SOB A BATUTA DAS INCONSCIÊNCIAS

Artigo/opinião

A consciência "do e de meio", ao que se denomina "consciência social", é um produto que parece algo em extinção no planeta e tal acontece sob a nítida batuta que rege seus diversos reféns pelo mundo, mesmo batutas pontualmente subliminares, as que comandam toda a manipulação do Homem e o resultante movimento sofrido e desarmônico da sua História ao longo do seu tempo.

O mundo mudou, mas não porque o homem mudou.

A essência humana é imutável.

Mudaram apenas os meios para os mesmos fins de sempre, o do parasitismo do homem sobre o seu semelhante, em meio a degradação contínua e extravagante do seu habitat.

Enfim, seguimos igualmente a sempre, num parasitismo insustentável quanto ao meio e à sagrada dignidade humana de se existir com justa qualidade de vida. O desafio é sina.

Transladado esse meu tal sentimento de mundo para os últimos acontecimentos de Brasil, eu externo que desde as explosivas manifestações de dois mil e treze, as que saíram pelas ruas a demonstrarem que até as resultantes das batutas sobre as inconsciências podem perder força momentânea se não forem bem conduzidas as orquestrações sobre elas, passando pela Copa do Mundo protagonizada pelo nosso país ( a que nos fez chorar por algo nem tão importante assim frente ao todo de grave que corria sob a batuta da nossa inconsciência, aquela inesquecível perda de 7x1 para a Alemanha que se tornaria uma perda insignificante frente as demais perdas que ocorriam paralelamente a ela) e chegando até ao inacreditável derramamento do nosso precioso leite, o do petróleo sobre o próprio e sofrido solo pátrio, eu concluo que nossa inconsciência de todo jamais nos faria acordar a tempo de chorarmos pelas nossa incontáveis perdas sociais irrecuperáveis sob a batuta das inconsciências.

O aprendizado mais interessante: a batuta das inconsciências faz alquimias dos fatos, inverte sentidos dos valores, amputa a razão e rege a divisão dos sentimentos mudos.

A batuta das inconsciências revalida sofrimentos anestesiados para se manter hegemônica nas orquestrações dos diversos caos pelo mundo.

Aqui entre nós, num passado recente, houve os que dizam que estávamos num campo de divisões quanto à consciência dos rumos que daríamos ao país após o resultado da voz das sagradas urnas.

Não, isso não é verdade, porque no campo duma Nação Federativa d ecaminho único, todos estão unidos num mesmo objetivo: o de ser uma Nação em "Ordem e Progresso" para um final de felicidade comum, do bem comum acima de todo tipo de bem ou interese pessoal, o único "comunismo" indiscutível na sua essência de justiça.

Estamos anos luzes distante desse brado heróico e retumbante.

Nossa insígnia máxima deveria ser lei e assim o seria se não houvesse a batuta progressiva e perene das inconsciências.

Não é possível dividir a consciência porque a consciência é matéria pétrea e imanipulável. Dá trabalho infrutífero tentar manipular a consciência posto que a sinfonia consciente é cacofonia às batutas dos caos.

Então, é bem mais vantajoso construir a inconsciência "irresuscitável" e depois reinar sobre ela a mercê da promoção de falsas dádivas.

Porque a inconsciência nos torna apenas dóceis seres instintivos a escolher seu destino movido pelas necessidades básicas e urgentes de sobrevivência para depois agradecer "suditamente " pelo direito furtado e que só aparentemente será altruísticamente presenteado pelas batutas.

E ninguém pode se considerar culpado e nem cúmplice da inconsciência por apenas aceitar a sobrevivência, sempre bem aquém do que nos assegura a dignidade dos direitos humanos, a de se ser gente com direitos naturais e inalienáveis em qualquer lugar do planeta.

Utopia...eu bem sei disso.

Lembro que perdemos humilhantemente nos Campos da Copa do Mundo, é verdade, perdíamos ali o legado da copa, o que não veio d eforma agregadora ao social, mas o pior viria depois, posto que cegamente ao legado da pós derrota ficamos vulneravelmente inconscientes às demais perdas irreparáveis, e principalmente às "imperdíveis" perdas do nosso maior LEGADO Humanístico: a cidadania implementada à contento das promessas megalomaníacas.

O que, em suma, é registrado em Carta Magna, o direito à dignidade de sermos todos cidadãos brasileiros de mesmo sonho, de mesmo campo social, de mesmos caminhos ao futuro promissor, hoje relegado ao nada, enfim, ao legado de crescimento social indivisível , de solo uno.

Hoje, algo anestesiados pela inconsciência programática, revalidamos a dor pontual de vermos nosso gigante anestesiado, obnubilado, de solo sangrado, expoliado, maltratado, vilipendiado na sua natureza exuberante e gigantesca, e sequer temos forças para chorar pelo óleo derramado que derrapa nossa cidadania zombada frente aos olhos estupefatos do mundo.

Meu triste olhar de brasileira para o todo que não é boato:

Penso que não somos um país dividido em sonhos de felicidade cidadã, mas hoje nos dividimos sim, numa linha invisível, tão visivelmente clara, a de consciência de e do meio, e tal fenômeno sócio-político é inegável.

A História o deve estar registrando para ser devidamente contado às próximas gerações.

Hoje, dentre um único e forte país federativo de potencial tragicamente desacelerado, somos dois países sofridos sim, dentre a nossa tão variada e multi- sócio-geografia: um a implorar pela dignidade mínima que revalida promessas mitológicas aos homens de boa fé, e outro a trabalhar para manter a cidadania digna ao mínimo razoável das forças humanas de compreensão e de aceitação das adversidades evitáveis, mas programáticas.

E sobre nossa abstrata divisão das óticas, das necessidades e das vontades humanas, o ímpeto da força resultante da batuta que resfolega, mas que rege e se locupleta do caos adubado pelo furto das consciências...

E nem adiantaria chorar pelo futuro derramado...ninguém se sensibilizaria por todos nós.

Ou melhor:

Aqui, lembro apenas uma passagem Bíblica filosófica e teológica, que figura na Paixão de Cristo, o mesmo sofrimento que daria palco à jornada da humanidade pela Terra, figuração para aqueles que ainda acreditam na BATUTA duma força Maior:

"Pai, perdoai, porque eles não sabem o que fazem".

Deveras...um dos grandes recados deixados à consciência da Humanidade.

Eles nunca "sabem de nada", portanto, quase nada mudou desde então...