POLÍTICA E POLÍTICOS DO BRASIL
POLÍTICA E POLÍTICOS DO BRASIL
O país era dominado pelas oligarquias estaduais nos anos vinte e pelos “coronéis” no plano municipal. O PR dominava em cada Estado da Federação, predominando nas eleições a corrupção e violência que tinham por base o voto a descoberto e de cabestros. Ficou popularmente conhecido como voto de cabresto o sistema tradicional de controle de poder político por meio do abuso de autoridade compra de votos ou utilização da máquina pública para favorecimento pessoal ou de simpatizantes políticos.
Nas regiões mais pobres do Brasil a prática foi (e, de certo modo ainda é) bastante recorrente uma das principais características do que se costuma definir como coronelismo. Desde os tempos do Império, onde se realizaram as primeiras eleições do Brasil como país independente, a prática da fraude eleitoral é uma praga de difícil combate. No período áureo do coronelismo, no início do século XX, o eleitor só precisava levar um pedaço de papel com o nome do seu candidato e depositar na urna.
Tratava-se de um papel qualquer, trazido de casa mesmo. Para os “coronéis”, bastava entregar a cada um de seus empregados um papel já preenchido, e como a grande maioria destes "eleitores" era analfabeta, estes apenas assinavam seus nomes (lembrando que analfabetos não podiam votar). Isso não era de modo algum problema para os “coronéis”, já que eles mesmos escreviam nos papéis o que bem desejassem. Como os criados não sabiam ler, muitas vezes eles votavam sem sequer saber o que estava escrito no papel que depositavam na urna.
Aliás, era prática do “coronel” fornecer o transporte a estes pretensos eleitores, que recebiam as "instruções" ao irem votar. Pelas informações acima enumeradas a política brasileira estava recheada que gente de má índole e que já estava inserida no sangue a famosa e diabólica maneira de levar vantagem em tudo. Será que dos anos vinte para cá, em política o Brasil nada mudou em termos de eleição, pois a artimanha usada por políticos para se eleger são as mais variadas possíveis.
Realmente, eles querem levar vantagem em tudo. Pelo andar da carruagem nada mudou. No plano federal persistia a política do “café com leite”, com os presidentes sendo escolhidos entre mineiros e paulistas. Desde a ascensão de Prudente de Morais em 1894, até a eleição do paraibano Epitácio Pessoa, em 1919, de seis presidentes, São Paulo havia dado três, Minas Gerais dois, e o Rio Grande do Sul um.
Mesmo tendo elegido o Marechal Hermes da Fonseca, em 1909, o Rio Grande do Sul, diante de dois grandes Estados, continuava a ter um peso reduzido na política federal por causa de sua divisão interna entre federalistas e castilhistas que datava dos inícios da República. Já em 1930, a crise da República Velha chegou ao fim com um movimento armado que depôs o presidente Washington Luis.
A chamada Revolução de trinta representou o ápice de um processo cujas origens datavam principalmente de 1922. Esse foi o ano das festas do centenário da Independência e das eleições presidenciais, mas foi também o momento de três acontecimentos que marcaram o futuro: a semana da Arte Moderna, a fundação do Partido Comunista do Brasil e o início do movimento tenentista.
Eram fatos resultantes de mudanças profundas que ocorriam no Brasil e no mundo. As regiões do vasto interior do Brasil estavam cheias desta figura, um grande fazendeiro que exercia poder total sob uma comunidade de camponeses humildes, pela via moral ou pela força mesmo. Assim, este utilizava de seu poder econômico para garantir a eleição dos candidatos que apoiava.
Quando o convencimento pela via econômica não surtia efeito, o “coronel” recorria à violência para que os eleitores de seu "curral eleitoral" obedecessem às suas ordens. Com um sistema de voto era aberto, ficava fácil para os capangas do "candidato" pressionar e fiscalizar os eleitores para que votassem nos candidatos "indicados".
Outras formas conhecidas de fraude eleitoral eram a compra de votos, votos fantasmas e as troca de favores.
Com a Revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, a situação mudaria lentamente. Em 1932 entra em vigor o primeiro Código Eleitoral do Brasil, que garante o voto secreto, medida fundamental para o início de uma maior correção nas eleições. Por outro lado, o fator social iria influenciar também, pois, a população rural iria gradualmente mudar do campo para as cidades, enfraquecendo assim, naturalmente, o poder do “coronel”.
Com a instalação do sistema de voto por meio da urna eletrônica, em 1996, as chances de fraude foram consideravelmente diminuídas. O desafio ao “Café com Leite”. O poder dos grandes Estados sofreu desafios especialmente nos momentos em que os paulistas e mineiros se desentendiam. Um desses momentos ocorreu em 1909 e resultou na eleição do Marechal Hermes da Fonseca, que representava a oligarquia gaúcha.
A aliança Minas-São Paulo foi retomada em 1914 com a eleição do mineiro Venceslau Brás, que governou até 1918, quando foi eleito novamente o conselheiro Rodrigues Alves que, no entanto, morreu antes de tomar posse. A campanha eleitoral foi reaberta e na nova disputa o Rio Grande do Sul se opôs aos candidatos de Minas e São Paulo. (Fonte: Raymundo Campos)
O paraibano Epitácio Pessoa que concorreu com Rui Barbosa, mas uma vez candidato. O jurista baiano defendia um programa de implicava certa independência em relação às oligarquias e, mesmo sem condições, obteve 1/3 dos votos, uma boa votação nas cidades, e chegou a vencer no Distrito Federal. Durante o quadriênio de Epitácio Pessoa (1919-1922), com o término da guerra mundial, iniciou-se um período de crise econômica, pois a Europa reconstruída passou a comprar menos produtos brasileiros.
Um fato novo no governo de Epitácio Pessoa foi à utilização de grande soma de recursos para obras contra as secas do Nordeste.
Para o ministério da Guerra foi nomeado o civil Pandiá Calógeras que, mesmo melhorando a situação do Exército, sofreu forte oposição principalmente da oficialidade jovem. A sucessão de Epitácio foi das mais agitadas, pois aumentava a contestação à política “café com leite”.
São Paulo e Minas apoiaram o ministro Arthur Bernardes ao qual se opôs o governador gaúcho Borges de Medeiros que, aliado as oligarquias da Bahia e de Pernambuco lançou o movimento da Reação Republicana, apoiando o fluminense Nilo Peçanha. A nação ficou dividida entre dois grupos oligárquicos, assistiu a uma campanha extremamente violenta. (Fonte: Info escola). Um grupo de jovens oficiais do Exército, liderados pelo presidente do Clube Militar, o ex-presidente Hermes da Fonseca, apoiava os candidatos da Reação Republicana.
Em meio a um clima de tensão crescente, ocorreu o episódio das cartas falsas atribuídas a Artur Bernardes. Na primeira, publicada pelo Correio da Manhã o candidato insultava as Forças Armadas e, em especial, o Marechal Hermes, que era chamado de “Sargentão”. Logo seria provado que as cartas eram falsificadas, mas os militares não aceitaram tal conclusão e continuaram a se agitar contra o candidato mineiro que, no entanto, foi eleito. Em 1923 desencadeou-se a guerra civil No Rio Grande do Sul.
A Revolução de 1923 foi o movimento armado ocorrido durante onze meses daquele ano no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em que lutaram, de um lado, os partidários do presidente do Estado, Borges de Medeiros (borgistas ou ximangos, que usavam no pescoço como distintivo ou característica o lenço branco) e, de outro, os revolucionários, aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil (assististas ou maragatos, que usavam no pescoço como distintivo o lenço vermelho). (Grifo nosso).
Republicano e positivista, mas nada simpático à democracia, Júlio Prates de Castilhos, o Patriarca, como era chamado, governou o Rio Grande do Sul com mão de ferro de 1891 até sua morte prematura, em1903. Para se manter no poder, tomou duas providências: redigiu praticamente sozinho e fez aprovar uma Constituição autoritária e montou uma poderosa máquina política no Partido Republicano Rio-grandense (PRR), com seus incontáveis chefes locais e seu séquito de agregados, presentes em mais de cem municípios rio-grandenses. Ao morrer, ficou claro que se fora o ditador, mas a ditadura republicana continuava viva.
Borges de Medeiros. Castilhos foi substituído na presidência do Estado por Borges de Medeiros, que seguiu adotando os mesmos métodos e que também tinha como objetivo perpetuar-se no poder. Em 1922, Borges resolve se candidatar mais uma vez à presidência do Estado e contava, como sempre, com a força do PRR, que não hesitava em apelar para a fraude e a violência, para garantir a reeleição.
Todavia, dessa feita, há um fato novo: forma-se uma aliança entre vários segmentos da sociedade gaúcha para estimular uma oposição organizada. O veterano político Assis Brasil desafia Borges na disputa nas urnas. Divide-se, assim, o Rio Grande, entre borgistas ou chimangos (numa alusão ao pseudônimo dado a Borges por Ramiro Barcelos, Antônio Chimango) e assisistas ou maragatos (como eram chamados os adeptos do Partido Federalista).
A campanha eleitoral ocorre sob um clima de repressão e violência. Opositores do governo são presos, espancados e até mortos. Locais de reunião dos assisistas são fechados e depredados pela polícia borgista. (grifo nosso). Quando se anuncia o resultado das urnas, com a previsível vitória de Borges de Medeiros, a revolta é geral. A comissão apuradora de votos, formada por pessoas fiéis ao governo, é acusada de fraude eleitoral pela oposição.
A disputa nas urnas transforma-se em disputa pelas armas. A oposição, liderada por Assis Brasil, adere à revolta armada para derrubar Borges de Medeiros, que toma posse para um novo mandato em 25 de janeiro de 1923.
Setores importantes da sociedade gaúcha já andavam descontentes com o governo. A política econômica de Borges precipitara o Estado numa crise financeira que contribuíra para descontentar tanto a elite estancieira como boa parte do movimento operário e estudantil. No plano nacional, Borges se isolara ao fazer oposição à candidatura de Artur Bernardes, afinal eleito Presidente da República.
Em verdade, o ódio entre as facções era mais antigo. Vinha desde a Revolução Federalista de 1893, que teve como marca a degola, dilacerando vidas e trazendo desgraça e tristeza para muitas famílias. Essa Revolução deixou sentimentos de vingança e violência em muitos corações, que teve quase continuidade na Revolução de 1923.(grifo nosso).
Depois vem a famosa semana na evolução da cultura brasileira, um fato fundamental teve lugar em São Paulo, em fevereiro de 1922. A cidade era a segunda do Brasil em tamanho e a primeira em progresso graças ao binômio café-indústria. A influência estrangeira também foi marcante para o desenvolvimento da cidade. A elite e os novos ricos, mas no interior da classe operária formada, sobretudo por imigrantes italianos.
Em 1922, também o movimento operário passou por mudanças, uma das quais foi à criação do Partido Comunista do Brasil.
No início da década de 1920, o país contava aproximadamente com 14 mil fábricas e 300 mil operários concentrados especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Este é um pequeno resumo da história política do Brasil, desde o coronelismo, dos currais eleitorais, dos votos de cabestros e das oligarquias, onde predominou a disputa entre os Estados de Minas e São Paulo. Pense nisso!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES- MEMBRO DA ACI- DA ACE- DA UBT- DA AOUVIRCE E DA ALOMERCE-JORNALISTA.