Por que havia tantos Golpes de Estado na América Latina?

Tanto Fatores Estruturais e Fatores Conjunturais como Fatores Externos e Fatores Internos contribuíam para provocar tantos Golpes de Estado na América Latina. O principal Fator Externo que causava conflito na América Latina era a Guerra Fria. EUA e URSS financiavam grupos políticos para tomar o poder ou derrubar adversários do poder. Os principais Fatores Internos eram a polarização política com radicalização ideológica que provocavam a intervenção das Forças Armadas a favor de um grupo político alinhado aos EUA e, portanto, contra um grupo político alinhado à URSS. Cuba como “ameaça” de expansão do “comunismo” por toda a América Latina era um fator que se tornou relevante na década de 1960 e 1970.

Os principais Fatores Conjunturais que provocavam crise política eram inflação alta, descontrole das contas públicas, acelerada urbanização com ampliação das demandas sociais, conflitos agrários e a falta de consenso para aprovação de medidas necessárias para estabilização econômica. Os principais Fatores Estruturais que prejudicavam o desenvolvimento da economia eram a excessiva dependência da exportação de matérias-primas e importação de bens manufaturados que provocava desequilíbrio na balança comercial, assim como alto índice de desigualdade social decorrente do analfabetismo e da não universalização do ensino fundamental e do ensino médio.

O poder legislativo controlado por oligarquias regionais impedia reformas necessárias para se atingir um Estado de Bem-Estar Social que fosse a redistribuição dos impostos em forma de expansão dos gastos públicos. A eleição de candidatos progressistas para o poder executivo provocava um embate político com o poder legislativo. Os impasses políticos mais graves que saíam do controle do debate parlamentar contaminavam os meios de comunicação e a sociedade, isso acabava provocando a intervenção das Forças Armadas.

Uma grande mudança ocorreu com a redemocratização da década de 1990. Esta permitiu uma contínua realização de eleições presidenciais, sendo que em vários países há dois turnos para aumentar a legitimidade do candidato eleito. A urbanização dos países e o aumento de demandas sociais faz com que seja necessário gerir o gasto público. O grau de investimento na economia depende da estabilidade e da confiança dos agentes econômicos. A América Latina melhorou o desenvolvimento econômico e social dada o Fator Conjuntural da bonança da economia mundial com a globalização, mas que terminou com a Grande Recessão de 2008.

Fatores Externos como uma Nova Guerra Fria (EUA e Rússia) e Fatores Internos como a retomada da polarização política e radicalização ideológica levantam um questionamento sobre a situação política e econômica atual em vários países da América Latina. Se, não há mais espaço para golpes militares, deve-se discutir como o sistema político irá administrar a tensão entre o governo e a sociedade diante de Fatores Estruturais ainda existentes como o alto índice de desigualdade social decorrente do analfabetismo e da não universalização do ensino fundamental e do ensino médio e Fatores Conjunturais já elencados e que agora são agravados pela guerrilha, pelo narcotráfico, pela violência urbana e pela corrupção.