Governo de Coabitação no Presidencialismo de Coalizão
O presidencialismo de coalizão passa agora por um importante teste em seu funcionamento no Brasil. Quando o executivo comanda a articulação da maioria parlamentar e o legislativo está alinhado com o governo, a agenda do legislativo segue as demandas apresentadas pelo executivo. Na situação atual, o bloco de centro conseguiu apoio da centro-direita para controlar o legislativo em contraposição ao bloco de centro-esquerda que apoia o governo (executivo). Diante desta situação, com algumas ressalvas, mas por analogia com os sistemas mistos de governo analisados pelo cientista político francês Maurice Duverger (1917-2014), temos o presidente da câmara dos deputados no papel de controlar a agenda do legislativo de maneira independente (orçamento impositivo, reforma política, CPI da Petrobrás) em contraposição ao governo (executivo). Portanto, abre-se a inusitada situação de um governo de coabitação, pois a agenda da maioria parlamentar do legislativo está em conflito com os interesses do governo (executivo). Não é governo que sai derrotado, pois este não tem maioria para governar. A maioria parlamentar do legislativo se opõe ao governo do executivo numa situação em que não há primeiro-ministro e tampouco convocação de novas eleições para superar os impasses políticos (que ocorrem no modelo clássico de governo de coabitação) que podem levar à paralisia do governo no presidencialismo de coalizão obrigado a recorrer ao uso de vetos.