ANAC:-- Uma verdadeira anarquia!
A não ser um “kamikaze”, ou um piloto corno e suicida, em aviação ninguém erra porque quer! Em aviação errar é “desumano”. Só “nóis”; nós que somos do ramo, podemos avaliar realmente o que se passa nas nossas cabeças naquela hora “H”, naquela hora de grandes estresses, com o “olho de bruxa aceso”; as “hélices embandeiradas”! Principalmente aqueles que já passaram por grandes sufocos. Eu passei, e muitos também já passaram e sabem o que é um grande sufoco nos ares! Do alto a queda é grande! Há os que perdem logo a cabeça e acabam logo morrendo; outros conseguem manter a cabeça fria, e estão aí, vivos e saudosos dos seus aviões.
Mas o que tenho mesmo a dizer para todos vocês é que -- queiram ou não queiram os nossos piores inimigos -- as Forças Armadas hoje representam a única tábua de salvação; a única entidade cem por cento e ainda confiável no Brasil. E dentro das Forças Armadas, dentro da minha querida Força Aérea, os Sargentos Controladores de Voo, famintos e mal remunerados, representam o único suporte confiável na indispensável missão de proteção ao voo, no Brasil. Tão importante quanto um comandante de avião, é um sargento no comando da sua “Torre de Controle”. Mas, creiam em mim: a maior e a mais perigosa diferença é a absurda diferença salarial.
Esses dolorosos acidentes aéreos se multiplicam perigosamente depois que o DAC, antes nas mãos de brigadeiros, técnicos altamente especializados e afeitos às coisas de aviação, passou para as mãos de “curiosos”. Dizia-se antigamente que o “DAC”, Diretoria de Aeronáutica Civil, “D”ificultava, “A”trapalhava e “C”omplicava” a vida dos pilotos. Mas hoje estamos vendo que ruim com o DAC, pior sem ele. “Haja vista” os acidentes que por aí estão acontecendo a três por dois, depois que a aviação civil passou a ser dirigida pela ANAC, uma verdadeira “Anarquia”, agora nas mãos de pessoas que pensam que foi Olavo Bilac o inventor dos aviões.
Tenho outra coisinha para dizer a todos que pensam que eu, mísero piloto sem asas, velho, triste e desiludido, quero a volta dos militares. Quem sou eu para querer. São eles, são eles sim; são os milhões de brasileirinhos e brasileirões que estão querendo a nossa desgraça e implorando a nossa volta!
Assim:- - Uns achando que as Forças Armadas devem posicionar seus aviões, tanques, fuzis e canhões para a guerra civil que nos devora, pois filhos, netos, parentes, aderentes estão por aí morrendo feito moscas e as polícias não estão dando conta do recado. Outros achando que não compete às Forças Armadas colocar seus integrantes em cada esquina para separar brigas de marido e mulher ou de vizinhos ou de traficantes e usuários de drogas; que isso é tarefa das Polícias. Outros dizendo que as missões das Forças Armadas estão expressas na Constituição, nos parágrafos sobre a destinação das Forças Armadas. Outros dizendo que o povo brasileiro não pode se dar ao luxo de pagar caro para que os militares fiquem dentro dos quartéis, treinando para uma hipotética guerra virtual e distante, com os “argentinos”, deixando a população entregue “às baratas”. Outros dizendo que as Forças Armadas já voltaram de há prisioneiros dos quartéis; e outros dizendo que não existe essa história de volta aos quartéis -- ou para que militares? -- Mas que também não é possível que eles fiquem agora na sombra e água fresca, assistindo o circo pegar fogo e desejando que tudo “se exploda”. Outros querendo de imediato a nossa volta (que Deus nos livre e guarde) para evitar que tudo se exploda. E que as verdades mais solenes e verdadeiras costumam parecer “piadas” neste Brasil atual. Outros achando que não há mais alternativas para o povo brasileiro, a não ser “rezar” para que nada de pior aconteça. Outros achando que a corrupção no Brasil não tem fronteiras, e que por maiores que sejam hoje, as de amanhã serão maiores.
Na verdade eu fico sem saber para onde correr, ou melhor, onde pousar meu avião: se na pista da Base Aérea de Santos, onde morreu o pernambucano, ou fique “aqui no meu cantinho, vendo rir-me o candeeiro, gozando o bem de estar sozinho e esquecer o mundo inteiro”, como dizia o grande mestre Castilho.