Terminais de desintegração de São Luís
No ultimo dia 31 de março de 2013, por volta das 19:00 hrs, estava no terminal da cohab esperando o onibus, que por conta da tarifa social com a passagem reduzida pela metade aos domingos, nos causa a impressão de que o número da frota tambem seja reduzido nas mesmas proporções, resultando numa espera que pode perdurar por tempo indeterminado. Neste cenário, finalmente chega o Br 135, sentido terminal São Cristóvão, e com ele a ansiedade dos passageiros, seja pra descer do onibus, seja para embarcar no mesmo. Assim que o onibus estaciona, desenvolve-se uma verdadeira briga travada corpo a corpo entre os passageiros que precisavam descer e os que ansiavam em assegurar os seus centimetros quadrados dentro do coletivo. Então, a discussão se transforma em algo mais caloroso do que o usual, com gritos, garrafas se quebrando, correria, quando enfim se escuta dois tiros, que deixa o saldo de um morto no chão. Passados alguns dias deste episódio, novamente no terminal de integração da Cohab, a cena de briga se repete, pela manhã, desta vez entre duas passageiras, sendo que agora ninguem morre, já que a guarda municipal, totalmente despreparada para conduzir incidentes desta natureza, estava presente e, como já era de se esperar, desceu o cacete em ambas, em meio a população que vaiava e tentava se espremer nos onibus que chegavam.
Cenas como estas já fazem parte do cotidiano desumano que é oferecido aos milhares de individuos que se veem obrigados a utilizar-se diariamente do serviço de transporte coletivo integrado, como meio para não pagar uma passagem adicional. Quando se pergunta a qualquer usuário do transporte publico que utiliza aos terminais de integração diariamente, de que forma se define o serviço prestado, a resposta parece já estar na ponta da lingua: é o caos.
Os terminais de integração hoje representam um reflexo evidente desta sociedade suja, mal educada, desorganizada, onde podemos perceber com clareza a ineficiencia ou simplesmente a falta de administração dos orgãos responsáveis, propiciando ao povo nada menos do que o estado de barbárie entre os usuários do coletivo, situação esta que pode ser adicionada aos intensos conflitos envolvendo aos hiperestressados profissionais rodoviários. Não a toa, tais acontecimentos acabam coincidindo com uma série de situações semelhantes a estas envolvendo o transporte público em diversas partes do país.
Outra cena comum no cotidiano do povo são os constantes assaltos executados no interior dos terminais de integração. Muitas vezes sem policiamento, os terminais acabam sendo alvos viáveis para furtos e assaltos. Pelo que se pode perceber, a falta de segurança já é uma premissa a ser enfrentada diariamente pelos usuários dos terminais de integração, que a qualquer momento podem se ver como vitimas de agressão, assaltos, furtos ou crimes de diversas naturezas.
Isto quer dizer que, já não basta a população ter de conviverr com a imundicie dos terminais de integração, sendo obrigada a se deparar com a ridícula condição dos banheiros públicos, constantemente mergulhados em bosta, com a falta de água diária, a inexistência de bebedores, os passageiros, que já estão acostumados a seguir viagem totalmente vilipendiados, pendurados nos onibus superlotados, ainda correm o risco diário de serem degradados ou inclusive mortos, na ansia de conseguir um espaço no coletivo que segue rumo ao seu destino.
Enquanto isso o VLT continua enferrujando, oxidando com a maresia no terminal da Praia Grande. Este, que chegou a ser usado, inclusive, como parte da ultima campanha eleitoral como solução de muitos dos problemas envolvendo o transporte público ludovicense, já que o mesmo faria a ligação entre o terminal da Praia Grande e o terminal do São Cristóvão, continua inerte, imóvel, esperando por não se sabe o que. (Bem que o reitor Natalino Salgado, afeito a canteiros de obras do jeito que é, poderia arranjar uma forma de arrastar os trilhos do mesmo até o campus universitário do bacanga. Só assim para poder suportar o montante, acrescido dos calouros, que se acumulam, constantemente amontoados durante todo o semestre em apenas seis onibus da linha 311, que faz o circuito Campus/T. Integração Praia Grande.)
Falando na ultima campanha eleitoral, não pode passar em branco uma das propostas colocadas pelo então candidato a prefeitura de São Luis, Edivaldo Holanda jr., da implantação do bilhete único no sistema, que poderia vir a ser uma medida paleativa para este problema, mas que até hoje, não se tem nem sinal. Pelo visto, vai ficar pra próxima eleição.
Neste ponto se torna fundamental aqui relembrar da função dos fiscais dos terminais de integração que, ao menos até algum tempo atrás era, dentre outras, de fiscalizar, de organizarem as filas de embarque de passageiros, bem como controlar a partida dos ônibus. Nos dias de hoje, os poucos fiscais que existem ainda se dividem entre as funções de desinformar os passageiros e se camuflar ao menor sinal de confusão, atropelamento, morte. Impossivel aqui não recordar o caso do passageiro que perdeu a vida quando o motorista arrancou no momento em que ele descia do onibus no terminal da Beira Mar, no inicio deste ano. Situações como estas continuam se arrastando ha anos, tanto que já são vistas por esta sociedade até como algo natural, sendo totalmente ignoradas pelo municipio, que transparece a idéia de que se o onibus não estiver lotado, o mesmo não estará gerando lucros, e sem lucros não poderá dar um atendimento digno aos usuários. O transporte público, já começa por não ter gratuidade, pois pagamos por ele, e pagamos alto, pros padrões da ilha. E sendo caro, por que não é de qualidade? De público mesmo, o serviço de transporte só possui o nome.
A situação precária em que se encontram os terminais de integração já foi parar, inclusive, na justiça, mediante a negligência da prefeitura de São Luis em relação ao serviço por ela prestado de maneira displicente e degradante. A ação parte da defensoria pública, que enviou no fim do ano passado à primeira Vara da Fazenda Pública de São Luis a Ação Cívil Pública (ACP) n. 16968/2012, denunciando justamente as condições degradantes do péssimo serviço oferecido no terminal do São Cristóvão. O caso vem se arrastando na justiça, enquanto o pandemônio nos terminais continua. Então, pouco importa se quem está no meio do tumulto são idosos, deficientes, mães com crianças de colo, ou grávidas, é um salve-se-quem-puder para garantir o seu lugar nos ônibus lotados. Esta situação somente é percebida de forma um pouco melhor no terminal da Cohama, onde inda se consegue perceber a presença de alguns fiscais, e um banheiro que não cheira tão mal, talvez até mesmo pelo fato de o SMTT ser próximo do mesmo..
Poderiamos direcionar esta questão a falta de educação da população, porém a situação se torna ainda mais grave pela ineficiência ou mesmo inexistencia de fiscais para poder direcionar e auxiliar na educação da população. Os fiscais, por sua vez, tomam a mesma atitude adotada pela prefeitura municipal, o descaso, e simplesmente fingem que não veem, não percebem este problema ocorrido nos terminais que, como um câncer, se alastrou pelos cinco cantos deste organismo que outrora fora chamado de atenas brasileira.
Tanto a prefeitura quanto o SET simplesmente não se pronunciam sobre o assunto, numa atitude de pouco caso perante os individuos, que seguem chegando atrasados, mesmo se pendurando diariamente nos onibus velhos, intensamente lotados, se empurrando, se degladiando, acumulados, em terminais sucateados.