A política proibicionista chove no molhado
21h39. Voltando p/ casa após academia. 01 viatura (c/ 03 policiais) aborda 2 menores fumando maconha em suposto ponto de venda - praça ao lado da minha casa. Dedos dos policias em riste, flexionados contra a face de cada. Meninos pobres sem estrutura familiar (culpa do Estado) com as mãos levadas às costas, sabatinados como se criminosos fossem (por pessoas pagas pelo Estado). Os PM"s encontram algumas substâncias, nada fazem, vão embora e a venda do entorpecente continua poucos minutos depois. Na cara larga. Na frente dos próprios Policiais.
Involuntariamente, então, eu começo a mensurar os prováveis gastos públicos - diários e anuais - dispendidos ao todo nas centenas de horas de abordagem completamente inócuas como esta.
Gastos com a viatura; com o subsídio mensal dos soldados; com a Promotoria responsável por eventual persecução do "delito criminis"; os escreventes de máquina judiciária; as audiências conciliatórias e/ ou instrutórias, papéis de lavratura; tempo dos meirinhos; pagamento dos meirinhos; e etc, etc, etc. Tudo isto, senhores, para alimentar um sistema fraudulento, hipócrita e antiquado, que não subsiste a dois minutos de raciocínio.
A política de combate às drogas, fomentada pela imagem da criminalização, CONSISTE em um verdadeiro câncer social. Os proibicionistas, sem saber, claro, SUSTENTAM uma comunidade violenta, oportunista, que atrofia as oportunidade para o desenvolvimento educacional dos que convivem às madeixas periféricas.
Casos como este, que acima citei, SEMPRE terminam na suspensão condicional do processo, com fulcro ao art. 89 da Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95), ante a qualificação de uso, prevista ao art. 28 da Lei de Drogas (nº 11.343/06).
Estou cansado de assistir aos telejornais em horário de almoço dizendo: "jovem é preso com X quilos de", "menor é surpreendido com X trouxas daquilo". A notícia é a mesma e sempre será porque o combate é uma falácia.
O atual caótico cenário ilustra um espetáculo que só beneficia a corrupção militar e os próprios traficantes. Você pode matar dois, outros cinco vêm nadando.
A culpa não é do policial, porque ele cumpre ordens do capitão. A culpa não é do capitão, porque ele cumpre ordens da coorporação. A culpa não é da Polícia Militar, porque ela apenas cumpre a lei. A culpa não é da lei, porque ela representa a intelecção dos indivíduos da sociedade. É necessário mudar a concepção teleológica antes de mais nada.
O dinheiro público que poderia estar sendo investido na Educação e na Infra Estrutura, por exemplo, escoa ralo abaixo nesta apólice mentirosa que apenas enxuga gelo. Parem pra pensar: METADE do tempo dos policiais está sendo gasto nesta brincadeira de gato e rato. Enquanto isto, os índices de furto e roubo, derivados da própria proibição, continuam em crescimento exponencial.
Mas enquanto a coisa não muda, peguem a pipoca com manteiga e deitem-se: o filme é longo e o teatro continua.