Cadeira do dragão
ESTE TEXTO TRATA=SE DE UMA SÁTIRA DO PROGRAMA DE RÁDIO CAFÉ COM A PRESIDENTE E UM BATE PAPO COM OS PRINCIPAIS ASSUNTOS DA SEMANA. LEGENDA: (A) APRESENTADOR; (C) JOAQUIM “BABOSA”; (P) PALHAÇO “POVO”; E A PRESIDENTA DILMA.
Por Fabiano Sousa
“Nu, em um ambiente assaz congelador, contíguo de instalar uma confusão mental, aceleração do metabolismo, a levar ao coma e a paralisia do coração, muito próximo de uma hipotermia, tudo em questão de minutos. Apalpando, sentiam-se aberturas gradeadas, ligada a um sistema de ar refrigerado e esticando os braços transversalmente alcançavam aos dois lados das paredes revestidas de fórmica, o que intensificava a frialdade do cúbico de aproximadamente dois metros quadrados, impedindo de abandonar o corpo exausto e machucado. No breu total incapaz de identificar onde, sem saber como, quando e o porquê estava acolá, coincidência ou não, perguntas frequentes do “B A BA” de um de texto jornalístico.
Ainda vinham pelas fendas, nos mais altos decibéis, sons estridentes, ruídos eletrônicos, sirenes, turbinas de jatos de avião, capaz de levar um homem a insanidade. Alvitre os piores pesadelos de velhos tempos e que não gostaria de recordar todos aqueles desarranjos e angústias...
- Soldado, traga-me o interrogado e coloquem confortavelmente na cadeira, como se estivesse em casa!
Arrastado, o corpo nu quase sem alma, era trazido ao salão principal, cruzando toda sua extensão à adentrar a uma edícula, separada somente por um vidro blindado, uma caixa de força e uma cadeira de um barbeiro, com assento de zinco. Do outro lado do vidro, a presença dos militares e engravatados envoltos as conversas e gargalhadas que voltavam a casa depois de algumas horas aguardando o “Gran Finale”.
Reiniciavam-se os preparativos, as primeiras cintas de couro prendiam os braços e as pernas e uma terceira cinta atrelava sobre a testa do indivíduo que não oferecia a menor resistência. Enquanto observavam, seguia-se a próxima etapa, aonde eram conectados fios vermelhos e pretos, nos mamilos, pontas das mãos, solas dos pés e genitais.
Pedro sabia onde estava sentando, já tinha passado pelo transtorno e conhecia os efeitos das descargas elétricas, sentia o perfume da morte no ar, entretanto, estava orgulhoso de si, dignamente não abriria o bico novamente, não deletaria amigos e informações confidenciais exigidas nos depoimentos, mas não poderia fraquejar, estava vivo, tentariam uma última vez as mais duras vicias...
Com o aval do General, o vigário, seguiu em direção à cadeira e sem olhar nos olhos do homem ferido, pronunciou algumas palavras de Deus. Segundos depois, máquina acionada pela última vez no dia e ao piscar das luzes, a alta descarga de eletricidade produzida, o corpo estremeceu esparramando-se...”
P_ O parágrafo acima faz parte de um trecho do livro de um amigo, que descreve de forma concreta e cruel, um pouco, do que foi a luta sangrenta para que se conquistasse o direito ao voto à todos os cidadãos brasileiros e a liberdade de escolha a partir de 1985, ano de transição. Em 1988, promulgada a nova Constituição. Logo em 1989, ocorrendo à primeira eleição direta, pós-governo militar, desde 1960. Porém, para tal alvedrio, muitos foram torturados, outros exilados e ainda, um tanto assassinado, enterrados como indigente ou simplesmente desapareceram do mapa.
A_ Caros leitores, estamos em um momento único, próximo a escolher, pela sétima vez, o Presidente do nosso país. Emoções afloradas com o empate técnico entre os candidatos do time Vermelho X Azul. Tudo será decidido no apagar das luzes.
C_ Não desperdice está aprumada conquista, faça parte da história, de seguir suas convicções e votar consciente. Manifestar-se a intolerância às falcatruas, tramoias, esquemas e ao combate a corrupção, independentemente de partido. A responsabilidade é de cada um de nós.
P_ Lutaremos para um Brasil realmente grande e limpo.
*Trecho do Roteiro do Livro “Memoria de uma Ditadura”, jornalista Fabiano Sousa.