Reflexão: Eleição, quem a ganhou?

Em alguns dos textos intrometidos neste Recanto dos poetas, estuário caudaloso de amores e profundas fossas de desamores com suas relações intrínsecas de causa e efeito em perfeita simbiose, enriquecido por tanta gente boa que navega segura por entre as armadilhas da escrita e dos vários gêneros literários, ousei esboçar algumas opiniões.

De forma simplificada e reduzida visando não entediar os raríssimos, porém generosos e pacientes leitores, retorno a alguns pontos abordados antes das eleições, pinçando-os dos contextos:

PSDB/Aécio:

“Dois componentes básicos, simples, precípuos que devem compor a elaboração de um projeto. Qualquer seja o projeto:

a) Leitura de cenário;

b) Visão/percepção estratégica.”

“O PSDB se mostra órfão, míope e carente de ambos. O equívoco, fruto da soberba, margeia o comportamento patológico. “Diria o vagalume para os demais: não existem outros sóis, apenas a luz que brilha em minha cauda.”

“Embevecido com sua plumagem “ton sur ton”, embriagado com suas cores extraordinárias dispostas num caleidoscópio singular encimado por um bico que desafia a doutrina criacionista e contempla Darwin, abdica do olhar crítico para os pés atolados em escândalos de décadas.”

“Na campanha eleitoral, desnorteado e pressionado pelas pesquisas, comete um erro após o outro num processo de lento e inexorável padecer. Sem rumo definido, com visão estratégica míope e equivocada leitura de cenário, o PSDB precisava mais, muito mais do que o discurso ruim do candidato Aécio para algum tipo de pretensão. Empalado entre Deus e o Diabo, não sabe se reza ou se blasfema.”

“A arrogância do partido não lhes permite perceber que caminham céleres para o fundo do poço político de um DEM. Morrerão encarcerados pela soberba.”

Assim foi dito; e assim foi.

Agora, ficam perplexos a bater cabeças diante do questionamento: onde foi que erramos?

Após eleição, novo equívoco: perdemos por pouco. Ledo engano. Perdeu-se por muito, muito mais do que a diferença entre os votos das urnas. Perdeu-se uma Marina, quase inteira, com seus 20 milhões de votos que se manteve à margem do processo eleitoral. Uma coisa é declarar seu voto; outra é apoiar incondicionalmente e agregar-se ao candidato. Marina, tão somente declarou seu voto. E lá se foi um rio caudaloso de abstenções.

Caso o partido tenha boa memória lembrar-se-á da postura adotada em Minas, quando da campanha do Serra à presidência, este deixado à deriva fortalecendo o PT.

PSB/Marina:

“O maniqueísmo de antanho, segregando dois polos políticos, sucumbe à novidade até então efêmera da seringueira dogmática dos pés descalços, braços nus e colares artesanais. Ferrenha e inflexível defensora da sustentabilidade, seu discurso não se sustenta. Ainda assim, neste deserto de líderes, surge como a boia salvadora para o desastre da continuidade.”

“Enquanto os candidatos se digladiam com os intestinos à mostra, expondo cada um suas fragilidades e recorrentes defeitos, a tudo assiste enigmática como uma moderna esfinge. A questão maior reside em decifrá-la tardiamente e se constatar que, nada obstante seus méritos pessoais e de origem, o passado nos baterá à porta. Como se sabe, na história recente dois presidentes eleitos e hóspedes de partidos de aluguel não lograram cumprir seus mandatos.”

“Resta ao PT tentar desconstruir Marina, galho de seu próprio tronco, que ameaça a reeleição de sua criatura já no primeiro turno. Corre o risco de cometer suicídio eleitoral.”

“Ao hospedeiro PSB, cabe a tarefa de blindar Marina por 28 dias, estruturando uma linha defensiva que lhe permita assistir, de camarote, o esfacelamento mútuo dos demais candidatos e a alegoria dos partidos de aluguel que correrão famintos e serelepes para o colo do vencedor.”

“Afinal, de qual Marina falamos? Da seringueira morena, pés descalços e braços nus com seus colares artesanais, ou da Marina morena, a Marina morena de Caymmi, aquela que se pintou?”

“Sem base política definida, com seu discurso de sustentabilidade incapaz de sustentar-se, fã de uma teoria política de difícil compreensão e avessa ao regime democrático representativo, transformou-se num pêndulo errático. Nada além de uma incógnita, ou nada além de uma ilusão a ser meticulosa e impiedosamente desossada pelos rivais. Feliz será se conseguir salvar, pelo menos, sua alma.”

“(Lula...) tropeça na criatura, esbarra no partido e, autofágico, corta o galho de seu próprio tronco, como Marina o é. Mas, nada, absolutamente nada, resistirá à sua patológica sanha pelo poder”.

“Este, seu último obstáculo para se manter no controle absoluto diante da vassalagem do Legislativo e da submissão aparelhada do Judiciário. Seja a Marina seringueira, seja a Marina morena de Caymmi, aquela que se pintou, a carcaça será a mesma.”

Assim foi dito; e assim foi.

PT/Lula/Dilma:

Infelizmente, não disponho de recursos para separar o joio o trigo, eis que não existe trigo. Representam o ambiente simbiótico perfeito onde prosperam as ervas daninhas. Lula criou um partido a sua imagem e semelhança. Solerte, arrivista, não é um fraudador; é uma fraude em si mesmo.

Possui uma deformidade intrínseca. Não é algo que se adquire, é inata e está no organismo e na personalidade do indivíduo. Do pau torto até a cinza é torta. Atribui-se a Chico Oliveira, um dos fundadores do PT, hoje afastado e desiludido com a lide lulista: “O Lula é mais esperto do que vocês possam imaginar. O Lula não tem caráter”. Presume-se que quem o disse saiba e conheça!

Dilma, sua criatura, disléxica e com sérios sintomas de disfunção cognitiva é incapaz de construir uma frase, um pensamento ( aí, já seria querer demais!! ) com princípio, meio e fim. Marionete, fala pela boca alheia. Assim, como um moderno Gepeto e sua Pinocchio.

Em um dos textos de 14/09, ponderei:

“E a grande incógnita: quem poderá nos asseverar que um Lula, lulíssimo em seus trajes de ardilosa emboscada, não seria capaz de sabotar um fragilizado e eventual governo de Marina para retomar o poder absoluto como salvador da pátria em 2018, ou mesmo antes disso?“

“Para quem poderia ter descoberto o Brasil, banalizou a corrupção, batizou Jesus e inventou o futuro, nem o céu é o limite.”

“Resta-lhe canibalizar sua criatura e sucessora pavimentando o terreno para seu retorno triunfal em 2018 como Inácio, o Magnífico. Atribui-se a Lorde Acton: “O poder corrompe; o poder absoluto corrompe absolutamente”.

Eis o Santo Graal do PT.

A imprensa de hoje, destaca: “O ex-presidente Lula disse recentemente a interlocutores que será candidato ao Planalto em 2018. No segundo mandato de Dilma, Lula espera influir mais no governo, para pavimentar sua candidatura, que já é tratada como oficial internamente no PT.”

Assim, é.

Ah, sim, resposta à pergunta: Eleição, quem a ganhou?

Ganhou a corrupção. Ganhou a impunidade com sua alforria concedida, democraticamente, pelas urnas.

Ganhou o predador PMDB agarrado ao poder como cracas em um navio naufragado, paciente, furtivo e despudorado, aguardando a oportunidade para se refestelar nos despojos. De sua casamata no Congresso, deserto da decência e da probidade, ardilosamente tece suas armadilhas. Poder, bônus sem ônus; simples assim.

Perdeu o país dando um passo á frente à beira do abismo. Como cravou mestre Cartola: “quando notares estás à beira do abismo / abismo que cavaste com teus pés.”

De se notar, contudo, que para este nosso país tão estropiado “ainda não é cedo, amor....!

Bellozi

29/10/14

bellozi
Enviado por bellozi em 29/10/2014
Código do texto: T5016482
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