REVOLUÇÃO DE 23 / 92 anos
Há 93 anos, eclodiu, no Rio Grande do Sul, a Revolução de 23 ou Assisista. O poder constituído e oposição se digladiaram novamente no cenário político. O ódio e revanchismo, desde a Revolução Federalista (1893-1895), não haviam sido aplacados.
Em 1923, nosso Estado foi palco do confronto entre os assisistas e borgistas. O primeiro grupo era formado pelos dissidentes do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) e federalistas (maragatos) que se uniram, na Aliança libertadora, sob liderança de Assis Brasil (1857- 1938). O segundo grupo, composto por chimangos, era liderado por Borges de Medeiros (1863-1961) que governou o Estado por mais de 20 anos.
Chimango ou borgista (lenço branco) é uma alusão à ave de rapina dos pampas. Consagrou-se na obra “Antônio Chimango” (1915) de Ramiro Barcelos (1851-1916). Nesta, o autor usou a alcunha de Amaro Juvenal, criticando Borges de Medeiros.
Maragato (lenço vermelho) nos remete à Maragateria, na Espanha, cujos habitantes eram vistos como bandoleiros. Usado pela situação (PRR), o termo era para depreciar os adversários exilados, no Uruguai, porém foi aceito com orgulho, pela oposição, desde a Revolução Federalista (1893-1895).
Nas eleições, de 25/11/1922, Borges de Medeiros foi vitorioso. Embora a fraude, o resultado foi ratificado pela Comissão de Poderes da Assembleia, em 16/01/1923, curiosamente composta por borgistas. Segundo o historiador Moacyr Flores, havia 267.690 eleitores nos 72 municípios do RS. Foram 106.360 votos a favor do chimango Borges de Medeiros, enquanto Assis Brasil obteve 32.217.
No dia 25/01/1923, na posse do seu 5º mandato, a oposição iniciou o confronto, a partir de Passo Fundo e Carazinho. A crise na pecuária, aliada à fraude eleitoral, desencadeou a Revolução que se propagou pelo RS.
O historiador Helio M. Mariante (1915 – 2005) definiu o confronto como uma luta de guerrilhas entre facções políticas. Os chimangos ou borgistas eram superiores, belicamente, e tinham o apoio da Brigada Militar. Destacaram-se, no conflito, os caudilhos Honório Lemes (1864-1930), “O Leão do Caverá”, Zeca Netto (1864 -1948), “O Condor dos Tapes”, e Leonel Rocha (1865—1947) que combateram, no interior do RS, os borgistas. O confronto durou 300 dias, totalizando 21 combates, nos quais se perderam mais de mil vidas.
A assinatura do Pacto de Pedras Altas, em 14/12/1923, resultou em alteração na Constituição estadual, de 1891, quanto à reeleição. O voto a descoberto (não secreto) continuou até 1932. Após 05 mandatos de Borges de Medeiros, encerrou-se a sua hegemonia, com a posse de Getúlio Vargas (1882-1954), em 25/01/1928, como Presidente do Estado.
Bibiografia:
KOÜHN, Fábio. Breve História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Leitura XXI, 2007.
PENNA, Rejane, (Org,) O tempo e o Rio Grande nas imagens do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: IEL, 2011.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982.