todos podemos estar bem.

Que o fato de que uma pessoa acumula riquezas, não impede a outra de acumular também.

Mas para isso precisamos de instituições!

Precisamos de segurança jurídica.

Precisamos de um Estado correto.E acima de tudo, resgatar nos nossos Parlamentos, o respeito e a admiração pelo debate de ideias com argumentos baseados na lógica e na razão.

Mas um povo que não tem educação, não vai exigir de seus políticos um debate com lógica e razão, com argumentos, e será facilmente manipulado através de paixões.

As ferramentas que proporcionam a Era de Conhecimento são a chave.

Utilizar as redes sociais, a tecnologia, e a facilidade de comunicação que temos com apenas um clique entre todo o continente, onde compartilhamos o mesmo idioma, compartilhamos a cultura, que compartilhemos agora, uma troca de ideias, para começar a expor e acabar com o Populismo pelo que é uma postergação da pobreza, da ignorância e de manter os povos submissos, sob a ilusão de que só os bens materiais importam ao votar.

É por isso, amigos, que lhes proponho, que no dia de amanhã ao assinarmos a Declaração de Zaragoza, todos, como os líderes latino americanos que somos, nos comprometamos a acabar com o Populismo utilizando a tecnologia, e usando como ferramenta a República, que é o único sistema que realmente resgata as instituições, baseando-se na razão, na lógica, nos argumentos, e na troca de ideias. Muito obrigada!

"El populismo ama tanto a los pobres que los multiplica" - Mariano Grondona" - Mariano Grondona.

Foz do Iguaçu, 26/08/2015

Publicado no www.nelmite.blogspot.com em 26/08/2015

Publicado no Recanto das Letras em 26/08/2015

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