ENTRE TIROS E “ENCONTRÕES” – A CAIXA PRETA DO GHC.
Leudo Costa
No dia 23 de fevereiro de 2011, irritado com a demora no atendimento médico oferecido pelo serviço de emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) em Porto Alegre, um homem atirou uma CPU (unidade de hardware) de um computador no rosto de uma médica dentro de um consultório. Em maio de 2012, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou e prendeu um homem de 31 anos de idade, funcionário da empresa Plansul (uma prestadora de serviços de limpeza contratada pelo GHC), que estuprou duas meninas, uma de 6 e outra de 11 anos nas dependências do Hospital da Criança (também administrado pelo GHC).
No dia 12 de setembro de 2012, conforme disponível na página eletrônica do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS) ficou esclarecido, através de da manifestação de uma das “diretoras” daquele sindicato, que a única função da empresa de segurança então contratada pelo Grupo Hospitalar era garantir a integridade do patrimônio do GHC; não a vida de pacientes ou funcionários.
No dia 8 de fevereiro de 2013, Diego Alaor da Silva, de 31 anos de idade, foi baleado na cabeça dentro da mesma emergência do HNSC e levado, ainda com vida, ao Hospital Cristo Redentor (HCR) - que pertence ao mesmo grupo hospitalar - onde faleceu.
Dia 24 de agosto de 2013, Tiago Diogo Gonçalves, de 27 anos, levou quatro tiros dentro do seu quarto no HCR. Os tiros atingiram suas pernas: esse sobreviveu. No dia 13 de setembro de 2013, por volta das 17 horas, dentro das dependência da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Moacyr Scliar (vinculada ao GHC) uma mulher que esperava atendimento quebrou computadores, vidros, e mobiliário até ser conduzida por policiais militares e, depois de ter assinado “termo circunstanciado”, foi liberada. No dia 26 de junho de 2014, o SIMERS registrou em órgão policial competente o “risco de invasão” da UPA Moacyr Scliar e, há dois dias, César da Fé Bugmaer foi executado dentro do HCR com tiros na cabeça – talvez mostrando que o “risco de invasão” identificado pelo SIMERS já era um problema “menor”, pelo menos para o paciente César do HCR.
Os fatos acima, transcorridos num espaço de mais de quatro anos (na verdade quase cinco), tem sua descrição disponível publicamente na rede mundial de computadores. Estranhamente, nenhuma descrição encontramos sobre quais providências foram tomadas pela direção do GHC para resolver o problema de segurança nas dependências dos hospitais. Corre, entre os funcionários da higienização, a informação de que o último proprietário da empresa contratada pelo GHC para o serviço teria fugido de Porto Alegre deixando uma enorme dívida trabalhista, atraso nos salários dos funcionários e uma sujeira dentro das instalações digna das administrações mensaleiras do PT e do PC do B que controlam, com mais de 630 funcionários em função gratificada, o maior grupo de hospitais do Rio Grande do Sul. Multiplicam-se assim os casos de infecção hospitalar por bactérias multirresistentes numa instituição que recebe, por ano, mais de 1(um) bilhão de reais do Governo Federal Petista, que foi advertida em juízo por assediar moralmente funcionários, e que não exige, para qualquer pessoa que queira entrar em suas dependências, apresentação de documento nem revista alguma mesmo depois de tudo isso que foi descrito. No que diz respeito ao controle de equipamentos e material de uso hospitalar, mais de uma vez funcionários da enfermagem compareceram em unidade policial para registrar o “desaparecimento” de aparelhos de aferição da glicose, cabos de oxímetros e outros materiais de alto custo comprado com dinheiro público. Médicos, em várias unidades do hospital, receberam mensagens pelo sistema de informática acusando a falta de antibióticos (alguns os mais básicos) enquanto declarava-se publicamente o envio de recursos humanos da instituição em missão de ajuda às vítimas do Haiti e, mais tarde, a abertura de uma Faculdade Medicina controlada pelo GHC e pela ralé do Ministério da Saúde Petista. Recentemente, em meio a esse ambiente de caos administrativo total, o Hospital Conceição foi apontado como referência para tratamento de casos de infecção pelo vírus Ebola no Rio Grande do Sul.
De providência imediata, de atitude resoluta e determinada, a única notícia recente que temos por parte de quem administra o GHC foi afastamento por 60 dias de um médico acusado de “ameaçar” e “agredir” uma colega dentro da UTI. Ironicamente, a queixa da vítima, levada à Delegacia da Mulher e invocando a “Lei Maria da Penha” em nada resultou até agora além de revelar mais um podre esquema de perseguição política com o qual vários funcionários já estão acostumados. Entre tiros na cabeça e “encontrões” entre médicos, a atual a administração comunista do GHC parece completamente perdida nesse apagar das luzes do Governo Petista. Dia 26 de outubro, se Deus quiser, tudo começa a ficar mais claro: em primeiro de janeiro de 2015 será aberta a Caixa Preta do GHC.
Porto Alegre, 14 de outubro de 2014.
*O autor é Jornalista e Advogado em Porto Alegre, RS