DEMÔNIOS CONFESSAM SUA CULPA
Na terça-feira, 21 de julho, foi publicada matéria no “Estadão”, assinada por competentes jornalistas, que se constitui numa das mais escandalosas notícias a que tive acesso, nos últimos tempos. Notem que a imprensa nos tem brindado com notícias escandalosas, diariamente. Porém essa a que me refiro traz requintes perversos, para não dizer diabólicos, capazes de repugnar estômagos habituados a horrendas tragédias e a toda sorte de mesquinharias e obscenidades. Estou falando das manobras anunciadas por setores do governo para deter, para impedir a instalação da CPI do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A desculpa de que tal CPI traria impactos à economia maiores do que os trabalhos que apuram a roubalheira da PETROBRAS não convence nem aos asnos de carteirinha. Caso houvesse algum impacto, este seria positivo, uma vez que sanar os desmandos dentro de um Banco Público só traz vantagens a todos os setores. Além disso, o governo tenta passar, implicitamente, a ideia de que a agonia da economia brasileira se deve às investigações que estão em andamento e não a sua própria incompetência administrativa e política. Imagino que as pessoas que falam em nome do governo deveriam pensar duas vezes antes de proferir desculpas pueris e descabidas.
O pior é o trecho a seguir, retirado da mencionada matéria:
“Em conversas reservadas, auxiliares de Dilma acreditam que até mesmo os empresários, financiadores de campanha, atuarão para esvaziar a CPI.
Segundo informações obtidas pelo Estado, a equipe econômica estuda abrir uma linha de crédito para capital de giro, financiada pelo BNDES, para socorrer empresas em dificuldades após a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e evitar demissões em massa. Ministros dizem, porém, que nada disso será levado adiante se a CPI vingar.”
Esclareçam-me se eu estiver errado: o governo acredita que os empresários, financiadores de campanha, atuarão para esvaziar a CPI e, concomitantemente, acena com uma linha de crédito, financiada pelo BNDES, para socorrer empresas em dificuldades após a Operação Lava Jato. Não precisa ser Doutor em política brasileira para saber que as tais “empresas em dificuldades” são, em geral, as mesmas que financiam as campanhas. Então, trocando em miúdos, temos: o governo, através do BNDES, colocará dinheiro (recursos públicos) na mão dos empresários-comparsas para que eles possam esvaziar a CPI mais desejada pelo povo brasileiro. E por que esses “nobres empresários” precisam de dinheiro para esvaziar a citada CPI? Será que eles imaginam que nossos ilibados deputados e senadores aceitariam uma “gorjetinha”, vinda do próprio BNDES, para que a dita instituição bancária não fosse devidamente investigada? Se assim for, esse governo e esses empresários estariam duvidando da honra dos “legítimos representantes do povo”. E ainda se acham no direito de chantagear o Congresso: “Ministros dizem, porém, que nada disso será levado adiante se a CPI vingar.”. Ou seja, se tiver a CPI, a gente não coloca a balinha doce na boca de vocês.
Mas a matéria do “Estadão” não para por aí. Tem mais:
“A estratégia do Planalto é tentar pacificar a relação com o Congresso durante o recesso, liberando emendas parlamentares e acertando nomeações de segundo e terceiro escalões.”
Como é? Resolveram liberar recursos para as famosas emendas parlamentares, visando apaziguar o Congresso para que a CPI não seja instalada? Vão distribuir uns cargos no segundo e terceiro escalões para ratear entre os parlamentares para eles ficarem calminhos? É isto mesmo? Sim, é isto mesmo! Mais uma vez, o Governo se propõe a subornar os parlamentares com algumas migalhas para que seu próprio pão-de-ló permaneça intacto, inatingível, livre de riscos que possam evidenciar toda sujeira da massa de manobras escusas responsável pelo enriquecimento ilícito de meia dúzia de canalhas que ainda tentam permanecer no poder a qualquer custo.
Mas qual o motivo real de tanto empenho, por parte do governo, para que a CPI do BNDES fique apenas nas “precipitadas ameaças” do presidente da Câmara dos Deputados?
Só procura abafar uma investigação aquele que pode ser apontado como culpado ao final da dita investigação. Portanto, tais manobras vindas da presidente e de seus ministros, por si só, já atestam o fato de que este governo está enterrado até o pescoço na lama fedorenta que, supostamente, transborda das negociatas promovidas pelo BNDES. Caso venha a ser instalada a CPI do BNDES, será a investigação mais fácil da história, uma vez que o criminoso, em seu desespero de salvar a própria pele, já assinou, previamente, sua confissão de culpa.
A cada dia que passa, mais se evidencia que os destinos da nação foram entregues não a um partido político, nem mesmo a uma quadrilha. Os destinos do Brasil estão nas mãos de demônios transfigurados em gente. Já passou da hora do povo brasileiro acordar e extirpar essas perniciosas figuras de nosso convívio. Talvez o inferno de uma penitenciária ainda seja pouco para eles.