O Islã e o terror.
O Islã e o terror.
(Eurico Borba, 74, aposentado, escritor, ex professor e Vice Reitor da PUC Rio, ex Presidente do IBGE, reside em Ana Rech, Caxias do Sul, RS).
Após o inesperado e trágico atentado do dia 7 de janeiro, em Paris, os líderes políticos, religiosos e a intelectualidade do Ocidente têm tratado de alertar que “não se pode confundir o terror com o islamismo”. Correto, é muito importante que se faça esta distinção.
No entanto, também é importante que se tenha presente duas constatações: 1) desde que os atentados terroristas começaram, há mais de uma década, os assassinos que os perpetraram eram muçulmanos; 2) as reações dos mulás, dos responsáveis pelas mesquitas, em todo o mundo, têm sido muito cautelosas e delicadas ao condenar estes atentados canalhas, ao invés de afirmar, com ênfase e com freqüência, que a religião pregada pelo Profeta, explicitada no Corão, é uma religião de paz, de solidariedade e de misericórdia.
Ressalta-se, também, que uma parcela da intelectualidade ocidental, mal formada e mal informada, mais com o propósito de se fazer notada do que de esclarecer, tenta justificar as ações perversas e tresloucadas com as interpretações idiotas de se tratar de reações naturais à milenar opressão cultural e econômica, exercida pelo Ocidente. Aproveitando-se do eficiente estado de espírito que o “politicamente correto” oferece - guarida e justificação – para as teses sócias políticas mais esdrúxulas, criticam os que atacam os terroristas como criadores de um clima de “islamofobia”. O receio de não se apresentar como um observador atualizado e justo, de ser excluído do circulo que expressa um pensamento moderno e preciso, acovarda os comentaristas, os políticos e propicia campo aberto para que o mal progrida sem contestação e oposição mais drástica e eficiente.
O terrorismo é um mal que precisa ser combatido e extirpado. O islamismo é a fonte de onde surgem os agentes do terror. Portanto, cabe ao Islã, pelos seus porta-vozes qualificados, com urgência, se organizar para condenar, com força, freqüência e veemência, o mal que, em seu nome, se propaga pelo mundo. É inaceitável, em face da gravidade dos acontecimentos, condenações leves e eventuais.
O povo não quer, não deve e não pode conviver com o terror, com o medo do vizinho muçulmano, principalmente agora que compatriotas convertidos estão voltando de estágios de treinamento que fizeram junto ao Estado Islâmico na Síria, Iêmen e no Iraque. É preciso acabar com esta ameaça real já, agora, quando não restam duvidas de que a insanidade atingiu patamares insuportáveis para uma convivência democrática e justa. A Civilização Ocidental, com todas as suas imperfeições, não pode continuar na conviver com a incerteza amedrontadora do terrorismo, cada vez mais aperfeiçoado, que pode estar morando, disfarçada e simpaticamente, ao lado das nossas casas.
Je suis Charlie.