AGORA VEM A PRORROGAÇÃO

O jogo acabou, e outra vez, não conseguimos nos livrar da já cansativa polarização política. Pela sexta vez consecutiva, um petista ou um tucano será o presidente do Brasil. Duas décadas e meia é tempo demais.

A novidade, é que agora a prorrogação poderá ter um pouco mais de emoção. O difícil é chegar diante da urna eletrônica, e ter de fazer a escolha entre o purgatório e o inferno. Se os fantasmas do passado estão num desses lugares, os fantasmas do presente também estão.

Mesmo gostando mais de Dilma Rousseff do que de Aécio Neves a minha ideologia não me permite votar no Partido dos Trabalhadores. Os reflexos negativos do Brasil dos petistas começarão a aparecer com mais intensidade na próxima década.

Já Aécio Neves terá primeiro de digerir, e depois explicar a grande interrogação do primeiro turno chamada Minas Gerais. No terreiro da família Neves, Dilma foi a mais votada, e ainda elegeu um governador petista sem precisar de segundo turno. Será que Aécio não foi um bom governador? Foi um recado dos mineiros para o Brasil?

Confesso que Marina Silva me enganou quando subiu nas pesquisas. E não vou me enganar uma segunda vez, acreditando nos analistas políticos. Eles dizem que Marina despencou depois de apanhar impiedosamente de Dilma Rousseff, e levar alguns tapinhas de Aécio Neves.

Nada disso. Marina Silva foi ao topo, produto da comoção fúnebre nacional causada pela morte trágica de Eduardo Campos. À medida que a comoção foi dando lugar ao esquecimento, Marina Silva voltou a ser ela mesma. O patamar de 21% dos votos válidos deixa isto muito claro. Nada mudou desde 2010.

Outra das burrices da política brasileira é transformar o apoio de Marina Silva a tucanos ou petistas em incógnita. Marina está muito longe do poder de transferir a maioria dos seus eleitores para qualquer um dos lados. Só se o espírito de Leonel Brizola baixasse nela. Em 2010 a proporção foi de 40% para o PT, e 60% para o PSDB.

Dificilmente os votos transferidos de Marina Silva decidirão a eleição. O que enche os tucanos de esperanças e os petistas de preocupação, é que se essa matemática acontecer agora, a próxima pesquisa mostrará Dilma e Aécio, um aparecendo do retrovisor do outro.

E se Marina Silva não saiu do patamar os mesmos 20% de 2010, Dilma Rousseff perdeu 5% dos votos. A mesma proporção que PSDB ganhou a mais. Acredito que será essa segunda matemática que trará mais emoção para os momentos finais da prorrogação. A vitória será da cor que os mineiros se pintarão. Azul ou vermelho.