MAINHA NA FAZENDA
A maior autoridade econômica que conheço, minha mãe, dizia e ainda diz que um orçamento só se sustenta quando gasta-se menos do que arrecada-se. A diferença, que os economistas podem até chamar de superávit, deve ser poupada, ou até mesmo investida. Enquanto isso, o governo - que infelizmente não conhece Mainha - ainda patina nas tentativas de recuperar o equilíbrio das contas públicas e amargou mais uma derrota na guerra com o Congresso, barrado desta vez na tentativa de receber as dívidas de estados e municípios em condições mais favoráveis melhorando assim suas receitas. O mais curioso e interessante, é que peitar o governo fragilizado tem conferido prestígio até mesmo aos "aliados" rebeldes. É só olhar a provocação do Presidente do Senado quando sugere a redução do número exagerado de ministérios. O que deveria ser muito bom e interessante, vira piada quando sai da boca do magoado peemedebista, cujo partido detém pelo menos 7 dos 39 ministérios. O tom irônico está no fato de que a causa da dita "recomendação", é somente a mágoa pelos muitos interesses contrariados.
Na seara da corrupção (casos em que Mainha resolvia com "pêia" mesmo), as novidades são as medidas anunciadas por alguns países em investigar empresas que negociaram com e no Brasil, já que somos considerados, justamente ou não, paraíso da corrupção.
Na sequência uma nova alvissareira em meio à turbulência econômica, foi a nota boa que o Brasil recebeu da agência Standard and Poor's deixando-nos, ao menos por enquanto, na categoria "investimento seguro" em sua classificação de risco. Ufa! Finalmente alguém que parece acreditar num rumo melhor para o nosso futuro econômico, estávamos precisando, até para lembrar que já vivemos momentos piores.
A precária coalizão política que dava sustentação ao governo da Presidente Dilma Rousseff, parece viver seus piores e últimos momentos. A ruptura, que já foi velada, entre os representantes do Poder Legislativo e a Presidência da República, ganha contornos mais graves e até preocupantes. Na tragicômica visita do então Ministro da Educação à Câmara dos Deputados, viu-se de quase tudo menos educação. Ainda que tenha dito e ouvido muitas verdades, o festival de grosserias transmitido ao vivo no "reality show" em que se tornou Brasilia, pareceu mais um pastelão protagonizado pela classe política que, bem ou mal, representa o nosso povo. O resultado da cena digna de vergonha, foi a saída do Ministro e um açodamento ainda maior nos ânimos já acirrados entre os dois poderes.
Num país carente de líderes, "El Cid"(emprestado do Professor Ilmar) saiu até fortalecido de sua estranha e suspeita bravata para entregar a pasta, sem que se saiba se espontaneamente ou não, já que são muitos a abandonar a nau Rousseff que faz água.
A sociedade que protesta e quer participar cada vez mais, parece disposta a não aceitar impunidade por parte da justiça, precisamos sair desta crise mais maduros.
Bem ou mal, os deputados e senadores são os representantes da população e estão ali (no Congresso Nacional) por nossa escolha, o momento atual mostra claramente que o parlamento ainda que não possa governar, tem o poder de impedir - como tem feito - que o executivo governe. A conclusão que chegamos, é que vivemos um regime, no mínimo estranho, onde a coalizão que sustentava o governo retirou seu apoio e o "gabinete" não cai por que não existe, nem de direito e nem de fato.
Diante do impasse, e olhando um pouco atrás os momentos de descrédito do passado, quando a popularidade dos então presidentes: Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso e Sarney, geraram outros "Fora-Fulano", fico na tentação de achar que vivemos no regime errado. Um sistema onde temos que amargar a incompetência política de um governo, que já se demonstrou igualmente incompetente na gestão pública. Será que, nesta linha, a "banheira" de Collor não teria sido a queda do gabinete?
Na terra do "já", e sou daqui, PARLAMENTARISMO JÁ!
Os críticos, e somos muitos, da seriedade da nossa classe política por certo questionarão minha tese, também penso nisso, mas relembro que estes são os nossos representantes. Cabe-nos mudá-los ou mudarmos nós mesmos, já que são a nossa "cara".
Sem querer transferir responsabilidades : Deus nos proteja!