A prisão de José Dirceu e seu irmão pode dar a sensação de que a situação do Governo Dilma ficou ainda pior, mas isso não é verdade. Aliás, nem a do PT, pois o partido já está tão fragilizado que nada mais pode piorar as coisas, só se as denúncias envolvessem o ex-presidente Lula. Quaisquer novas denúncias não vão afetar mais o governo Dilma do que já afetou, até porque o problema não é exatamente a Operação Lava a Jato e sim a falta de apoio político no Congresso, fruto da falta de um coordenador político capaz e da incompetência de sua base aliada em manter a governabilidade. O fisiologismo no Congresso chegou a tal ponto que o toma lá da cá não tem mais limites. É cada um por si, atento apenas aos seus próprios interesses. Aliás, boa parte dos partidos governistas agem mais como oposição do que aliados do governo. Claro que o governo é culpado por ter deixado a situação chegar a esse ponto, mas o Congresso – principalmente a Câmara dos Deputados – procura dificultar ao máximo as coisas. Assim, a prisão de José Dirceu pode ter algum impacto no PT, mais por ele ser uma das figuras mais importantes do partido, mas não muda em nada a situação do governo. Até porque, diferente da maioria dos presos na Lava a Jata, ele é um homem experiente, ex-preso político e acostumado com as adversidades, portanto vai preferir apodrecer na cadeia a fazer uma delação premiada. Por isso sua prisão não representa nenhuma ameaça a Lula ou ao PT. Agora quanto ao irmão dele são outros quinhentos. Sob forte pressão ele poderá sim vir a aceitar os benefícios da delação.