Uma proposta para a crise
Uma proposta para a crise
Publicado em O Globo de 4 de abril de 2015
A situação do país é de caos político, com a paralisação da economia e o progressivo mal estar coletivo pela vergonha do povo com a situação. Uma verdadeira guerra civil começa a se conformar no horizonte da pátria Pela falta de orientação governamental, bem como pelo distanciamento da prática política dos ideais éticos, difusos, mas presentes na absoluta maioria da sociedade brasileira, o confronto entre as expectativas honestas do povo e a imoralidade majoritária dos políticos passa a ser uma possibilidade a ser considerada. Se a esta conjuntura somarmos a bandidagem nas ruas e o tráfico de drogas detentor da soberania sobre porções do território nacional, então não restam dúvidas de que o Brasil, em breve, poderá vivenciar o trágico embate físico entre uma população digna e um bando de assaltantes de sonhos, de bens públicos, da tranqüilidade social.
Não há mais tempo para discussões. O óbvio salta aos olhos. O povo não quer dialogar com tais interlocutores: – exige que eles saiam, desapareçam. Chega. É isto que as ruas estão dizendo.
É preciso que cidadãos e cidadãs responsáveis façam alguma coisa já. Os sinais de esgotamento da paciência do povo foram dados dia 15 de março. Aconteceu por natural e espontânea manifestação da cidadania, sem partidos a fazer convocações, sem lideres políticos a se manifestarem. Agora dia 12 de abril outros milhões vão cobrar que providências concretas foram tomadas, (já se sabe que nada foi feito...).
Proponho, para debate e decisão da cidadania mobilizada:
1) – movidos pela dignidade que ainda lhes resta e pelo medo das multidões que os cercam, os políticos votem o que constitucionalmente se fizer necessário, imediatamente, para a extinção de todos os atuais partidos, determinando que, no prazo de seis meses, novas agremiações se apresentem ao Supremo Tribunal Federal (STF), com claros programas e definições ideológicas, além de um mínimo de cinco milhões de assinaturas de eleitores distribuídos em pelo menos três regiões fisiográficas e dez estados da Federação;
2) – proclamem a revogação dos mandatos dos senadores e deputados, (não há como preservar os poucos bons existentes – eles serão reeleitos), e a destituição do Presidente e Vice-Presidente da Republica, convocando novas eleições para, em nove meses, com poderes constituintes, eleger um novo Congresso Nacional e novos nomes para a chefia do Poder Executivo;
3) – assegurem, nestas providências, que o financiamento das novas eleições seja feito, exclusivamente, com recursos públicos e as coligações partidárias proibidas, devendo ser eleitos os candidatos mais votados em cada unidade da federação, segundo o numero previsto para cada uma.
4) – garantam todos os recursos necessários para que o STF possa governar o país, excepcionalmente, legislando apenas em matérias urgentes e absolutamente necessárias à continuidade administrativa e normalidade da vida nacional, até que o novo Congresso seja eleito e o novo Presidente da Republica empossado.
É uma revolução. A revolução que o Brasil necessita para sobreviver digno, democrático, justo e pacífico. Vamos refundar a Republica. As soluções para a inflação, desemprego, desenvolvimento, segurança publica, saúde, educação, paz e tranqüilidade social surgirão, com mais facilidade e competência, neste novo ambiente solidário e honesto.
É muito difícil conseguir o que se propõe – mas não é impossível, nem utópico. O atual sistema político perdeu a credibilidade e está esgotado – não poderá oferecer soluções para a crise que enfrentamos.
O povo mobilizado, (esta situação de mobilização não irá perdurar por muito tempo), saberá verificar, comunicando-se intensamente, quais os candidatos que deverão ser eleitos e quais os partidos merecerão a confiança da sociedade. A oportunidade que será criada, para a eleição de bons cidadãos e cidadãs, será muito grande.
É o momento histórico de reerguemos o nosso querido Brasil.
Eurico de Andrade Neves Borba, 74; aposentado; escritor, ex Professor, ex Diretor de Departamento e Vice Reitor da PUC RIO; ex Presidente do IBGE; ex Diretor Geral da Escola de Administração Fazendária; reside em Ana Rech, Caxias do Sul, RS.