ORIENTE MÉDIO EM DEBATE: O TEMIDO ESTADO ISLÂMICO

Quando relacionamos conflitos separatistas ou de qualquer outra espécie é inevitável trazer ao debate o oriente médio. Agora tem-se um novo e terrível ator: Estado Islâmico - EI, este que vem já a alguns meses impondo, literalmente, terror no ocidente, com suas técnicas de execução perversas e cruéis, que trazem consigo não apenas a morte pela morte, mais uma mensagem de horror e ódio. O EI se auto proclamou um califado, que significa dizer que é uma espécie de Estado onde o que prevalece são os conceitos prescritos no Alcorão e em tradições advindas do grupo religioso que proclama tal jurisdição, a Sharia.

O EI começou a crescer de maneira vertiginosa a partir da instabilidade política da já conhecida e conturbada região de fronteira entre o Iraque e a Síria, esta última que passa por uma guerra civil surgida no fenômeno denominado de “Primavera Árabe”, onde grupos se rebelaram contra o ditador sírio Bashar al-Assad, que governa o país desde o ano 2000, que sucedeu seu pai, que também governou cerca de 30 anos o mesmo país.

A sensível conjuntura política do Iraque após tensões provocadas por grupos que disputam o poder no país, a precária situação socioeconômica, além da cultura extremista transforma-o em terreno fértil para proliferação deste tipo de força híbrida político-religiosa. Hoje, o estado Islâmico é uma das forças separatistas mais atuantes, poderosas e brutais do mundo. Com elevado poderio bélico e reservas em dinheiro, aquelas obtidas a partir de capitulação de material do exército americano e/ou iraquiano, e estas conquistadas a partir de pilhagens, assaltos, resgates exigidos por sequestros, contrabando de petróleo, entre outros meios.

Por sua vez, os demais atores envolvidos nestes conflitos são os Estados unidos que tenta formar uma forte coalizão internacional para o ataque, junto com alguns dos seus fieis aliados como a Inglaterra, França e Emirados Árabes Unidos, onde os dois primeiros apoiam o uso de ataques aéreos para como (já conseguindo pelo menos até o momento) barrar os avanços dos rebeldes do EI, enquanto este (EAU) fornece bases em seu território para que caças da coalizão encabeçada pelos EUA lance ofensivas contra o dito califado.

O conflito não parece ter data para ser finalizado, uma vez que o Estado Islâmico tenta usar de artífices para arregimentar “fieis” como a ameaças contra autoridades e personalidades ocidentais a exemplo do Papa Francisco jurado de morte pelo referido grupo.

Sobre a dinâmica deste grupo segue um trecho de um artigo publicado pela Aleteia dia 17/08/2014, onde ainda prevalece certa dúvida sobre a inicial correta do grupo (EIIL ou EI), mas é válido conferir:

“2. Por que surgiu o EIIL?

O pe. Mallon aponta dois motivos para o surgimento do EIIL:

“Motivo ideológico: difundir o islã e o domínio islâmico pelas terras do clássico Califado Abássida, que chegou a se estender até a Península Ibérica. O grupo mostra pouca compreensão da história axadrezada do califado. Neste sentido, o EIIL tende a um certo “romantismo”, mas de tipo incrivelmente brutal.

Motivo prático: muitos sunitas no Iraque e na Síria sentem-se marginalizados, tanto pelo governo alauíta de Bashar al-Assad em Damasco quanto pelo governo xiita de Nouri al-Maliki em Bagdá. Eu acho que muitos sunitas veem o EIIL como a única oposição eficaz, especialmente no tocante ao regime de Bagdá. Não tenho certeza, mas suspeito que a lealdade não vai muito a fundo”.

3. Qual é o objetivo do EIIL e a probabilidade de atingi-lo?

O objetivo do grupo é restabelecer o califado e ampliar ao máximo a hegemonia religiosa, política e militar islâmica, diz o padre Mallon. "Para conseguir isso, eles estão dispostos a violar os princípios tradicionais da guerra islâmica".

4. É um movimento global?

“Sim e não”, responde o padre Mallon. "É global porque apela a um público amplo de muçulmanos que compartilham a ideia romântica de um califado em que os muçulmanos governam tudo e todos. Mas não é um movimento global quando levamos em consideração que ele provavelmente não é sustentável em vários aspectos. Além disso, haverá oposição por conta do crescente desejo de democracia em muitos países muçulmanos. A democracia é a antítese dos califados, historicamente autocráticos. E os xiitas, em princípio, são contrários a um califado sunita mandando neles".

Prossegue Mallon: "Embora o EIIL use os métodos mais brutais e selvagens, seria um grave erro enxergá-lo como um grupo primitivo. Ele já se mostrou perturbadoramente sofisticado no uso dos meios de comunicação e das mídias sociais. Há relatos de uma loja em Istambul e de um site em que podem ser compradas camisetas com o logotipo do EIIL, além da faixa que nós vemos na testa dos combatentes do EIIL e de outras formas de propaganda. O New York Times estima que o EIIL seja o grupo terrorista mais rico do mundo, com centenas de milhões de dólares. A maior parte dessa riqueza vem dos bancos e das pessoas físicas que eles roubaram nas cidades saqueadas. Parece que eles têm evitado depender de fontes externas de financiamento, porque essas fontes poderiam ser facilmente bloqueadas".

Referências:

10 coisas que você precisa saber sobre os extremistas do Estado Islâmico. Disponível: http://www.aleteia.org/pt/mundo/artigo/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-os-extremistas-do-estado-islamico-5905930080223232 Acesso em: 18/08/2014.

BARBOSA, Adauto Gomes. Geografia Política. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - IFPE e Universidade Aberta do Brasil – UAB. Recife: IFPE – UAB, 2013.

Por que o “Estado Islâmico” quer que o ocidente envie tropas para Iraque e Síria. Disponível: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/09/por-que-o-estado-islamico-quer-que-o-ocidente-envie-tropas-para-iraque-e-siria.html Acesso em: 01/10/2014.

Ildebrand Gutemberg
Enviado por Ildebrand Gutemberg em 05/03/2015
Código do texto: T5159497
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.