COXINHAS PARA OS COXINHAS:

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Humor encoxado.

Dia desses, num desses buffets da vida, me deparei com uma bandeja de coxinhas e dali saiu meu presente texto.

Devo confessar: amo coxinhas,embora eu as proscreva da dieta de alguns organismos dismetabólicos.

Todavia, recentemente descobri que coxinhas são indigestas a muitos vegetarianos de cardápio estelar, subliminarmente construído de luxos implícitos, que nada combinam com coxinhas, mas cujo sonho de consumo é a popular degustação politicamente incorreta do tudo que as coxinhas têm de melhor: sabor existencial, força energética, maciez, tempero equilibrado, cremosidade de caráter, história construida na panela de barro, porque afinal, coxinhas são pernas... e com trabalho das pernas se vai ao longe...mesmo sendo coxinhas!

Devo lhes dizer que coxinhas são injustiçadas metáforas conservadoras, de caminho duro a se percorrer rumo ao prato duma mesa de gourmet legítimo, suado, trabalhado com ingredientes de vida em nome do prato mais popular da terra...aquele genuinamente de todos..para enaltecer fome zero de verdade, aquela fome ampla, que só uma "clássica coxinha" empanada no amor e na ética..sacia de forma holística, além dos limitados e empanados (quando não empenados!) pódiuns.

Coxinhas são eruditos pratos democráticos na essência, transparentes na receita, crocantes na saciedade, estão em todas as mesas, inclusive naquelas onde até o caviar sente o desejo embutido da cobiça dos que a desejam a todo custo: degustá-las no todo do seu sabor, muitas vezes às custas das abocanhadas escondidas nas duras e suadas coxinhas do surreal buffet do próximo.

Enfim, ali, parada com meu olhar sobre as coxinhas da bandeja esqueci a política, a filosofia e o colesterol e me esbaldei na legitimidade do meu prato.

Afinal...que sejam as coxinhas para os coxinhas! Ao menos!

Deixei a indigestão e a proscrição para quem não puder digeri-las para ser feliz.

Nem que felicidade, no caso, represente um fugaz momento estelar de gula gastronômica bem à moda da casa.

MAVI