UMA DEMOCRACIA DOENTE
A campanha presidencial de 2014 serviu para que as minhas convicções ganhassem ainda mais raízes. A democracia brasileira emergente com o fim da Ditadura Militar, já nasceu doente. E cada vez, se aproxima mais da UTI.
É verdade que ninguém tem uma bola de cristal. É verdade também, que ninguém precisa ter uma bola de cristal para ser politizado. Em 1993, os sinais do tipo de presidencialismo deixado por José Sarney, Collor de Melo e Itamar Franco já eram claros.
A chance esteve nas mãos dos brasileiros no plebiscito para a mudança de regime de governo. O presidencialismo ganhou, e a democracia perdeu. O parlamentarismo não permitiria que governos corruptos se mantivessem no governo. Ou que tentassem se perpetuar nele fabricando currais eleitorais.
Com Dilma Rousseff e Aécio Neves, a nossa democracia ganhou algumas viroses a mais, e o presidencialismo atingiu o fundo do posso. Como candidatos com o desejo de governar uma nação, podemos acusá-los. Como Seres Humanos não. Deve ser coisa de genes. Um cão acuado late. Um Humano acuado costuma olhar para o rabo do vizinho.
Faltando dias para o segundo turno, Aécio e Dilma estão acuados pelas pesquisas eleitorais. Como as promessas já se esgotaram, a saída para bagunçar os currais do adversário é olhar para o seu rabo. Remexer toda a sujeira e o mau cheiro que existe ali. E como tem sujeira!
São os assessores dos dois candidatos que não estão gostando dessa baixaria. Afinal é trabalho redobrado. Depois que todos os cachorros pulguentos já foram catados, encontrar pulgas em cachorros de madames, torna-se uma tarefa cada vez mais difícil.
Essa doença da nossa democracia, também se reflete no Poder Legislativo. A última edição do programa “Painel” do canal por assinatura “Globonews” tinha como tema a nova composição da Câmara de Deputados. Incrível como se falou pouco dos nossos 32 partidos políticos.
A palavra da vez no Congresso Nacional é “Bancada”. Temos bancada de tudo lá dentro. A bancada dos evangélicos, da bola, dos empresários dos ruralistas e muitas outras de acordo com as necessidades.
Com o nosso voto, elegemos cada deputado para nos representar. Depois de eleitos, e recebendo um salário pago por nós, somos sumariamente esquecidos. Lá dentro o que conta são os interesses das bancadas. Uma que não existe, porque nenhum deles tem a vontade de criá-la, é a “bancada do povo”.