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Não será nenhuma novidade dizermos que “os órgãos internacionais e nacionais de controle dos meios de comunicação de massa acabam modelando a opinião pública”.
A morte do promotor Alberto Nisman, por exemplo, em circunstâncias não totalmente esclarecidas, “horas antes do seu comparecimento ao Congresso para explicar as graves acusações feitas por ele contra a presidente Cristina Kirchner”, pode ter tido o objetivo de provocar a desestabilização do governo argentino. Na medida em que o assassinato pudesse ser imediatamente creditado às forças governistas da Argentina ou a seu mando. A ideia é que não se imagine de modo algum que o interesse na morte do promotor não tenha sido da presidente Kirchner. “Foi ela. Foi ela , sim”. "Para dominar a opinião pública, é preciso, em primeiro lugar, perturbá-la", já disseram com muita propriedade.
Do mesmo modo, concebido no âmbito da nossa Aeronáutica, “nos idos nervosos de 1968”, temos o exemplo do plano macabro da explosão do Gasômetro, a central de gás encanado do Rio de Janeiro, próxima à rodoviária. Morreriam dezenas de milhares de pessoas, num ato de terrorismo planejado para ficar na conta dos subversivos ou comunistas. O que felizmente foi frustrado pelo heroísmo e bravura do capitão Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, o Sérgio Macaco, integrante da tropa de elite do Para-Sar, esquadrilha de busca e resgate da Aeronáutica. Que simplesmente ousou dizer não àquela pusilanimidade, tendo sido por isso preso, expulso do Para-Sar e cassado pelo famigerado AI-5.
Não há dúvida de que a atribuição desse ato terrorista aos subversivos seria a notícia de primeira página dos jornais no dia seguinte. No intuito de que a opinião pública pudesse reconhecer com maior nitidez de que lado deveria ficar.
É de capital importância, portanto, a guerra midiática que se trava com intensidade cada vez maior nos dias de hoje. Possivelmente no mesmo nível que a guerra convencional, a bacteriológica ou mesmo a termonuclear, destinadas prioritariamente à eliminação física de oponentes, suas cidades, reservas de alimentos, água, energia, etc.
Rio, 27/02/2015