LUTO FECHADO

Estamos às vésperas de uma eleição, ocasião em que o eleitor brasileiro se prepara para escolher novos nomes para governadores, senadores, deputados estaduais e federais e um novo presidente para o Brasil. Eu vou votar em trânsito, porque no dia da eleição estarei longe do meu Estado e da minha Cidade. Embora consciente da responsabilidade que o voto representa, sinto-me de luto fechado por não ter um candidato no qual valha a pena votar.

No Rio Grande do Norte, meu Estado de nascimento e de domicílio eleitoral, os nomes postos para a disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa e para a Câmara Federal são os mesmos de outrora, cujas promessas e cujas práticas políticas já são minhas velhas conhecidas e em nada me seduzem.

Para o Senado Federal chama a atenção os aplausos ao nome da deputada Fátima Bezerra. Reconheço nela uma parlamentar atuante e o muito que faz em benefício do povo que a elegeu. Porém, o que causa estranheza é o fato de as pessoas não perceberem que tudo feito por ela, nada mais é do que sua obrigação. Para isto ela foi eleita e para isto ela é muito bem remunerada. Nada mais justo, portanto, do que fazer o seu trabalho.

O povo parece estar anestesiado por não ver político trabalhar, que quando aparece um que faz aquilo que lhe compete, passa a ser endeusado, conforme ocorre com a deputada Fátima Bezerra. Não tenho nada contra a figura da deputada, muito pelo contrário: tenho respeito e admiração pelo trabalho que ela realiza e gostaria que o Rio Grande do Norte pudesse contar com outros políticos de sua estirpe. Porém, para mim, tudo o que ela faz é simplesmente sua obrigação. O povo não lhe deve favores.

Também não aprecio sua propaganda política, na qual ela enfatiza o que parece ser sua maior qualidade: “Candidata ficha limpa”. Ora bolas, ser ficha limpa também é simplesmente sua obrigação e deveria ser a de todo político. E mais: em um país sério, político que não apresenta esta característica não se elege. A forma como a propaganda é feita, nos leva a pensar que o normal para a classe política é ser trambiqueira e eu me recuso a pensar assim, apesar dos pesares.

O pior de tudo é não ter um nome para votar a fim de escolher um governador para o Estado. Os nomes que estão postos e com possibilidade de ganhar a eleição, no meu ponto de vista, é um grande castigo que os deuses impõem ao povo do RN. Henrique Alves aparecer como a esperança de salvação para o Rio Grande do Norte, soa como uma piada de péssimo gosto. Afinal, este cidadão é deputado federal há mais de 40 anos e jamais se preocupou com o destino deste Estado; jamais fez alguma coisa em benefício desse Estado. Só deu o ar de sua graça por aqui no período eleitoral. Nem potiguar ele é.

Robinson Faria foi deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e vice-governador do Rio Grande do Norte, portanto, como é longa sua estrada na política deve conhecer muito bem os problemas que afligem este Estado. Entretanto, durante o período em que esteve na vice-governadoria nada fez para demonstrar sua existência e agora, no momento em que anseia ocupar a cadeira de governador tem solução para todos os problemas que os potiguares estão cansados de conhecer. Embora se fingindo de morto, ele também é responsável pelo fiasco em que se transformou a administração de Rosalba Ciarlini.

Não posso deixar de sentir-me profundamente envergonhada pelos eleitores que em pleno Século XXI ainda trocam votos por falsas promessas. Na eleição passada Wilma de Faria prometeu despoluir o rio Potengi, mas isso ficou no esquecimento, porque a promessa da vez é lutar pelo passe livre. E tudo permanece normal, porque ninguém diz nada, ninguém cobra nada, ninguém lembra mais nada e as promessas mentirosas seguem.

Nada muda na política potiguar, onde são mantidas as mesmas práticas dos antigos coronéis. Prova disso é que os pais vão deixando seus cargos políticos para os filhos, como é o caso de Henrique Alves, Fábio Faria, Jacó Jácome, Walter Alves e tantos outros.

Outra desgraça é a escolha para presidente. Quem haverá de tirar a vitória de Dilma, depois que Lula da Silva descobriu uma forma legal de comprar votos da população através dessas bolsas, mochilas ou sacolas? É uma lástima verificar que pela primeira vez na história da minha vida de eleitora, vou participar de uma eleição sem candidato. Não me resta alternativa a não ser ficar de luto fechado. (27.09.2014)