O PAÍS DOS AGREGADOS

Eleições presidenciais trazem um cardápio que pouco se altera ao longo do tempo: ataques pessoais, números grandiosos, tentativas de dividir o País. Uma época de análises e comparações. É o caso da semelhança entre a estrutura de certos governos com a de determinadas famílias. Ambos têm figuras idênticas: o Paizão, a Mãezona, os filhos prediletos, os esquecidos, os irmãos de conduta duvidosa, a amante espalhafatosa. Mas existe um grupo que toda família suporta, muitas vezes por conveniência: os agregados. São aquelas figuras que vêm a reboque de um casamento e podem influenciar definitivamente os destinos da família. O novo (des)governo eleito em um certo País da América do Sul é um exemplo típico de família que possui numerosos agregados que, pelos próximos 4 anos, certamente continuarão a exercer seu poder paralelo na defesa dos próprios interesses. Seguem os perfis de alguns destes elementos:

. “Sir” Ney: é o sogrão. Velha raposa, conhece todos os podres da família. Mesmo aposentado, está sempre pronto a indicar amigos e colaboradores para negócios, transações e afins. Em algumas “famiglias” italianas seria “il consigliere”. Chamado de ladrão em 1987, pelo Paizão da família, sente-se à vontade entre os atuais ocupantes da casa.

. Fernandinho C. de Mello: é o cunhado rebelde, apreciador de carros esporte, motos velozes e jet-skis. Foi demitido por justa causa em 1992, acusado de corrupção. O Paizão da família teve importante participação no processo. Posteriormente, para espanto de muitos, os dois se uniram em nome de interesses em comum. Com estas credenciais e aliados de personalidade dúbia, pode aspirar a um bom emprego nos negócios da família, embora não seja muito afeito ao trabalho.

. Paulo Salim: é o tiozão. Sempre alegre, costuma divertir as crianças da família com piadas do tipo “eu nunca tive conta bancária no exterior”. Frequentador das páginas da Interpol, ao lado de traficantes, mafiosos e contrabandistas, tem um perfil que agrada bastante à família.

. Hermanos Castro (Fidel e Raul): são os primos de terceiro grau que não moram com a família, não colaboram com nada, mas de vez em quando aparecem para fazer uma “boquinha”. Donos de uma ilha há 55 anos, há mais de 20 estão falidos. Por conta de ajuda prestada a alguns elementos da família nos anos 60 e 70, recebem recursos para reformar portos e estradas, além de uma mesada mensal através de uma negociata envolvendo médicos.

. MST: são os moleques travessos entre os agregados. Muito mal-educados, gostam de pular o muro das casas vizinhas, quebrar vidraças alheias e roubar a comida do cachorro. Apesar disso, recebem todo o apoio da família, inclusive financeiro. Recentemente, ameaçaram abandonar a família caso suas traquinagens não fossem mais financiadas, mas depois de um acerto com a Mãezona, garantiram suas arruaças por mais 4 anos.

Com agregados desse naipe participando ativamente dos destinos da nação, o pobre País sul-americano certamente continuará vivendo tempos turbulentos. Resta o consolo de saber que 4 anos passam depressa e que, talvez os 48% de hoje se transformem em 51% amanhã. E torcer para o País achar um rumo e seu povo encontrar a direção correta. Nem que seja a do aeroporto mais próximo – que, aliás, está em obras.