SOBRE CORRUPÇÃO E INDOLÊNCIA

Recebi esta semana um texto, que responsabilizava a nós brasileiros pela corrupção que campeia livremente por aqui. Confesso que demorei a aceitar tal fato, inquieto e depois de muito pensar, me vi frente ao espelho ajustando a carapuça. Afinal será que não contribuímos com esta realidade? Se cada um parar para uma pequena reflexão, certamente já estaremos em um bom exercício de combate a esta endemia que vai se tornando perigosamente normal entre nós. Não pode se conceber que ouçamos de um funcionário público que ele próprio acumulou 97 milhões de dólares provenientes de desvios e ainda continuemos estranhamente quietos e calados. Ouvir também do dito criminoso, sobre semelhante e vultosa destinação de recursos para parlamentares, partidos políticos e até para campanha política da Presidente da República. Aceitar isso sem esboçar uma revolta, também é crime, guardando somente as devidas proporções.

Fico imaginando, porquê o PP foi o partido político com mais parlamentares citados na famosa lista do Ministério Público. Seria este partido mais democrático, distribuindo melhor as "benesses" entre seus associados? Ou será que se deve ao fato de que foi mais contemplado na Petrobras? Se na nossa organizada e sólida petroleira, o rombo tem tais proporções, o que esperar dos outros possíveis focos? Entidades como o BNDES e seus financiamentos internacionais bilionários, ou a área energética com mega-obras hidrelétricas difíceis de auditar ou comparar, são somente uma pequena mostra do universo de pontos de possíveis "sangrias". Uma breve e simplista analogia vai nos levar com certeza a outra sequência de escândalos.

Ironia ou "coincidência", a falta de indicação por parte da Presidente da República, do ministro faltante no STF que já perdura mais de meio ano, levou o ministro Dias Tóffoli a "voluntariar-se" como componente da turma do Supremo que será responsável pelo julgamento dos acusados na Lava-Jato. O Ministro que já chega para presidir as investigações, compõe a corte por indicação dos petistas no poder e destacou-se como advogado do partido dos trabalhadores e do grande "líder petista", hoje condenado e preso, José Dirceu.

Da fala da Presidente da República à nação, o que deu para escutar, com o panelaço ao fundo, foi que a crise tem muitos culpados e ela ou seu governo não se incluem entre eles. Parece que a intenção é irritar ainda mais a opinião pública cansada de tantas mentiras, ainda mais fora do período eleitoral. Na sequência, as vaias no Anhembi parece que não estavam na agenda presidencial, visto que a palestra era esperada pelo auditório quase vazio. Talvez não contassem com os apupos espontâneos dos próprios expositores e trabalhadores na organização do evento.

Na seara política a Presidente contabiliza um incêndio por dia, depois da trombada com o Senado Federal escalou o "infeliz" ministro da Fazenda Joaquim Levy para a missão de negociador. Os ajustes fiscais inevitáveis, finalmente sairão, só que negociados. A receita menor do que esperava o governo, obrigará a incômoda redução nas despesas. Cortar na própria carne é tabu dos mais antigos, coisa que o governo não quer e parece que sequer conseguirá.

A velha mania do senhor Lula em achar que o Brasil é uma Venezuela voltou à baila esta semana, ameaças de confronto com o exército de mercenários do MST não funcionam e, pelo contrário, afasta ainda mais a opinião pública desta maluquice da esquerda, agora mais corrupta do que nunca, que insiste em tratar a população como idiotas, o que certamente não somos, ainda que aparentemos.

Falando nisso, não sei o que seremos depois desta bagunça que estamos vivendo, mas por certo não poderemos continuar assim por muito tempo. Talvez a nossa maior culpa esteja na indolência do nosso povo.

O Brasil não merece tudo isso!

.

Stelo Queiroga
Enviado por Stelo Queiroga em 12/03/2015
Código do texto: T5167274
Classificação de conteúdo: seguro