Rogério Jordão
Ruas não roncam e Dilma ganha fôlego
 
Por Rogério Jordão


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Se os protestos deste domingo (16) serviriam como termômetro para o sucesso do roteiro de impeachment de Dilma, este resfriou. O fato é que as ruas não roncaram. Para que as ruas sinalizassem nessa direção, teria sido necessário um movimento igual ou maior do que o de março. Algo que deixasse no ar um rastro de desobediência civil. De transbordamento. Nada disso se viu nos protestos anti-Dilma pelo Brasil afora, embora os grupos organizados que foram às ruas tenham dado uma demonstração de força. 

Foi mais um bem-sucedidoflash mob do que um protesto capaz de abalar os alicerces da República.
Estive no Rio de Janeiro na manifestação da orla de Copacabana. Por volta do meio-dia o que havia ali era uma multidão que se espraiava do posto 4 ao 5 em uma das pistas, algo como um quilômetro de asfalto. Umas cinco mil ou seis mil pessoas, talvez. Saindo de lá algumas centenas de metros e a manifestação desaparecia – não empolgou a cidade nem sequer a própria orla de Copacabana ou outros pontos de aglomeração de gente na zona sul como o Aterro do Flamengo. Fora do burburinho do posto 4 à beira-mar, quase ninguém vestia a camiseta da seleção brasileira ou portava bandeiras e cartazes. É muito pouco para um impeachment. 

Que existe uma insatisfação generalizada em relação a Dilma é evidente e todas as pesquisas mostram isso. Mas esta não se fez presente massivamente nas ruas no dia 16. Há insatisfações e insatisfações. Os grupos organizados que saíram às ruas no domingo expressam apenas uma faceta do desconforto. É uma agenda que parece restrita aquela que se propaga dos caminhões de som. Não transcende barreiras. Oferece menos do que acusa. É fechada em si mesma.
Mas não apenas isto. O tão aguardado (pelo mundo político) domingo 16 foi o desfecho de uma série de acontecimentos na verdade favoráveis ao governo. E para resumir: as declarações de apoio à estabilidade institucional vindas de grupos econômicos importantes; as inflexões no Tribunal Superior Eleitoral e no Tribunal de Contas da União (que prorrogaram  julgamentos com potencial de promover o encurtamento do mandato presidencial) e a chamada Agenda Brasil do Renan que flerta com diferentes interesses corporativos.
Os acontecimentos de agosto sugerem, até aqui, que um novo pacto se desenha e dele as ruas figuram como audiência. Nestes termos o governo vai atingindo um objetivo imediato: ser ele próprio o fiador da retomada de algum tipo de estabilidade política, sem a qual fica mais difícil a melhora da economia.
Com as bolas de cristal espatifadas, porém, ninguém sabe o que vai acontecer. A imprevisibilidade ainda impera. Expressão disso é a Operação Lava-Jato, que chegou recentemente a 500 dias de atividade. Espalhando suas brasas para todo o sistema político e suas conexões econômico-negociais, a Operação é, na equação toda, fator de grande incerteza. Ou será que alguma força política se sente navegando em águas seguras?
Superar a crise será como compor um mosaico a muitas mãos.
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Com excessão da Capital Paulista (que teve uma adesão razoável) no restante do País o MOVIMENTO FOI PÍFIO - uma decepção para quem esperava um protesto retumbante.

Ficam 2 perguntas:

1. Será que os turistas brasileiros que estão passeando pelo exterior se preocupam com a política vigente no País?

2. As madames e os coxinhas que bateram panelas nas praças e nas ruas lavam suas louças e panelas em casa?