A política e a cultura do coronelismo

O coronelismo foi um sistema de poder político que vicejou na época da República Oligárquica (1889-1930), caracterizado pelo enorme poder concentrado em mãos de um poderoso local, geralmente um grande proprietário, um dono de latifúndio, um fazendeiro ou um senhor de engenho próspero. Ele não só marcou a vida política e eleitoral do Brasil de então como fez por contribuir para a formação de um ambiente muito próprio, cultural, musical e literário que fez da sua figura um participante ativo do imaginário simbólico nacional. Não só os homens de letras procuraram reproduzir em seus livros o que era viver sob o domínio de um coronel, como os feitos e as façanhas deles foram luz de velas, de lamparinas e de lâmpadas, pela história oral do avô para o seu neto, fazendo com que quase todo mundo soubesse de uma "história" ou "causo do coronel". Identificado com o Brasil do passado, agrário, rústico e arcaico, ele ainda sobrevive em certas comarcas e em certos estados do Nordeste brasileiro como o poderoso "mandão local", uma espécie de velho barão feudal que, desconsiderando as razões do tempo e da época, insiste em manter-se vivo e atuante.

O coronelismo institucional surgiu com a formação da Guarda Nacional, criada em 1831, como resultado da deposição de dom Pedro I, ocorrida em abril daquele ano. Inspirada na instituição francesa, forjada pelos acontecimentos de 1789, a "guarda burguesa" era uma milícia civil que representava o poder armado dos proprietários que passaram a patrulhar as ruas e estradas em substituição às forças tradicionais, derrubadas pelos revolucionários. Para ser integrante dela era preciso, pois ser alguém de posses, que tivesse recursos para assumir os custos com o uniforme e as armas necessárias (200 mil réis de renda anual nas cidades e 100 mil réis no campo).

O governo da Regência (1831-1842) colocou então os postos militares à venda, podendo então os proprietários e seus próximos adquirirem os títulos de tenente, capitão, major, tenente-coronel e coronel da Guarda Nacional (não havia o posto de general, prerrogativa exclusiva do Exército). Assim é que com o tempo, o coronel passou automaticamente a ser visto pelo povo simples como um homem poderoso de quem todos os demais eram dependentes. Configurou-se no Brasil daqueles tempos uma clara distinção social onde os representantes dos dominantes eram identificados pelo rango militar (coronel, major, etc..) enquanto que os dominados pelo coronel o eram pela visível identificação genérica de "gente", ou a zoológica "cria" (sou "cria" do coronel fulano).

O coronelismo na história política nacional nada mais foi do que a expressão brasileira de um fenômeno tipicamente ibérico, o do caudilhismo ou do caciquismo. Toda a vez que na Península Ibérica, por uma razão qualquer, o poder político central ficou abalado, enfraquecido, deu-se a ascensão do chefe provincial ou local que adquiria expressão militar e jurídica própria. O caudilhismo nasceu na Espanha medieval em luta contra os mouros, quando um rei dava a um chefe militar ou um aventureiro qualquer que o solicitava uma "carta de partida", que o autorizava a recrutar homens e a arrecadar recursos para lutar na cruzada contra os homens do califa muçulmano. Foram célebres as façanha de Cid, o campeador, que lutou e integrou Valencia ao reino da Espanha no século XI, sendo desde então considerado como a patriarca de todos os caudilhos que se seguiram.

O cenário que envolvia e promovia o coronelismo era o do mundo rural brasileiro, dominado pelo latifúndio, o engenho, a fazenda e a estância. Um universo próprio, interiorano, bem afastado das grandes cidades, isolado do mundo. As comunicações eram raras e difíceis, feitas por canoa, barco, balsa, carro de boi, charrete, ou na sela do cavalo, puxando os arreios da mula ou do jerico. Na verdade, o coronel, personificação mais acabada do poder privado no Brasil, mandava num pequeno país do qual ele era um imperador com poder de vida e morte sobre os seus (ainda que não reconhecido juridicamente). Os moradores eram-lhe inteiramente obedientes, poucos ousando desafiar-lhe a autoridade ou disputar-lhe o mando, a não ser que por perto um outro coronel o desafiasse. Praticamente ninguém ao redor dele era instruído, sendo comum entre os considerados alfabetizados apenas saberem desenhar o nome no papel, o suficiente para que se tornassem eleitores fiéis dos candidatos propostos pelo coronel. Estudos posteriores sobre o coronelismo mostraram, entretanto que ele não se compunha apenas por proprietários de terras, havendo igualmente coronéis com outra posição social, tais como o coronel-comerciante, o coronel-industrial (o célebre Delmiro Gouveia, de Alagoas), o coronel-padre (como o padre Cícero no Ceará, o mais famoso líder do catolicismo popular e ídolo dos sertanejos).

Materialmente o mundo dos coronéis era povoado pela escassez de tudo e pela pobreza quase que absoluta, quando não miséria dos moradores, o que explica a enorme dependência que todos tinham dele. Ele era um pode-tudo a quem era preciso recorrer nas mais diversas situações, sendo portanto compreensível que o coronel exigisse daqueles que se qualificavam como votantes, o compromisso da fidelidade. Na ausência quase que absoluta do Estado, era o coronel quem exercia as mais variadas funções, sendo simultaneamente o detentor do poder político, jurídico e legislativo do município que lhe cabia, fazendo com que sua autoridade cobrisse todos os espaços daquela geografia da solidão que era o seu feudo.

Os estudiosos dividiram o coronelismo em três tipos; o tribal, o personalista e o colegiado. O tribal parece um patriarca de um clã, cujo poder se espalha por vários municípios e deriva dele pertencer a uma família tradicionalmente poderosa. O personalista deve tudo ao seu carisma pessoal, a ter certos atributos que são só dele e são impossíveis de transmitir por herança, geralmente desaparecendo com sua morte. Por último, aqueles que são mais estáveis, e que dirigem os negócios políticos em comum acordo com outros coronéis sem que haja grandes desavenças entre eles. As bases do seu poder são:

a) A terra. Num país de dimensões agrárias tão vastas, a riqueza dos indivíduos era medida pela extensão da propriedade. Logo era fundamental para a afirmação e continuidade do poder do coronel ele possuir significativas extensões de terra.

b) A família, ou a parentela, como prefere Maria Isaura Pereira de Queiroz, permitia ao coronel por meio de casamentos arranjados ampliar o seu domínio, colocando gente do seu sangue e da sua confiança em todo os escalões do poder municipal e estadual.

c) Os agregados. A imensa quantidade de parentes distantes, compadres, afilhados e demais protegidos do coronel, que ajudavam a estender o poder dele para fora da família núcleo (a gente do seu próprio sangue), permitindo que sua autoridade se espalhasse para regiões bem mais distantes do que a do seu feudo.

Os republicanos de 1889 ficaram surpreendidos pelo vigor do sistema coronelístico. Apesar de ampliarem os direitos de voto, assegurando aos alfabetizados poderem tornar-se eleitores, rapidamente verificaram que a universalização do sufrágio não redundou no enfraquecimento dos coronéis. Ao contrário, como os cidadãos votantes eram poucos (talvez os que soubessem ler e escrever, um século atrás, mal atingissem os 20% da população inteira), facilmente eles foram conduzidos pelos apaniguados dos mandões, especialmente no interior do País, a comportarem-se com docilidade. O voto de cabresto foi decorrência disso. O eleitor trocava o seu voto por um favor. Este poderia ser um bem material (sapatos, roupas, chapéus, etc.) ou algum tipo de obséquio (atendimento médico, remédios, verba para enterro, consulta médica, matrícula em escola, bolsa de estudos, etc.). Esta placidez obediente dos que tinham direito a votar fazia com que eles fosse integrantes do curral eleitoral. Ao comportarem-se nas eleições tais como bois mansos era inevitável que os considerassem como gente de segunda classe, incapaz de reagir ao despotismo do manda-chuva.

Os coronéis, enfim, fizeram o processo eleitoral republicano funcionar a favor deles, colaborando para isso o fato do desaparecimento do poder unitário (representado pelo imperador), em detrimento dos poderes regionais e, em seguida, dos municipais. Para ampliar ainda mais o seu mando tornaram-se comuns práticas ilícitas de manipulação eleitoral, tais como o eleitor-peregrino (o sujeito que votava diversas vezes) ou o eleitor-fantasma (não davam baixa dos mortos das listas eleitorais, permitindo que alguém votasse em nome deles, fazendo deles "defuntos cívicos" que levantavam da tumba para irem até as juntas eleitorais), e mais toda uma série de trapaças outras que pertencem ao riquíssimo folclore político brasileiro.

Para chegar ao povo votante, o coronel ativava o cabo eleitoral, alguém prestativo do seu meio que, em troca de favores, assumia o papel de porta-voz das inclinações eleitorais do coronel. Em outros acasos, convocava algum líder local próximo para que também arrebanhasse os votos para o seu candidato. O resultado das eleições quase sempre passava pelo crivo de um seu representante no conselho eleitoral, alguém que, em seu nome, vigiava para que o resultado final satisfizesse os partidários do coronel. Observe-se que a não existência do voto secreto (adotado após a Revolução de 1930), facilitava o controle sobre o eleitor, aumentando-lhe o constrangimento. A fraude, portanto, imperava na época da República Velha, ela era, por assim dizer, a expressão acabada do mandonismo dos coronéis, demonstrativo da impotência e das limitações da democracia brasileira. Se nas cidades ainda funcionavam os empolgantes comícios, o universo político do coronel movia-se pelo cochicho, pelo conchavo e pelo cambalacho.

O coronelismo nunca foi um sistema pacífico. A própria natureza do tipo de dominação que ele exercitava implicava na adoção de métodos coercitivos, ameaçadores, quando não criminosos. As linhas da violência dirigiam-se em dois sentidos, no horizontal quando o coronel travava uma disputa qualquer com um outro rival do seu mesmo porte, e no vertical, quando ele desejava impingir alguma coisa aos de baixo ou que se negavam a aceitar a sua guarda. Para o exercício efetivo disso, ele contava com dois elementos básicos: o pistoleiro contratado para atuar a seu serviço, geralmente um capanga da sua confiança, ou um grupo de jagunços, um bando de caboclos dedicados ao ofício das armas que serviam-lhe como uma milícia privada, vivendo à sombra da sua autoridade. Inúmeras vezes, como mostrou Guimarães Rosa (Grande Sertões: veredas, 1956) o mataréu brasileiro foi ensangüentado pela batalhas travadas por esses exércitos de jagunços, atraídos pela aventura, pelos favores e pela macheza do coronel que os comandava. Porque, como assegurou o seu personagem Riobaldo, o sertão era tão bravo que "Deus mesmo, quando vier, que venha armado!"

Ao legar ao seu sucessor um mecanismo político mais estável do que aquele que herdara, o presidente Campos Salles fundou um sistema de troca de favores que, partindo do executivo federal, espalhou-se pelo pais inteiro. De certa forma aquilo que convencionou-se chamar de política dos governadores, implementada em 1902, lembra, na sua simplicidade, o toma lá, dá cá, praticado nos antigos reinos medievais. Naqueles tempos, os monarcas se sustentavam com o apoio dos condes, estes dos barões, e assim sucessivamente até chegar-se ao vilão ou ao pároco da aldeia, envolvendo todos eles num sistema mútuo de fidelidades e compromissos. O presidente da república exigia que os governadores lhes enviassem bancadas concordes com a sua política. Em troca, ele sustentava as propostas regionais dos governadores (inclusive com apoio militar se fosse preciso). Estes por sua volta articulavam-se com os coronéis do seu estado, fazendo com que também eles mandassem para a assembléia legislativa na capital do estado, deputados acertados com os interesses políticos do governador.

Um enorme mecanismo de favores e contrafavores, principiando nas fraldas de qualquer município brasileiro estendia-se assim, passando antes pelo palácio do governador, até chegar ao centro do poder no Palácio da Guanabara do Rio de Janeiro. Durante trinta anos esse sistema funcionou a contento. Se pecava contra a educação democrática do povo, ao viciar completamente os resultados eleitorais, trouxe pelo menos uma certa estabilidade invejável à turbulenta e instável crônica política brasileira. Mesmo quando ele foi sacudido pelas várias revoltas promovidas pelo Movimento Tenentista (em 1922, 1924 e 1926), ele mostrou-se hábil em sobreviver.

Como não poderia deixar de ser a literatura brasileira foi pródiga neste século em abrigar as façanhas e malvadezas dos coronéis. O mundo rural, violento e rústico, onde eles se moviam, mereceu copiosas descrições, e os "causos" em que eles foram participantes ativos viraram contos ou histórias dos romancistas e dos roteiristas das telenovelas brasileiras, quando não os próprios coronéis tornaram-se personagens centrais da obra (como no caso de São Bernardo de Graciliano Ramos, ou o do Coronel e o lobisomem de José Cândido de Carvalho). Notáveis descrições do cenário em que eles viveram e lutaram encontram-se no Os Sertões de Euclides da Cunha, e no já citado Grande Sertões: Veredas de Guimarães Rosa. Numa situação onde o autor assume a identidade do coronel para registrar-lhe as impressões, encontra-se no Memórias do coronel Falcão, de Aureliano Figueiredo Pinto. Jorge Amado, o escritor brasileiro de maior expressão internacional, abordou o coronelismo em todas as suas facetas nos seus romances do chamado ciclo do cacau (São Jorge de Ilhéus, Cacau, e no popularíssimo Gabriela cravo e canela).

[POR VOLTAIRE SCHILLING]

NAS QUESTÕES OBJETIVAS ABAIXO, MARQUE UM X

Lembre-se que ao entregar as respostas das questões abaixo, use letra Maiúscula. Dê uma à outra resposta, deixe espaço de duas (2) linhas. Você pode colocar as respostas no mesmo lado da folha.

1. O período de 1900 a 1930, identificado no processo histórico brasileiro como República Velha, teve por traço marcante:

a) o pleno enquadramento do Brasil às exigências do capitalismo inglês, ao qual o país se mantinha cada vez mais atrelado.

b) a abertura para o capital estrangeiro, principal alavanca do rápido desenvolvimento da região amazônica.

c) a modificação da composição social dos grandes centros urbanos, com a transferência de mão-de-obra do Centro-Sul para áreas do Nordeste.

d) o fortalecimento da burguesia mercantil, que se utilizou do Estado como instrumento coordenador do desenvolvimento.

e) o predomínio das oligarquias dos grandes Estados, que procuravam assegurar a supremacia do setor agrário-exportador.

2. "Voto de cabresto", "curral eleitoral", "eleição a bico de pena", "juiz nosso", "delegado nosso", "capangas" e "apadrinhamento" são expressões que lembram em nosso país o:

a) totalitarismo.

b) comunismo.

c) coronelismo.

d) messianismo.

e) liberalismo.

3. O coronelismo, fenômeno social e político típico da República Velha, embora suas raízes se encontrem no Império, foi decorrente da

a) montagem de modernas instituições - autonomia estadual, voto universal - sobre estruturas arcaicas, baseadas na grande propriedade rural e nos interesses particulares.

b) instituição da Comissão Verificadora de Poderes que possuía autonomia para determinar quem deveria ser diplomado deputado - reconhecendo os vitoriosos nas eleições.

c) supremacia política dos Estados da região sul - possuidores de maior poder econômico - cuja força advinha da maior participação popular nas eleições.

d) predominância do poder federal sobre o estadual, que possibilitava ao governo manipular a população local e garantir à oligarquia a elaboração das leis.

e) promulgação da Constituição Republicana que institui a centralização administrativa, favorecendo nos Estados as fraudes eleitorais.

4. "Na Bruzundanga, como no Brasil, todos os representantes do povo, desde o vereador até o presidente da república, eram eleitos por sufrágio universal e, lá, como aqui, de há muito que os políticos tinham conseguido quase totalmente eliminar do aparelho eleitoral este elemento perturbador - 'o voto'. Julgavam os chefes e capatazes políticos que apurar os votos dos seus concidadãos era anarquizar a instituição e provocar um trabalho infernal na apuração porquanto cada qual votaria em um nome, visto que, em geral, os eleitores têm a tendência de votar em conhecidos ou amigos. Cada cabeça, cada sentença; e para obviar os inconvenientes de semelhante fato, os mesários de Bruzundanga lavravam as atas conforme entendiam e davam votações aos candidatos, conforme queriam. (...) Às vezes semelhantes eleitores votavam até com nome de mortos, cujos diplomas apresentavam aos mesários solenes e hieráticos que nem sacerdotes de antigas religiões".

(BARRETO, Lima. OS BRUZUNDANGAS. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. p. 65-66)

Todas as alternativas contêm afirmações que confirmam o comportamento eleitoral criticado na sátira de Lima Barreto, EXCETO:

a) O sistema eleitoral descrito como corrupto estava na base da política dos governadores, posta em prática pelas oligarquias na chamada República Velha.

b) O sistema eleitoral fraudulento foi consolidado, no fim dos anos 20, através da ação decisiva da Aliança Liberal.

c) O domínio político dos coronéis rurais garantia a mecânica eleitoral fraudulenta operada através do voto de curral.

d) O voto de cabresto era uma forma de manipulação do eleitorado seja através da compra de voto seja através da troca do voto por favores.

e) O interesse das elites agrárias e a exclusão das demais classes sociais da política estavam garantidos nesse sistema político-eleitoral.

5. A república velha teve como característica social e política uma estrutura que vinha desde o período regencial, quando o padre Feijó criou a Guarda Nacional, em 1831. Baseada no latifúndio, no mandonismo local, nos chamados currais eleitorais e no voto de cabresto, essa estrutura ficou conhecida como

a) anarquismo.

b) capitalismo de estado.

c) socialismo.

d) republicanismo social.

e) coronelismo.

6. Leia os textos a seguir.

TEXTO I

De acordo com a nova lei, a Lei da Ficha Limpa, ficam inelegíveis por oito anos, além do período remanescente do mandato, aqueles que cometeram lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.

Maurício Savarese, em Brasília UOL, 17/2/2012

TEXTO II

Ficou popularmente conhecido como voto de cabresto o sistema tradicional de controle de poder político por meio do abuso de autoridade, compra de votos ou utilização da máquina pública para favorecimento pessoal ou de simpatizantes políticos.

Por Emerson Santiago

A partir da análise dos textos pode-se inferir que as informações

A) são referentes a um tempo histórico diferente, 1ª República e Brasil atual, mas defendem as mesmas ideias a respeito do processo eleitoral no Brasil.

B) os dois textos definem o pleito eleitoral no Brasil como democrático e universal, tendo como modelo as eleições norte-americanas.

C) são contraditórias; enquanto o texto I defende a transparência eleitoral, o segundo texto enaltece o total controle do processo eleitoral por um seleto grupo.

D) pertencem ao mesmo período histórico, mas são diferentes com relação ao espaço geográfico. O primeiro texto especifica a região Nordeste e o texto II a região Sudeste do Brasil.

E) os dois textos são antagônicos no espaço; o primeiro refere-se ao Brasil no período imperial e o segundo a um modelo importado de Portugal.

7. No Brasil, o Coronelismo, fenômeno político da Primeira República, tinha como uma de suas principais prerrogativas a

A) autonomia política resultante da organização da economia rural da época.

B) prática da cidadania política vinculada à estrutura social dominante no período.

C) limitação do exercício da cidadania, com o voto de cabresto, que assegurava o controle do voto.

D) adoção de valores éticos para o atendimento das demandas políticas da sociedade.

8. O coronelismo foi uma peça importante da perversa engrenagem que impedia a representatividade política da maioria da população, principalmente a parcela da sociedade mais carente.

Podemos definir o coronelismo como:

a) Sistema de poder cujo grupo político que alternava-se no poder federal como forma de garantir a manutenção dos privilégios aos seus respectivos Estados.

b) Sistema de poder que consistia na troca de favores entre o poder estadual e municipal a fim de garantir seus interesses políticos utilizando práticas fraudulentas para vencer as eleições.

c) Sistema de poder no qual o coronel era uma peça secundária e sua participação era ofuscada pela Comissão de Verificação, pois na prática era esta quem declarava os candidatos eleitos.

d) Sistema de poder baseado no coronel o líder político local, grande proprietário de terras que usava jagunços para formar os currais eleitorais, através de práticas de intimidação ao eleitor.

e) Sistema de poder político que arregimentava grande número de seguidores a partir de suas pregações religiosas que convenciam os mais pobres a se submeterem ao seu controle.

9. Analise as alternativas abaixo

(a) "O coronelismo é um sistema político, uma complexa rede de relações que vai desde o coronel até o presidente da República, envolvendo compromissos recíprocos. O coronelismo, além disso, é datado historicamente. Na visão de Vitor Nunes Leal ele surge na confluência de um fato político com uma conjuntura econômica. O fato político é o federalismo implantado na República (...) A conjuntura econômica era a decadência econômica dos fazendeiros."

(Adaptado de CARVALHO, José Murilo de. "Mandonismo, coronelismo e clientelismo: uma discussão conceitual")

(b) O Coronelismo é uma prática de cunho político-social, própria do meio rural e das pequenas cidades do interior, que floresceu durante a Primeira República (1889-1930) e que configura uma forma de mandonismo em que uma elite, encarnada emblematicamente pelo proprietário rural, controla os meios de produção, detendo o poder econômico, social e político local.

(c) Coronelismo é a influência do coronel na vida política e social em algumas regiões brasileiras. Principalmente, na região Nordeste.

(d) O coronelismo ficou marcado pelo voto de cabresto e eleições fraudulentas.

(e) TSV.

10. Entre as principais características do modelo político adotado no Brasil durante a República Velha (1889-1930), destacaram-se

(A) a política do Regresso Conservador, o militarismo e o voto

censitário.

(B) a “política dos governadores”, o coronelismo e o “voto de

cabresto”.

(C) o parlamentarismo às avessas”, o clientelismo e o voto a

descoberto.

(D) a “política do café com leite”, o coronelismo e o voto

secreto censitário.

(e) a política de valorização do café, o populismo e o voto

universal.

11. O poder político na República Velha (1889-1930), a partir de 1894, esteve sob controle de oligarquias agrárias estaduais. No âmbito do governo federal, paulistas e mineiros revezaram-se no poder (política do café com leite), sustentados pela chamada política dos governadores. Esta consistia numa troca de favores entre o Presidente da República e os governantes estaduais, funcionando da seguinte forma: o Presidente apoiava a oligarquia estadual dominante, por meio da concessão de verbas para a realização de obras nos estados, e cada governante estadual comprometia-se a eleger apenas deputados que apoiassem o governo federal. Este mesmo esquema de troca de favores eleitorais funcionava também entre os governos estaduais e os chefes políticos municipais, os chamados coronéis. Sobre as eleições na República Velha,

podemos afirmar que:

a) Eram disputadas por agremiações partidárias nacionais e ideologicamente heterogêneas.

b) Homens e mulheres maiores de 21 anos e alfabetizados podiam participar das eleições como candidatos e eleitores.

c) O alistamento eleitoral e o voto eram obrigatórios, o que explica a existência dos chamados currais eleitorais e o voto de cabresto, sob controle dos coronéis.

d) O voto era secreto e universal, permitindo que a oposição às oligarquias dominantes nos estados elegessem candidatos, mesmo que estes não fossem reconhecidos pela Comissão Verificadora de Poderes, organismo responsável pela fiscalização dos pleitos eleitorais e confirmação ou não dos candidatos eleitos.

e) O universo de eleitores era reduzido, em função da exclusão de mulheres, analfabetos, soldados e padres das eleições.

12. Sobre a política dos governadores podemos afirmar que:

A). baseava-se no coronelismo, no poder das oligarquias e na Comissão

Verificadora.

B). consistia na aliança entre o Poder Legislativo Federal e o Congresso

Nacional.

C). não dependia do coronelismo, nem do voto de cabresto.

D). consistia na justa ação da Comissão Verificadora em defesa da

autenticidade das eleições e a manifestação da verdadeira vontade

popular.

13. ) (...) A pergunta “Quem é você?” recebia invariavelmente a resposta: “Sou gente do coronel Fulano”. Essa maneira de redargüir

dava imediatamente a quem ouvia as coordenadas necessárias para conhecer o lugar socioeconômico do interlocutor, além de sua posição política. Maria I. P. de Queiroz - História Geral da Civilização Brasileira

O fenômeno sociopolítico, a que se alude no fragmento acima e que alcançou seu maior vigor nas primeiras décadas do Brasil republicano, pode ser entendido como

a) a expressão do poder político dos empresários industriais, que, embora formassem uma classe numericamente pequena, experimentavam desde o Império um significativo crescimento de sua importância econômica.

b) o resultado da militarização das instituições políticas brasileiras em virtude de a liderança do movimento republicano ter sido exercida por militares, como Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.

c) uma reação dos líderes políticos nos Estados à instituição do voto secreto pela Constituição de 1891, inovação que reduziu drasticamente o poder dos grandes proprietários rurais.

d) uma forma de clientelismo em que chefes políticos locais (geralmente proprietários rurais), dominando grupos de eleitores e lançando mão sistematicamente da fraude eleitoral, sustentavam o poder das oligarquias no plano estadual e, indiretamente, no federal.

e) a consequência da ascensão social — por meio das escolas militares — de membros das classes médias urbanas, formando uma oficialidade coesa de tenentes, capitães, majores e coronéis.

14. Os primeiros anos da República Brasileira foram caracterizados pelo domínio político e econômico da elite rural, sobretudo a paulista e a mineira, gerando um modelo oligárquico agroexportador dependente da venda do café. A República Velha ou Primeira República (1889/1930) teve a marca do “coronelismo”, que se evidencia no plano político

pelas seguintes práticas:

(A) voto universal e democracia plena;

(B) voto censitário e compra de votos;

(C) voto universal e compra de votos;

(D) voto censitário e democracia plena;

(E) voto de cabresto e manipulação eleitoral.

15. “... meia dúzia de retratos, lanche, passagem. Fora a distribuição de máquinas de costura, empréstimos de vaca com cria pra quem tá carecendo de leite, casa de graça para morar, mula pra quem precisa de montaria. E depois de tudo isso, no dia da eleição, ainda tem matuto querendo ver direito o nome dos candidatos. Pode não, oxente!”

(RIBEIRO, Marcus Venício et alii. Brasil Vivo. Petrópolis, Ed. Vozes, 1992.)

No fragmento textual acima, o historiador Marcus Venício Ribeiro faz uma crítica à prática política brasileira identificada como:

a) Política do café-com-leite, conforme ironiza na frase “empréstimos de vaca com cria pra quem tá carecendo de leite”.

b) Indústria da Seca, em que a figura da mula é utilizada pelo historiador para criticar os fazendeiros que fazem os pobres de “burros de carga” no período de estiagem.

c) Voto de cabresto, representado no texto em tom caricatural através dos favores políticos e do controle dos eleitores.

d) Lei de Terras, que desde 1850 vem normatizando o acesso à terra no Brasil, prejudicando o homem do campo que precisa de “casa de graça para morar”.

e) Migração, em que os nordestinos, sem conhecerem os candidatos do centro-sul, votam em qualquer um, conforme diz o autor: “no dia da eleição, ainda tem matuto querendo ver direito o nome dos candidatos”.

16. Para responder à questão, leia o trecho a seguir, sobre o coronelismo no Brasil: Um segundo sistema de recrutamento da elite funcionava no

nível estadual e regional, a chamada política dos coronéis ou coronelismo. Chefes regionais, ostentando patentes militares honorárias da Guarda Nacional, estabeleciam vínculos de apoio recíproco com os governadores estaduais. Os coronéis mantinham a paz local, realizavam eleições fraudulentas para os candidatos dos governadores e ocasionalmente

contribuíam com jagunços para as milícias estaduais. Em troca desses serviços, os coronéis recebiam verbas para obras públicas e uma autonomia local praticamente completa. HEINZ, Flávio M. Por Outra Historia das Elites. Rio de Janeiro: FGV, 2006, p.106.

A prática de coronelismo descrita no texto caracteriza o período da história brasileira conhecido como:

(A) República Velha

(B) Segundo Império

(C) Regime Militar

(D) Ditadura Vargas

(E) Período Regencial

17. O estabelecimento da República, a bem da verdade, o estabelecimento da Federação, permitiu que as diversas oligarquias ascendessem ao poder, no âmbito regional, assumindo o controle da máquina administrativa, em particular, da fiscalidade, construindo mecanismos para sua eternização no poder. MONTEIRO, Hamílton de Mattos. Da República velha ao Estado novo: o aprofundamento do regionalismo e a crise do modelo regional. In: LINHARES, Maria Yedda (Org.).História geral do Brasil: da colonização portuguesa à modernização autoritária. 9.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1990. p. 302.

O texto refere-se ao sistema de mando denominado:

(A) Coronelista.

(B) Federalista.

(C) Municipalista.

(D) Imperialista.

(E) Patrimonialista.

18. “Para servir aos coronéis [ou chefes políticos], os sertanejos de qualquer categoria social, trabalhador, parceiro ou pequeno proprietário, e a fim de dar uma aparência legal ao predomínio dos mesmos, tinha de 'votar com ele'. Os analfabetos aprendiam às vezes assinar o nome para poder lançar na urna o voto cujo nome não podiam ler. E, se o pudessem, seria a mesma coisa. Em véspera de eleição, eram conduzidos em lotes, de qualquer modo, aos locais próximos dos postos eleitorais onde eram guardados às vezes com sentinelas, nos chamados quartéis ou currais, nos quais se fazia a concentração de eleitores. O chefe político lhes dava, além da condução, roupa, cachaça e uma papeleta de voto.”

(BASBAUM, L. História Sincera da República. De 1889 a 1930. 4ª ed. São Paulo, Alfa-Omega, 1981, pp. 191).

O texto se refere ao período da história brasileira conhecido como

República Velha (1889-1930). Com base nele e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa CORRETA:

A) Durante a República Velha os grandes coronéis controlavam os processos eleitorais, fraudando eleições e manipulando votos.

B) Durante a República Velha os grandes coronéis alfabetizavam os eleitores em troca de favores políticos.

C) Durante a República Velha os eleitores alfabetizados recebiam roupa,

cachaça e uma papeleta de voto.

D) Durante a República Velha, coronéis e eleitores eram alfabetizados nos

chamados quartéis ou currais eleitorais.

E) Durante a República Velha os eleitores alfabetizados não se submetiam ao poder político dos grandes coronéis.

19. (Modificada) A expressão “coronelismo”, muito utilizada durante a chamada República das Oligarquias, na verdade, tem sua origem no Período Regencial brasileiro, mais precisamente quando da criação da

a) Guarda Nacional durante a guerra do Paraguai.

b) Assembleia Nacional.

c) Lei Bill Aberdeen.

d) Tarifa Alves Branco.

e) Lei de Responsabilidade do Exército.

f)TSF.

20. (Modificada) O modelo político adotado no Brasil durante a República Velha (1889-1930), destaca-se pelas seguintes características

(A) a política do Regresso Liberal, o militarismo, o mandonismo das elites agrárias, o nepotismo e o voto censitário.

(B) a política de valorização do café, o populismo, o clientelismo, o nepotismo e o voto universal.

(C) o parlamentarismo, o clientelismo, o nepotismo e o voto a descoberto.

(D) a política do café com leite, entre São Paulo e Minas, o coronelismo, o nepotismo, o voto de cabresto e o voto secreto censitário.

(E) a política dos governadores, o mandonismo dos coronéis do Nordeste, de São Paulo, de Minas Gerais e o “voto de cabresto”.

(F) exceto a alternativa D, as demais são certas.

21. Concebemos o coronelismo como resultado da superposição de formas desenvolvidas do regime representativo a uma estrutura econômica e social inadequada. O coronelismo é sobretudo um compromisso, uma troca de proveitos entre o poder público, progressivamente fortalecido, e a decadente influência social dos chefes locais, notadamente dos senhores de terras. Não é possível, pois, compreender o fenômeno sem referência à nossa estrutura agrária, que fornece base de sustentação das manifestações de poder privado ainda tão visíveis no interior do Brasil. LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. Rio de Janeiro: Forense, 1948, p. 40-41 (adaptado).

Considerando as ideias do texto, julgue os itens a seguir sobre o coronelismo:

I. Relaciona-se às viciadas formas de poder instituídas no período da República.

II. Remete à questão da terra e às barganhas entre os titulares do poder local.

III. Constitui uma manifestação do poder privado instituído na República Oligárquica, que ainda deixa marcas visíveis no interior do Brasil.

É correto o que se afirma em:

A) I, III apenas

B) II apenas

C) II e III apenas

D) I, II, III

E) III apenas

22. O coronelismo foi um dos mais característicos fenômenos sociais e políticos da República Velha. Suas raízes se encontram no Império, mas sua forma mais genuína foi fruto do entrelaçamento de modernas instituições – como o voto universal – com as arcaicas estruturas da grande propriedade rural e seus interesses particulares. (Leonel Itaussu. História do Brasil)

Aponte a alternativa que apresente atributos do coronelismo:

A - o poder político local ligado a um sistema econômico agroindustrial e urbano;

B - o poder político centralizado e o desenvolvimento urbano e industrial;

C- o poder político local ligado a uma economia essencialmente agroexportadora;

D - o poder político centralizado e uma economia essencialmente agroexportadora;

E - o poder político militarizado e um sistema econômico agroindustrial e urbano.

23. Leia o fragmento a seguir. “Muito usado, sobretudo por autores estrangeiros escrevendo sobre o Brasil, desde o trabalho pioneiro de Benno Galjart […], o conceito de clientelismo foi sempre empregado de maneira frouxa. De modo geral, indica um tipo de relação entre atores políticos que envolve concessão de benefícios públicos, na forma de empregos, vantagens fiscais, isenções, em troca de apoio político, sobretudo na forma de voto”. José Murilo de Carvalho, Mandonismo, coronelismo e clientelismo: uma discussão conceitual. Entendido como uma relação que envolve troca, tal qual em uma relação entre fornecedor e cliente, o clientelismo seria para alguns um traço distintivo da cultura política brasileira. Em contraste com uma sociedade mais amadurecida em cultura democrática, surgiria a relação marcada por uma noção substantiva de _____________.

Assinale a alternativa que COMPLETA a frase.

A) direitos

B) coronelismo

C) mandonismo

D) assistencialismo solidário

E) mercado

ATENÇÃO! AS QUESTÕES ACIMA SÃO DE IMPORTANTES UNIVERSIDADES BRASILEIRAS, ENEM, CADERNO DO ALUNO, ETEC, CURSINHOS E CONCURSOS PÚBLICOS.

Filosofiaehistoriafacil
Enviado por Filosofiaehistoriafacil em 30/07/2015
Reeditado em 05/08/2017
Código do texto: T5328763
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