O GLOBO - ( reprodução)
30/10/2014
Derrotar o inimigo já não basta. É preciso exterminá-lo
por JOÃO MAURÍCIO CARNEIRO
30/10/2014 0:00
No mundo da propaganda, o conhecimento de psicologia, sociologia, antropologia e outras ciências humanas é utilizado há décadas para nos induzir a viver uma experiência inesquecível de consumo. Para vender, vale tudo.
Todo esse manancial de recursos de propaganda e marketing também começou a ser utilizado na política a partir dos anos 50 nos EUA. A missão é convencer o eleitor de que o candidato apresenta atributos superiores diante da concorrência. Na teoria, o marketing político tem as melhores intenções. Mas, na prática, é bem diferente, sobretudo nas disputas presidenciais.
As campanhas americanas são o exemplo de audácia na utilização das mais intensas ferramentas para atrair corações e mentes. É da terra do Tio Sam a estratégia de desconstrução do adversário, colocando nele estereótipos para massificá-los no imaginário do cidadão comum.
Quando a situação aperta utiliza-se a estratégia de destruição do adversário. Ele é tratado como um inimigo. Derrotá-lo já não basta. É preciso exterminá-lo.
No Brasil, tem sido utilizada pelos marqueteiros petistas com mais intensidade desde a eleição de Dilma em 2010. Os tempos românticos do “Lulalá” ou “Lula paz e amor” que mobilizavam multidões em torno de uma utopia acabaram. A partir do mensalão, que rasgou a cortina da ética, esse modelo já não era tão eficaz.
Entrou em cena a propaganda belicista e revela-se o verdadeiro DNA do PT que o marqueteiro João Santana soube identificar muito bem. É o sindicalismo de resultados, berço do Partido dos Trabalhadores. Tudo vale a pena para chegar ao poder. Não importa os meios. Às favas com a ética.
A tática foi apresentar a candidata Dilma como a mãe dos pobres e oprimidos. Aécio foi o playboy da direita que tiraria a comida da mesa da nova classe média e entregaria o país para o capital estrangeiro. Logicamente, nenhum dos estereótipos é verdadeiro, mas repetidos exaustivamente pela propaganda do PT “colam” no córtex dos eleitores desavisados.
No entanto, como os generais dessa guerra midiática utilizaram armamento cada vez mais pesado e não economizaram munição, entramos em terreno perigoso. Saímos da esfera da propaganda e entramos no estímulo a um combate ideológico e político. Promoveram uma verdadeira luta de classesfora de época e de lugar que está dividindo o país. Karl Marx e Friedrich Engels nem imaginariam que ao criar esse conceito para designar o confronto entre o que consideravam os opressores, a burguesia, e os oprimidos, o proletariado, seriam referência para um verdadeiro massacre ideológico da propaganda política no Brasil. Estudiosos indicam que os marqueteiros precisam buscar uma forma de utilização do marketing, em que a estratégia deve ser focada no eleitor, e não no candidato. O eleitor deve ser o centro de tudo, e não o político.
O marketing pode ser uma excelente forma de aprimorar a democracia, diminuindo o risco de os eleitores comprarem gato por lebre, mas não deve ser usado para manipular nossas emoções e incitar o fundamentalismo. Já temos exemplos trágicos demais de confrontos e divisões na história recente da humanidade.
João Maurício Carneiro é jornalista
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**** EM TEMPO: concordo em tudo com o colega de O GLOBO.
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30/10/2014
Derrotar o inimigo já não basta. É preciso exterminá-lo
por JOÃO MAURÍCIO CARNEIRO
30/10/2014 0:00
No mundo da propaganda, o conhecimento de psicologia, sociologia, antropologia e outras ciências humanas é utilizado há décadas para nos induzir a viver uma experiência inesquecível de consumo. Para vender, vale tudo.
Todo esse manancial de recursos de propaganda e marketing também começou a ser utilizado na política a partir dos anos 50 nos EUA. A missão é convencer o eleitor de que o candidato apresenta atributos superiores diante da concorrência. Na teoria, o marketing político tem as melhores intenções. Mas, na prática, é bem diferente, sobretudo nas disputas presidenciais.
As campanhas americanas são o exemplo de audácia na utilização das mais intensas ferramentas para atrair corações e mentes. É da terra do Tio Sam a estratégia de desconstrução do adversário, colocando nele estereótipos para massificá-los no imaginário do cidadão comum.
Quando a situação aperta utiliza-se a estratégia de destruição do adversário. Ele é tratado como um inimigo. Derrotá-lo já não basta. É preciso exterminá-lo.
No Brasil, tem sido utilizada pelos marqueteiros petistas com mais intensidade desde a eleição de Dilma em 2010. Os tempos românticos do “Lulalá” ou “Lula paz e amor” que mobilizavam multidões em torno de uma utopia acabaram. A partir do mensalão, que rasgou a cortina da ética, esse modelo já não era tão eficaz.
Entrou em cena a propaganda belicista e revela-se o verdadeiro DNA do PT que o marqueteiro João Santana soube identificar muito bem. É o sindicalismo de resultados, berço do Partido dos Trabalhadores. Tudo vale a pena para chegar ao poder. Não importa os meios. Às favas com a ética.
A tática foi apresentar a candidata Dilma como a mãe dos pobres e oprimidos. Aécio foi o playboy da direita que tiraria a comida da mesa da nova classe média e entregaria o país para o capital estrangeiro. Logicamente, nenhum dos estereótipos é verdadeiro, mas repetidos exaustivamente pela propaganda do PT “colam” no córtex dos eleitores desavisados.
No entanto, como os generais dessa guerra midiática utilizaram armamento cada vez mais pesado e não economizaram munição, entramos em terreno perigoso. Saímos da esfera da propaganda e entramos no estímulo a um combate ideológico e político. Promoveram uma verdadeira luta de classesfora de época e de lugar que está dividindo o país. Karl Marx e Friedrich Engels nem imaginariam que ao criar esse conceito para designar o confronto entre o que consideravam os opressores, a burguesia, e os oprimidos, o proletariado, seriam referência para um verdadeiro massacre ideológico da propaganda política no Brasil. Estudiosos indicam que os marqueteiros precisam buscar uma forma de utilização do marketing, em que a estratégia deve ser focada no eleitor, e não no candidato. O eleitor deve ser o centro de tudo, e não o político.
O marketing pode ser uma excelente forma de aprimorar a democracia, diminuindo o risco de os eleitores comprarem gato por lebre, mas não deve ser usado para manipular nossas emoções e incitar o fundamentalismo. Já temos exemplos trágicos demais de confrontos e divisões na história recente da humanidade.
João Maurício Carneiro é jornalista
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**** EM TEMPO: concordo em tudo com o colega de O GLOBO.
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