COLLOR- O HÓSPEDE DA PAPUDA

E não é que o ofendido Fernando Collor de Mello subiu na tribuna do Senado para desancar o Procurador Janot, por que este o denunciou como beneficiário das propinas distribuídas pelo propinoduto da Petrobrás? Como se isso fosse uma ofensa imperdoável, o “”coxinha” alagoano, dono de uma capivara maior que a de um chefão do PCC, desceu o cacete no Procurador, como se ele estivesse fazendo com ele uma injustiça das mais odiosas.
Esse cara, Collor, não tem mesmo um pingo de vergonha na cara. Só pelo que fez quando foi presidente já devia ter abandonado a vida pública há muito tempo, evitando dar a todos os brasileiros o desgosto da sua presença.
Mas ele não se emenda. Nem bem conseguiu apagar a ficha de propineiro, corrupto e mau caráter, que ele sempre foi, eis que é pego na rede da Lava a Jato, como destinatário de uma propina milionária, avaliada em mais de vinte e cinco milhões de reais. E ao ser denunciado, ao invés de ocupar-se com a defesa, procurando mostrar a inconsistência da acusação, parte ele para a briga contra o Procurador Janot, como se o digno representante do Ministério Público fosse um reles caluniador que está procurando difamá-lo.
Qualquer pessoa que tenha um mínimo de informação sabe que para se fazer uma denúncia é preciso que pelo menos exista uma evidência de culpa. A culpa pode ser provada ou não, mas isso tem que ser feito no curso de um processo legal onde se garanta ao acusado o contraditório e a ampla defesa.
Não é isso que o senador Collor está fazendo. Ele logo recorre á uma espécie de “reconvenção” fascistóide, muito a gosto dos coronéis nordestinos, que aliás está no seu DNA. A reconvenção, como os profissionais das lides jurídicas sabem é um instituto de direito processual, que permite ao réu de uma ação, em rito ordinário, responder ao autor com uma pretensão em contrário. No caso, Collor responde á acusação com outra acusação, procurando descontruir o autor da ação, ao invés de contestar os termos em que ela se ampara.
Isso é próprio de indivíduos da laia dele. Nem se dá conta de que o Procurador Janot é um funcionário público cuja função é defender o interesse público contra ações predatórias de indivíduos safados, como esse mau senador e cidadão das Alagoas. E o que ele está fazendo é exatamente isso: protegendo o erário público contra pessoas como ele.
Quando Collor sofreu o impeachement, as autoridades judiciárias entenderam que o afastamento dele do cargo foi castigo suficiente. E ele acabou sendo inocentado das demais acusações, embora houvesse provas de prevaricação e corrupção, suficientes para botá-lo na cadeia por um bom par de anos. A proverbial impunidade que faz parte do sistema penal brasileiro o salvou naquela ocasião. Mas quem se acostumou ao uso do cachimbo não consegue evitar nem esconder a boca torta. E sempre acaba caindo de novo no mesmo erro.
Quem sabe desta vez esse boquirroto senhor de saco roxo vai, finalmente, ocupar o lugar que realmente lhe cabe nos escalões de Brasília: uma cela na penitenciária da Papuda.